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Presidente do Flamengo descarta pressa para construção da arena no Gasômetro e prioriza estabilidade financeira sobre projeto de R$ 2,5 bilhões que pode comprometer desempenho esportivo
O presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, jogou um balde de água fria nos sonhos da torcida rubro-negra ao anunciar que o clube não tem pressa para construir seu estádio próprio no centro do Rio de Janeiro.
Durante entrevista em Nova Jersey, nos Estados Unidos, onde o time disputa o Mundial de Clubes, o dirigente foi categórico ao afirmar que jamais tomará decisões baseadas em emoção e que o projeto só sairá do papel quando houver absoluta certeza de que não comprometerá a performance esportiva nem forçará o clube a virar SAF.
Com 19 anos restantes de contrato no Maracanã, Bap considera que há tempo suficiente para amadurecer o projeto, que já se mostra mais caro e demorado do que inicialmente previsto.
O presidente usou o Corinthians como exemplo negativo, lembrando que o clube paulista conquistou Libertadores e Mundial em 2012, mas desde a construção de seu estádio não repetiu grandes feitos esportivos, servindo como lição sobre os riscos de priorizar infraestrutura sobre competitividade.
Orçamento explode e cronograma desmorona com realidade dos custos
Os estudos preliminares do estádio do Flamengo revelaram uma realidade bem diferente da apresentada no pomposo lançamento do projeto no ano passado. Bap confirmou que quatro empresas estão avaliando os trabalhos iniciais e todas chegaram à mesma conclusão desanimadora: o projeto custará mais caro e demorará mais tempo do que o previsto originalmente.
O orçamento, que já estava estimado em cerca de R$ 2,5 bilhões, pode crescer ainda mais, enquanto o cronograma que previa início das obras em 2025 e inauguração em 2029 foi completamente abandonado.
A diferença entre expectativa e realidade ficou evidente quando Bap ironizou a sugestão de usar os US$ 2 milhões da premiação do Mundial para ajudar no projeto de US$ 500 milhões, comparando a situação com alguém que quer construir uma casa em Angra e já tem uma bicicleta.
Esta disparidade de valores evidencia a magnitude do desafio financeiro que o clube enfrentará para tirar o projeto do papel sem comprometer sua saúde financeira e competitividade esportiva.
Prefeitura aguarda definições enquanto projeto patina sem prazo
A Prefeitura do Rio de Janeiro permanece em compasso de espera, aguardando que o Flamengo apresente o projeto definitivo do estádio e do plano de revitalização do entorno do Gasômetro.
Apesar do termo de compromisso assinado em novembro de 2024 pelo prefeito Eduardo Paes, que prevê apoio público de até R$ 1 bilhão para a obra, o clube solicitou um tempo indefinido para avaliar a viabilidade do empreendimento. Fontes ligadas ao município garantem que as negociações seguem de forma tranquila e que o projeto não foi abandonado, mas a ausência de prazos concretos gera incerteza sobre o futuro da iniciativa.
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio (CAU-RJ), Sydnei Menezes, destacou que a principal preocupação é com a infraestrutura da região, especialmente o acesso e o fluxo de automóveis e pedestres, que exigirá estudos complexos de impacto no entorno. A indefinição atual contrasta com o otimismo inicial, quando se falava em início das obras ainda em 2025.
Lição do Corinthians serve de alerta sobre riscos do endividamento
Bap foi direto ao citar o Corinthians como exemplo do que não fazer na construção de um estádio próprio. O presidente relembrou que o clube paulista estava no auge em 2012, conquistando Libertadores e Mundial, e seus torcedores prometiam que o novo estádio os tornaria ainda mais poderosos.
No entanto, desde a inauguração da Neo Química Arena, o Corinthians não repetiu grandes conquistas internacionais e enfrentou sérias dificuldades financeiras relacionadas ao endividamento da obra. Esta comparação ilustra perfeitamente os riscos que Bap quer evitar no Flamengo: sacrificar a competitividade esportiva em nome de um projeto de infraestrutura.
O dirigente enfatizou que aprender com a experiência própria é prova de inteligência, mas aprender com a dos outros é prova de sabedoria, demonstrando sua intenção de não repetir os erros alheios. A cautela do presidente reflete uma gestão mais conservadora, que prioriza a sustentabilidade financeira e esportiva sobre projetos grandiosos que podem comprometer o futuro do clube.
Terreno do Gasômetro custou R$ 138 milhões após disputa judicial
O Flamengo desembolsou R$ 138,1 milhões para adquirir o terreno no Gasômetro após uma complexa disputa judicial com a Caixa Econômica Federal.
O processo de aquisição foi marcado por entraves legais, já que o terreno havia sido cedido pela União ao município em 2013 e posteriormente vendido a um fundo da Caixa.
O banco questionou na Justiça o decreto de desapropriação da Prefeitura, alegando que o valor pago estava muito abaixo do mercado, que estimava a área em R$ 250 milhões. O impasse só foi resolvido em outubro de 2024, após mediação da Advocacia-Geral da União (AGU), que viabilizou um acordo entre todas as partes envolvidas. Apesar de ter o terreno em mãos, o clube agora enfrenta o desafio ainda maior de viabilizar financeiramente a construção do estádio sem comprometer sua operação.
O investimento já realizado na compra do terreno representa apenas uma pequena fração do que será necessário para completar o projeto, evidenciando a magnitude do desafio à frente.
Estratégia conservadora prioriza sustentabilidade sobre emoção torcedora
A abordagem de Bap para o projeto do estádio reflete uma filosofia de gestão baseada em racionalidade financeira em detrimento da pressão emocional da torcida. O presidente foi enfático ao afirmar que jamais toma decisões importantes baseadas em emoções, citando experiências pessoais negativas quando agiu dessa forma. Esta postura conservadora pode frustrar torcedores ansiosos pelo estádio próprio, mas demonstra responsabilidade fiscal e visão de longo prazo.
Com 19 anos restantes de contrato no Maracanã, Bap considera que há tempo suficiente para estruturar adequadamente o projeto sem pressa que possa levar a decisões precipitadas. A estratégia inclui fortalecer o caixa do clube através de conquistas esportivas consistentes antes de se comprometer com um investimento de tal magnitude.
O presidente deixou claro que o estádio é importante e representa um sonho, mas não pode ser perseguido a qualquer custo, especialmente se isso significar transformar o Flamengo em SAF ou prejudicar sua competitividade. Esta abordagem pragmática pode ser menos popular, mas é potencialmente mais segura para o futuro da instituição.
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