Entregador recebeu mensagem para cancelar o pedido após ser baleado por policial penal

Caso no Rio de Janeiro expõe violência contra entregadores de aplicativos: motoboy baleado por policial penal recebeu mensagem de cancelamento enquanto agonizava na portaria do condomínio

Entregador recebeu mensagem para cancelar o pedido após ser baleado por policial penal

O episódio de violência envolvendo um entregador do iFood baleado por um policial penal ganhou mais um capítulo. Valério de Souza Júnior, trabalhador de aplicativo, foi atingido no pé após recusar-se a subir até o apartamento do cliente para entregar o pedido. Enquanto sangrava na portaria do condomínio, recebeu pelo chat do aplicativo uma mensagem pedindo o cancelamento da entrega. “Estou aqui no chão sangrando e você tentando cancelar o pedido?”, escreveu, em desespero.

Segundo a Polícia Civil, a confusão começou quando a cliente pediu que o entregador fosse até o bloco do prédio. Valério se recusou, alegando que as normas do iFood determinam que a entrega seja feita no portão do condomínio. O policial penal Gustavo Ferrarini, que estava no apartamento, desceu alterado e exigiu o pedido sem apresentar o código de retirada. Diante da negativa, atirou no pé do entregador. Mesmo ferido, Valério ainda tentou explicar que era morador do local e chamou ajuda de vizinhos.

Tentativa de cancelamento aumenta indignação

As mensagens analisadas pela polícia mostram que, minutos depois do disparo, foi feito um pedido de cancelamento pelo celular da esposa do agente. Para os investigadores, a ação pode ter sido uma tentativa de encobrir o crime.

O entregador, incrédulo, respondeu imediatamente denunciando a situação. O caso aconteceu no conjunto habitacional Merck, em Jacarepaguá, e mobilizou protestos de colegas de profissão, que exigem mais segurança e respeito durante as entregas.

Vanessa será intimada a depor na 32ª DP (Taquara) que apura o caso e explicar essa situação. O marido, o policial penal José Rodrigo da Silva Ferrarini foi preso no domingo (31).

O iFood repudiou a violência e afirmou que os entregadores não são obrigados a subir até apartamentos. A empresa destacou sua campanha “Bora Descer”, lançada em 2024, que incentiva moradores de condomínios a buscar seus pedidos na portaria. A plataforma também informou que oferecerá assistência jurídica e psicológica a Valério, que ainda não sabe quando poderá voltar ao trabalho, já que a bala permanece alojada em seu pé.

Via Agenda do Poder

Por Jornal da República em 02/09/2025
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