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Mudança de comando em Itaguaí: Haroldinho Jesus assume prefeitura e promove reformulação completa na administração
A cidade de Itaguaí, na Baixada Fluminense, vive mais um capítulo de instabilidade política com o retorno de Haroldinho Jesus (PDT) ao comando da prefeitura. O presidente da Câmara de Vereadores assumiu novamente o cargo de prefeito interino após decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que revogou a liminar que garantia a permanência de Dr. Rubão (Podemos) no poder. A mudança marca o início de uma nova fase administrativa que promete reformular completamente a estrutura municipal.
Em sua primeira medida como prefeito em exercício, Haroldinho Jesus promoveu uma verdadeira "faxina geral" na administração municipal. Por meio de decreto publicado no Diário Oficial desta sexta-feira (28), o novo gestor exonerou todo o secretariado da gestão anterior, incluindo secretários municipais, procurador-geral, controlador-geral e o presidente do ITAPREVI, órgão previdenciário dos servidores municipais. A decisão demonstra a intenção de implementar mudanças profundas na estrutura administrativa da cidade.
Segundo o decreto assinado por Haroldinho, a exoneração em massa visa "adequar a máquina pública" às necessidades da nova administração. Esta não é a primeira vez que o presidente da Câmara adota tal medida ao assumir interinamente a prefeitura. Em janeiro deste ano, quando já havia ocupado o cargo, o parlamentar demitiu mais de 2 mil funcionários da prefeitura, entre cargos comissionados e de chefia, sinalizando seu estilo de gestão baseado em reformulações estruturais.
A decisão judicial que resultou no afastamento de Dr. Rubão e no retorno de Haroldinho representa mais um episódio da complexa disputa pelo comando de Itaguaí. O ministro Dias Toffoli revogou a liminar que havia garantido a posse do prefeito eleito, criando um cenário de incerteza que se arrasta desde o início do ano. Esta "dança das cadeiras" na prefeitura reflete as controvérsias jurídicas que envolvem a elegibilidade de Dr. Rubão para um possível terceiro mandato.
Histórico de disputas judiciais marca a política local
A trajetória política de Dr. Rubão em Itaguaí é marcada por controvérsias e disputas judiciais que se estendem há anos. O político assumiu pela primeira vez o comando da prefeitura em 2020, quando era vereador e ocupou o cargo como interino. No mesmo ano, conseguiu se eleger prefeito nas eleições regulares, iniciando seu primeiro mandato oficial. Em 2024, tentou a reeleição e saiu vitorioso com 39% dos votos válidos, mas sua posse foi questionada judicialmente.
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) suspendeu a eleição de Dr. Rubão por entender que ele estaria exercendo um terceiro mandato consecutivo, o que contraria a Constituição Federal. Esta interpretação levou em consideração tanto o período como interino quanto o mandato oficial, criando um impasse jurídico que se arrasta há meses. A decisão do TRE fundamentou-se no princípio constitucional que impede a reeleição para um terceiro mandato consecutivo no mesmo cargo.
Por conta desta suspensão, Haroldinho Jesus, na condição de presidente da Câmara de Vereadores, assumiu a prefeitura em 1º de janeiro de 2025, conforme prevê a legislação para casos de impedimento do prefeito eleito. Ele permaneceu no comando da cidade até junho, quando Dr. Rubão conseguiu uma liminar favorável que lhe permitiu retomar o cargo. Durante este período, a administração municipal enfrentou desafios significativos relacionados à continuidade de projetos e políticas públicas.
A liminar obtida por Dr. Rubão em junho permitiu que ele retornasse ao cargo e implementasse sua agenda de governo por alguns meses. No entanto, a revogação desta decisão pelo STF nesta quinta-feira (27) marca uma nova reviravolta no caso, devolvendo o comando da prefeitura a Haroldinho Jesus. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda deve se pronunciar definitivamente sobre a situação, podendo determinar a realização de novas eleições no município.
Críticas às obras paralisadas geram tensão política
Durante a cerimônia de posse realizada na Câmara de Vereadores, Haroldinho Jesus evitou ataques diretos ao seu antecessor, mas não poupou críticas à condução de importantes projetos de infraestrutura durante a gestão de Dr. Rubão. O prefeito interino manifestou sua decepção com a paralisação de obras essenciais para a população, especialmente na área da saúde, demonstrando as diferentes prioridades entre as duas administrações.
