Alerj abre sessão sob comando de Delaroli e evita menções à prisão de Bacellar

Alerj abre sessão sob comando de Delaroli e evita menções à prisão de Bacellar

Base governista se divide entre votar projetos do Executivo em regime de urgência ou esvaziar o plenário em apoio político ao presidente afastado da Casa

A sessão plenária da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) desta quarta-feira (3) começou com atraso, por volta das 15h15, e foi marcada pelo silêncio absoluto sobre a prisão do presidente da Casa, Rodrigo Bacellar, detido pela Polícia Federal nas primeiras horas da manhã. Coube ao presidente em exercício, deputado Guilherme Delaroli, abrir os trabalhos — sem discursos, declarações ou qualquer menção ao colega.

Delaroli apenas leu a pauta e iniciou imediatamente as votações, postura replicada pelos demais parlamentares. Nos bastidores, porém, a tensão era evidente: conversas discretas e reuniões improvisadas marcaram os minutos que antecederam a sessão, iniciada com quórum elevado.

Entre os presentes no plenário estava o procurador-geral do Estado, Renan Saad, cumprimentado por diversos deputados ao chegar. Durante a votação, o deputado Rodrigo Amorim fez um discurso destacando a relação institucional entre a Alerj e a Procuradoria-Geral do Estado, mas também evitou citar a crise envolvendo Bacellar.

— Tornou-se muito saudável a relação com a PGE. Temos muitos temas nesta Casa que são pertinentes à atuação da Procuradoria. Registro aqui a integração absoluta e reconheço o grande trabalho dos procuradores e servidores — afirmou Amorim, direcionando elogios à presença do procurador-geral.

Divisão interna

Antes do início oficial da sessão, um intenso debate tomou conta da base aliada. Parte dos parlamentares defendia a manutenção dos trabalhos devido à presença de dois projetos estratégicos do Executivo na pauta, ambos em regime de urgência e em discussão única:

Projeto de Lei Complementar nº 44/2025, que altera a Lei Orgânica da Procuradoria-Geral do Estado;

Projeto de Lei nº 6660/2025, que modifica o plano de cargos das carreiras da PGE.


As matérias ainda aguardam pareceres de comissões como Constituição e Justiça, Servidores Públicos e Orçamento.

Outra ala defendia esvaziar o plenário como gesto simbólico de solidariedade a Bacellar, afastado do cargo após determinação judicial. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, esse movimento estaria sendo articulado pelo deputado Rodrigo Amorim, que desde cedo atua na linha de frente das conversas internas.

Delaroli busca orientação jurídica

Enquanto a base política tenta se reorganizar, Guilherme Delaroli — agora presidente interino da Alerj — aguarda orientações formais sobre os efeitos da decisão judicial que levou à prisão de Bacellar. Ele deve se reunir ainda hoje com a Procuradoria da Casa para entender os impactos sobre o funcionamento do Legislativo e definir os próximos passos.

Nos corredores, a avaliação é de que a turbulência causada pela operação da Polícia Federal deve influenciar diretamente a agenda desta semana — tanto nas votações quanto nas articulações internas — à medida que o Legislativo tenta equilibrar protocolos institucionais e pressões políticas.

Por Jornal da República em 03/12/2025
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