Audiência na Câmara do Rio sobre 8 de janeiro tem críticas a Moraes, denúncias de perseguição e denúncia de Carlos Bolsonaro

Audiência na Câmara do Rio sobre 8 de janeiro tem críticas a Moraes, denúncias de perseguição e denúncia de Carlos Bolsonaro


A Comissão de Direitos Humanos da Câmara do Rio transformou, na noite desta segunda-feira (11), o plenário do Palácio Pedro Ernesto em tribuna contra as prisões e condenações de envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. O encontro, batizado de “Rio de Janeiro contra a Censura”, foi conduzido pelo presidente Marcos Dias (Podemos) e pelo vice Rafael Satiê (PL), com presença de parlamentares e figuras do PL, Podemos e Novo.

O clima foi marcado por críticas diretas ao ministro Alexandre de Moraes, à condução dos processos no STF e relatos pessoais de perseguição. O público, que lotou a galeria, reagia com gritos de “Fora Moraes” e “Volta Bolsonaro” a cada fala mais dura.

Dias iniciou afirmando que “vivemos um tempo em que o errado quer se tornar certo” e que “eles não conseguirão”. Enquanto Satiê chamou as prisões de “injustas” e destacou que a comissão “não abrirá mão de expor a verdade”:

“Nossa postura é firme, coerente e respeitosa. Estamos aqui para brigar pelo que é justo: o direito fundamental da liberdade do indivíduo. Liberdade não precisa de autorização judicial”, disse o vereador, lembrando que o ato segue o modelo de outras câmaras municipais, como Curitiba, Recife e Feira de Santana, que também abraçaram a pauta.

A participação de Carlos Bolsonaro (PL), por videoconferência, foi uma das mais longas e polêmicas. Ele relatou intimidações da Polícia Federal após críticas à gestão de segurança e narrou um episódio envolvendo o FBI em 2022, quando, segundo ele, dados pessoais de sua esposa e de sua filha recém-nascida nos EUA teriam sido acessados indevidamente.

“Isso é perseguição clara, que começou muito antes de 8 de janeiro. O FBI questionou o endereço que eu usava quando acompanhava a gravidez da minha filha, insinuando falsidade. E a imprensa jamais contou essa história”, afirmou.

O vereador enfatizou ainda, na sua visão, o país não vive tempos de normalidade democrática. “Tem mais de 500 presos, pessoas inocentes que poderiam ser, no máximo, baderneiros. Eles estão sendo condenados a 14, 17 anos de prisão, sem individualização da pena. Isso é uma ilegalidade absurda”, sublinhou o parlamentar. 

Alexandre Ramagem (PL-RJ) vinculou a pauta da anistia à defesa da liberdade de expressão e citou exemplos internacionais de violência política, como o assassinato do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe e a tentativa de assassinato de Donald Trump.

“Se não há liberdade de expressão, não há contestação, não há oposição e não há democracia. Jair Bolsonaro é pré-candidato em 2026 e vamos lutar pelo fim da censura e da perseguição”, disse, sendo aplaudido.

Vanessa Navarro, ativista presente na audiência, relatou restrições nas redes sociais desde 2016 por apoiar Bolsonaro. “Nunca publiquei fake news, mas sofri perseguição e hoje tenho dificuldade para usar minhas redes”, afirmou.

Também participaram o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), que defendeu o fim do foro privilegiado, a deputada Chris Tonietto (PL-RJ), o vereador Dr. Rogério Amorim (PL), o jornalista Marco Antonio Costa e os advogados Jeffrey Chiquini (Curitiba) e Cláudio Luis Caivano (SP).

Por Jornal da República em 12/08/2025
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