De jaleco branco a prefeita: A jornada da Dra. Monalisa Tavares no mundo dos homens

Apenas 14%: O grito sufocado das mulheres na política municipal

De jaleco branco a prefeita: A jornada da Dra. Monalisa Tavares no mundo dos homens

Mergulhando nas profundezas do poder municipal, onde o caldo feminino ainda engrossa lentamente

Em meio a um mar de ternos escuros e gravatas listradas que inundou Brasília esta semana, encontrei um fenômeno tão raro quanto precioso: mulheres prefeitas. Como agulha no palheiro, elas representam apenas 14% dos cargos eletivos no Brasil. Monalisa Tavares, prefeita de Ibicaraí (BA), é uma dessas pérolas raras que, como diz o ditado, "vale mais que ouro".

Médica de formação e no terceiro mandato à frente do município baiano de 23 mil habitantes, Monalisa me recebeu para uma conversa franca sobre o que significa ser mulher num universo dominado por homens. "Quem não arrisca, não petisca", parece ser seu lema não declarado.

"Na Bahia, somos 61 prefeitas num universo de 417 municípios", revela ela, enquanto observamos o vai e vem de prefeitos nos corredores do evento. "Mais da metade das mulheres prefeitas baianas estão aqui porque, como dizem por aí, 'a união faz a força'", afirma com um sorriso que esconde anos de batalhas políticas.

Enquanto caminhamos pelo evento, percebo olhares curiosos em nossa direção. Monalisa não se abala. "Quem tem boca vai a Roma", comenta ela, referindo-se à importância de se fazer ouvir nos espaços de poder. Como diretora da mulher municipalista na União dos Municípios da Bahia (UPB), ela aprendeu que "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura".

A DANÇA DOS RECURSOS: PEQUENOS MUNICÍPIOS, GRANDES DESAFIOS

"Santo de casa não faz milagre", desabafa Monalisa quando pergunto sobre as dificuldades enfrentadas pelos pequenos municípios. "Precisamos de apoio federal, é preciso dividir melhor esses recursos. Afinal, é nos municípios que o Brasil acontece."

Entre cafés e conversas apressadas com outros gestores, ela me explica sobre a PEC 66, que limita o percentual descontado das dívidas anteriores aos mandatos atuais. "É como diz o ditado: 'não adianta chorar sobre o leite derramado'. Precisamos de soluções para seguir em frente."

Observo que, enquanto fala, Monalisa mantém uma postura firme, mas acolhedora. Diferente de muitos colegas homens que parecem mais interessados em aparecer nas fotos oficiais, ela está genuinamente preocupada com questões práticas. "Filho de peixe, peixinho é", penso comigo mesmo, imaginando que sua formação como médica talvez explique essa abordagem pragmática.

O TOQUE FEMININO: MAIS QUE UM DETALHE, UMA REVOLUÇÃO SILENCIOSA

"As cidades governadas por mulheres têm crescido mais, têm se desenvolvido mais", afirma Monalisa com convicção. Quando questiono sobre o diferencial da gestão feminina, ela não hesita: "A mulher é multi, tem condição de fazer um trabalho bom. É mais organizada, talvez pelo planejamento que já fazemos na distribuição dos recursos financeiros em casa."

Enquanto a observo interagindo com outros prefeitos, noto que Monalisa não tenta imitar o estilo masculino de liderança. Ela traz consigo uma abordagem própria, demonstrando que "cada macaco no seu galho" pode significar respeitar diferentes estilos de gestão.

Com quase 30 mil seguidores no Instagram (@dra.monalisatavares), a prefeita utiliza as redes sociais para divulgar seu trabalho e inspirar outras mulheres. "É de pequeno que se torce o pepino", comenta sobre a importância de incentivar jovens mulheres a ingressarem na política desde cedo.

Ao final de nossa conversa, Monalisa precisa correr para mais uma reunião. Antes de partir, deixa um recado: "Para quem sabe ler, um pingo é letra. Precisamos de mais mulheres na política, não porque somos melhores, mas porque somos diferentes. E essa diferença enriquece a democracia."

Enquanto a vejo se afastar, misturando-se novamente ao mar de ternos escuros, penso que talvez o velho ditado esteja certo: "Devagar se vai ao longe". A revolução feminina na política brasileira pode ser lenta, mas parece inevitável. E Monalisa Tavares é prova viva de que, como diz o povo, "quem espera sempre alcança".

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Por Jornal da República em 01/06/2025
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