Empresário Alexandre Ceotto, ex-secretário do Rio, é investigado por crime com uso de máscara realista

Advogado criminalista Luís Maurício Galda se disfarçou com máscara realista — Divulgação – PCERJ

Empresário Alexandre Ceotto, ex-secretário do Rio, é investigado por crime com uso de máscara realista

Alexandre já tentou eleição a prefeito e vereador em Niterói I Reprodução

O empresário e ex-subsecretário de Estado do Rio de Janeiro, Alexandre Ceotto André, é um dos protagonistas do caso que tem intrigado moradores de Niterói, na Região Metropolitana: um furto com uso de uma máscara realista para se passar por outra pessoa em um apart-hotel de luxo. O suspeito é investigado pela Polícia Civil por articular o crime e teve o mandado de prisão expedido pela Justiça no fim da manhã desta terça-feira (13).

Conhecido no meio político local, Ceotto foi candidato a vice-prefeito de Niterói em 2020 e anunciou pré-candidatura à Câmara Municipal em 2024. Ele presidia o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) na cidade antes da fusão da legenda com o Patriota, que originou o novo partido Partido Renovação Democrática (PRD).

Partido Renovação Democrática (PRD) foi procurado pela reportagem para esclarecer se Alexandre Ceotto ainda possui vínculo ativo com a legenda e se vinha participando de atividades internas nos últimos meses. Até o momento, não houve retorno.

Segundo o especialista em segurança pública Nelson Andrade, policial civil aposentado do Rio de Janeiro e tutor da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), o caso choca pela sofisticação do método:

“A população se surpreende com crimes tecnológicos porque, em geral, as pessoas de bem não compreendem como a tecnologia pode ser usada para o mal. Já os criminosos, se atualizam constantemente. Exemplos disso são os golpes envolvendo bancos, INSS e, recentemente, o uso de máscaras de silicone para furtos — um crime realista que impacta por sua audácia”, explica.

Na operação da Polícia Civil, Alexandre é acusado de mentorear o furto ao imóvel com o uso de uma máscara de silicone que simulava outro hóspede, um recurso digno de filme. As investigações apontam que ele teria atuado ao lado do advogado criminalista Luís Maurício Martins Galda, que teria “vestido a máscara”.

Alexandre Ceotto tem formação em Administração de Empresas pela Universidade Santa Úrsula e um MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas. Sua trajetória combina iniciativas no setor público e privado. Atuou como diretor de desenvolvimento na Secretaria de Planejamento e Gestão do Governo do Estado do Rio e como Subsecretário de Relacionamento Institucional desde janeiro de 2019.

Na iniciativa privada, foi diretor administrativo da Scon Empreendimentos e da Portare Real Estate, onde também figura como sócio. Nas redes sociais, ele se apresenta como faixa-preta 7º Dan e afirma ter recebido o Mérito Juscelino Kubitschek. Idealista nato, o investigado utiliza das redes para debater temas de interesse público como mobilidade urbana, transporte, educação e gestão dos recursos públicos em Niterói.

Conforme Andrade, o envolvimento de figuras públicas em crimes tem efeitos institucionais diretos.

“Quando figuras públicas, como policiais ou artistas, se envolvem em crimes, isso abala a confiança da população nas instituições. Pessoas públicas devem ser exemplos. Suas atitudes nocivas mancham a imagem das instituições às quais pertencem. É essencial que corregedorias atuem com firmeza, punindo qualquer um que transgrida o regulamento profissional, independentemente da profissão”.

Além disso, o especialista aponta que a visibilidade dos investigados e o poder político podem interferir no ritmo e no desfecho dos processos.

“A exposição pública de investigados varia conforme o poder e os recursos financeiros do indivíduo. Quanto mais influente a pessoa e mais dinheiro envolvido, mais lento tende a ser o andamento do processo e a resposta das instituições — incluindo OAB, partidos políticos e órgãos públicos”, esclarece.

Criminoso de máscara

A investigação da Polícia Civil aponta que o crime teria sido executado com apoio direto do advogado criminalista Luís Maurício Martins Galda, que teria usado a máscara de silicone para se passar pelo verdadeiro hóspede do apart-hotel e acessar o local. O advogado criminalista, por sua vez, tem atuação no Rio de Janeiro.

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Rio de Janeiro (OAB-RJ) informou, em nota, que a Corregedoria da OAB-RJ vai enviar um ofício à Polícia Civil, solicitando cópia do inquérito para instaurar processo disciplinar a fim de apurar a conduta do advogado.  

Fonte Agenda do Poder

Por Jornal da República em 14/05/2025
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