"Como eu fiquei triste de saber que o Hospital do Olho foi embora sem ter inaugurado. Como eu fiquei triste de saber que a clínica de hemodiálise e o centro de imagem não deram andamento", declarou Haroldinho durante seu discurso de posse. Estas declarações evidenciam as divergências sobre a condução de projetos estratégicos para o município e sugerem que a nova gestão priorizará a retomada destas obras.
Particularmente crítico foi o comentário sobre a não execução da obra da maternidade municipal, projeto que, segundo o prefeito interino, possui recursos já disponibilizados mas não teve início durante a gestão anterior. "Como eu fico triste de saber que a gente não começou a obra da tão sonhada maternidade a qual eu nasci, que já tá com o dinheiro na conta e não deram início a essa obra", afirmou, demonstrando o caráter pessoal e político desta crítica.
Apesar das críticas contundentes às obras paralisadas, Haroldinho Jesus adotou um tom conciliador ao afirmar que não pretende "remover mágoas pessoais" durante sua gestão. Esta postura sugere uma tentativa de focar na administração municipal sem aprofundar as disputas políticas que marcaram os últimos meses. A estratégia pode ser vista como uma forma de legitimizar sua gestão interina e construir consensos necessários para governar.
Resposta de Dr. Rubão revela estratégia de resistência
Diante do novo afastamento, Dr. Rubão adotou uma postura de serenidade pública, mas deixou claro que não pretende aceitar passivamente a decisão judicial. Em nota oficial, o prefeito afastado informou que recebeu a notícia "com serenidade" e que continuará buscando reverter a situação através dos meios legais disponíveis. Esta resposta indica que a disputa judicial está longe de chegar ao fim.
"Continuarei defendendo a vontade das urnas e aguardando os próximos passos com tranquilidade", declarou Dr. Rubão, enfatizando sua legitimidade eleitoral e sinalizando que recorrerá da decisão do STF. A estratégia do político parece ser a de manter-se como uma alternativa viável ao comando da prefeitura, baseando-se no fato de ter sido eleito democraticamente pela população de Itaguaí.
A referência à "vontade das urnas" representa um argumento central na defesa de Dr. Rubão, que busca contrapor a legitimidade democrática às questões jurídicas que envolvem sua elegibilidade. Esta narrativa pode ser importante para manter sua base política mobilizada e pressionar por uma solução favorável no TSE. O político demonstra confiança de que conseguirá reverter a situação através dos recursos cabíveis.
Impactos na administração municipal e serviços públicos
A constante alternância no comando da prefeitura de Itaguaí gera preocupações sobre a continuidade dos serviços públicos e o desenvolvimento de políticas de longo prazo. A exoneração em massa promovida por Haroldinho Jesus, embora justificada pela necessidade de adequação administrativa, pode resultar em descontinuidade de projetos e programas que estavam em andamento durante a gestão anterior.
A experiência anterior de Haroldinho como prefeito interino, quando demitiu mais de 2 mil funcionários, sugere que mudanças significativas na estrutura administrativa são características de seu estilo de gestão. Estas alterações, embora possam trazer renovação e eficiência, também podem gerar instabilidade temporária nos serviços prestados à população. A capacidade de manter a qualidade dos serviços durante a transição será um teste importante para a nova administração.
Os servidores municipais e a população de Itaguaí vivem um momento de incerteza, não sabendo se as mudanças implementadas por Haroldinho terão continuidade ou se uma nova reviravolta judicial pode alterar novamente o cenário. Esta instabilidade política pode afetar a confiança da população na administração municipal e dificultar o planejamento de médio e longo prazo para a cidade.
A situação de Itaguaí exemplifica como disputas jurídicas podem impactar diretamente a governabilidade municipal e a vida dos cidadãos. Enquanto o TSE não se pronunciar definitivamente sobre o caso, a cidade continuará vivendo sob a incerteza de possíveis novas mudanças no comando da prefeitura, o que pode prejudicar o desenvolvimento de políticas públicas consistentes e duradouras.
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