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Morreu neste sábado (13), aos 95 anos, o ator, diretor e pesquisador do Carnaval Haroldo Costa. A morte foi confirmada por familiares nas redes sociais do artista e produtor cultural. Ele estava internado recentemente para tratar problemas de saúde relacionados à idade.
Ao longo de mais de sete décadas de atuação artística, Haroldo Costa teve papel fundamental na valorização da cultura negra no Brasil, utilizando sua trajetória como instrumento de enfrentamento ao racismo e de preservação da memória do samba como patrimônio cultural do país.
Nascido no Rio de Janeiro, Costa integrou o Teatro Experimental do Negro (TEN), grupo fundado por Abdias do Nascimento nos anos 1940. Sua entrada no coletivo ocorreu quase por acaso, ao substituir um colega na montagem da peça O Filho Pródigo, de Lúcio Cardoso, em 1947. No TEN, aproximou-se de nomes históricos como Ruth de Souza e Milton Gonçalves.
Na carreira teatral, foi o primeiro ator negro a interpretar Jesus em uma montagem de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Também protagonizou Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes, um de seus trabalhos mais marcantes, além de ter sido o primeiro artista negro a atuar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Após divergências internas no TEN, liderou ao lado de Wanderley Batista o Grupo dos Novos, núcleo que daria origem ao Teatro Folclórico Brasileiro e, posteriormente, à companhia Brasiliana. O projeto tinha como foco a dança e a música afro-brasileiras e levou manifestações da cultura negra a palcos no Brasil e no exterior.
No cinema, Haroldo Costa dirigiu apenas um longa-metragem, Pista de Grama (1958), estrelado por Paulo Goulart e Yoná Magalhães. O filme contou com a canção Eu Não Existo sem Você, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e traz uma rara participação de Elizeth Cardoso cantando ao lado de João Gilberto. Como ator, esteve em produções como Cleo e Daniel (1970), de Roberto Freire, e Xica da Silva (1976).
Na televisão, integrou o grupo pioneiro da TV Globo nos anos 1960, onde dirigiu e produziu musicais e programas de auditório, trabalhando com nomes como Dercy Gonçalves, Chacrinha e Moacyr Franco. Também atuou em séries como Chiquinha Gonzaga (1999) e Subúrbia (2012).
Além das artes cênicas, Costa dedicou-se intensamente ao estudo do Carnaval. É autor de livros de referência sobre a festa e o samba, como Cem Anos de Carnaval no Rio de Janeiro e Salgueiro – 50 Anos de Glória, obra em que reúne crônicas sobre cada desfile da escola, além de letras, partituras e registros fotográficos.
Em 2023, participou da curadoria da exposição Heitor dos Prazeres é Meu Nome, no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro. Sua trajetória foi retratada no documentário Haroldo Costa, O Nosso Orfeu, dirigido por Silvio Tendler e lançado em 2015.
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