Cessar-fogo entre Israel e Irã entra em colapso horas após anúncio de Trump

Cessar-fogo entre Israel e Irã entra em colapso horas após anúncio de Trump

Um cessar-fogo histórico anunciado por Donald Trump entre Israel e Irã durou menos de três horas antes de ser comprometido por acusações cruzadas e ataques. Apesar do apoio inicial ao acordo por parte dos dois países, a trégua rapidamente foi ofuscada por novas hostilidades, colocando em dúvida a estabilidade do pacto promovido pela Casa Branca.

O governo israelense confirmou ter aceitado a proposta de cessar-fogo divulgada por Trump na noite de segunda-feira, e o Irã também indicou adesão ao plano. No entanto, horas após o início da trégua, o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acusou Teerã de violar o acordo ao lançar mísseis contra o território israelense. Em resposta, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarou ter ordenado ataques intensivos contra alvos no coração da capital iraniana.

“Instruí as Forças de Defesa de Israel a responder vigorosamente à violação do cessar-fogo por parte do Irã, por meio de ataques intensos contra a infraestrutura do regime em Teerã”, afirmou Katz nas redes sociais, por volta das 6h44 da manhã (horário de Brasília).

Do lado iraniano, o Conselho Supremo de Segurança Nacional negou qualquer violação e manteve a versão de que o Irã permanece comprometido com o cessar-fogo. No entanto, acusou Israel de ter assassinado mais um cientista nuclear iraniano, Mohammad Reza Seddighi Saber, antes mesmo da entrada em vigor do acordo. O regime iraniano também assumiu a responsabilidade por ataques contra uma base dos EUA no Qatar e afirmou ter respondido proporcionalmente às agressões sofridas em seu território.

O cessar-fogo foi anunciado por Trump após quase duas semanas de confronto direto entre Israel e Irã. Segundo o governo israelense, a decisão de aceitar a trégua foi tomada após o cumprimento de todos os objetivos militares da chamada "Operação Rising Lion", que teria eliminado ameaças existenciais, como o programa nuclear iraniano e seus mísseis balísticos.

"Israel agradece ao presidente Trump e aos Estados Unidos por seu apoio e participação na eliminação da ameaça nuclear iraniana", disse o governo em comunicado oficial. Apesar do tom vitorioso, o gabinete de Netanyahu deixou claro que qualquer violação ao acordo seria respondida com força.

Pouco após o início da trégua, sirenes de alerta foram ouvidas no norte de Israel, onde duas explosões indicaram tentativas de ataque. O governo israelense afirmou ter interceptado os mísseis iranianos e responsabilizou diretamente Teerã. Além disso, relatou que, durante a madrugada, outros mísseis danificaram prédios residenciais em Beersheba, matando quatro civis.

Enquanto isso, diplomatas internacionais ouvidos pelo UOL classificaram o status do cessar-fogo como uma “grande incógnita”. A expectativa entre negociadores é de que as ações de ambos os lados sejam apenas demonstrações de força antes da efetiva consolidação da trégua.

Na outra ponta, o Irã insiste que está pronto para responder a qualquer nova agressão. “As forças armadas da República Islâmica do Irã, sem qualquer confiança nas palavras do inimigo e com as mãos no gatilho, estão prontas para dar uma resposta decisiva e dissuasiva”, declarou o Conselho de Segurança iraniano.

Apesar das declarações públicas e dos apelos de Trump nas redes sociais para que o cessar-fogo seja respeitado, a situação permanece instável. A Agência Internacional de Energia Atômica celebrou a trégua e convidou Teerã para novas negociações sobre o futuro do programa nuclear iraniano, mas as perspectivas ainda são nebulosas.

Com os dois lados mantendo posições firmes e sem sinais claros de recuo, o acordo que poderia representar um passo importante para a paz no Oriente Médio se vê ameaçado antes mesmo de sair do papel.

 

Fonte: Uol

Por Jornal da República em 24/06/2025
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