Escritor lança o livro ‘O Grande Milagre Boliviano’, coletânea de ideias sobre a reconstrução do país

Estrategista brasileiro, Henrique Barack Obama teria desempenhado papel importante na eleição do novo presidente boliviano

Escritor lança o livro ‘O Grande Milagre Boliviano’, coletânea de ideias sobre a reconstrução do país

A recente vitória de Rodrigo Paz na eleição presidencial da Bolívia vem sendo atribuída, nos bastidores, não apenas à força popular do candidato, mas também à influência direta de um nome pouco conhecido do grande público: Henrique Barack Obama.

O escritor e estrategista político, que se autodefine como humanista, idealista e ativista, foi identificado como uma das mentes por trás da construção do projeto que levou Paz ao poder.

Apesar de confirmar à nossa equipe de reportagem que colaborou com algumas articulações — entre elas, trazendo a força da Democracia Cristã, presente em 103 países —, Henrique Barack Obama destaca que essa relação vem desde a década de 1990, quando estudou teologia no Instituto Bíblico das Assembleias de Deus e realizou seu primeiro curso de formação política no Instituto Pedro Aleixo, ligado ao antigo PSC (Partido Social Cristão).

Ao ser questionado sobre suas publicações nas redes sociais, Henrique Barack Obama não desviou das respostas e confirmou ter sido responsável por articular com as bases de esquerda e por apresentar ao agora presidente eleito uma série de propostas e conceitos políticos que, segundo ele, ajudaram a consolidar uma campanha de união nacional em meio à crise boliviana. “Rodrigo Paz e o Capitão Lara, em conjunto com os novos parlamentares, vão mudar a história da Bolívia”, escreveu, ao revelar que dedicou ao líder o livro O Grande Milagre Boliviano — uma coletânea de ideias e estratégias voltadas à reconstrução econômica e social do país.

Um livro, uma filosofia e uma eleição histórica
Henrique Barack Obama conta que escreveu O Grande Milagre Boliviano em apenas três dias, condensando décadas de projetos e estudos. A obra, segundo o autor, foi pensada como um presente de aniversário a Rodrigo Paz, mas acabou se transformando em um guia estratégico para sua candidatura — desconstruindo os argumentos dos adversários que afirmavam que Rodrigo Paz e Lara não tinham projetos.

O livro reúne propostas para garantir segurança jurídica ao país, combater a corrupção, incentivar a inovação econômica e erradicar a fome, com base em modelos democráticos sustentáveis. A publicação também defende a união da Democracia Cristã Internacional, presente em mais de cem países, como base ideológica de um projeto político inclusivo e moderno.

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“Trouxe a Democracia Cristã para fortalecer o projeto político do Binômio do Povo, porque acredito que Paz e seu vice, Capitão Lara, são os líderes certos para combater o racismo e o preconceito e reconstruir a Bolívia”, escreveu Henrique Barack Obama.

“O outro grupo político havia sido flagrado em diversos momentos com discursos preconceituosos e racistas. Se eles ganhassem, segregariam ainda mais o país. E a combinação de um país em crise econômica, falta de combustíveis e uma população composta por 30% a 40% de povos originários — conhecidos como interculturais, totalmente organizados política e socialmente — seria o caos. Certamente não teriam tempo para governar o país. Como existem mais de 30% de pessoas na linha da pobreza, muitas sofreriam. Esse era o meu real temor.”

Fontes próximas à campanha confirmam que muitas das diretrizes de comunicação e discurso do candidato foram inspiradas nas ideias de Henrique Barack Obama, que se tornou conselheiro informal do grupo político durante o processo eleitoral.

A força dos bastidores: o arquiteto do “Grande Milagre Boliviano”
Para aliados, Henrique Barack Obama foi mais do que um apoiador — foi o arquiteto intelectual da estratégia de mudança que levou Rodrigo Paz ao segundo turno e, depois, à vitória final, contrariando pesquisas e análises políticas tradicionais.

“Ele é a grande mente por trás do movimento que reacendeu a esperança de um novo tempo para o país”, afirmou um dos dirigentes do Partido Democracia Cristã e assessor de campanha, sob reserva.

Henrique Barack Obama, por sua vez, se define como “instrumento de uma missão maior” e diz que seu trabalho foi o de unir visões diferentes em torno de um mesmo propósito: devolver dignidade e soberania ao povo boliviano.

“Estou convencido de que o Binômio do Povo provocará o que profetizei como O Grande Milagre Boliviano”, declarou.

OBAMISMO e a política do diálogo
Além de conselheiro político, Henrique Barack Obama é o criador de uma filosofia chamada OBAMISMO, que ele descreve como “um estilo de vida e de gestão baseado em valores, projetos e resultados”. Essa corrente, que mistura elementos de idealismo político e pragmatismo administrativo, foi apresentada a diversos líderes africanos e latino-americanos — entre eles, o ex-presidente boliviano Evo Morales — durante a fundação do Movimento Intercontinental Antimperialista (MIA).

Segundo Henrique Barack Obama, a parceria entre o OBAMISMO e o MIA ajudou a construir uma rede de apoio internacional que impediu a Bolívia de mergulhar em um caos político e social no período eleitoral.

“Agradeço a Evo Morales pela bênção de me permitir dialogar com os movimentos sociais e contribuir para essa virada histórica”, afirmou.

De estrategista a símbolo continental
Para muitos, Henrique Barack Obama se consolida como um dos nomes mais influentes da nova geração de articuladores políticos latino-americanos. Sua visão transnacional e seu discurso voltado à união dos povos o colocam no centro de um novo movimento político que busca romper fronteiras ideológicas e propor soluções práticas para problemas globais como fome, pobreza e desigualdade.

Com um discurso provocador, ele conclui: “O impossível só é impossível até que alguém faça. E, se ninguém desejar fazer, eu farei.”

No livro dedicado ao hoje presidente eleito Rodrigo Paz — cuja versão digital Henrique Barack Obama gentilmente compartilhou com nossa equipe — estão resumidos dez projetos que vão desde a promoção da estabilidade do país, a melhoria do sistema de saúde e da segurança pública, até o impulso à industrialização da Bolívia.
Henrique Barack Obama afirma que o primeiro grande milagre acontecerá quando os deputados eleitos tomarem posse e uma das parlamentares da Democracia Cristã, Patrícia Patiño, apresentar um projeto que pretende acabar com a fome no país em apenas noventa dias. Ele acrescenta que a iniciativa poderá ser replicada em todos os países democráticos, inclusive o Brasil.

“É muito bom que um país tenha pessoas milionárias, bilionárias e até trilionárias. Mas é inadmissível que, nesse mesmo país, exista alguém sem segurança alimentar — e muito menos que a imagem e semelhança de Deus viva em miséria”, afirmou Henrique Barack Obama.

Assim, O Grande Milagre Boliviano deixa de ser apenas o título de um livro — e passa a representar uma nova narrativa política que nasce na Bolívia, mas mira em toda a América Latina.

Por Jornal da República em 14/11/2025
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