Flávio Bolsonaro tem lastro político, potencial de crescimento e peso estrutural que a elite ignora

Flávio Bolsonaro tem lastro político, potencial de crescimento e peso estrutural que a elite ignora


Por Carlos Arouck

A análise de Pedro Albuquerque, CIO da TC, acertou  na confirmação da candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência em 2026. Para Albuquerque, o movimento era previsível e já vinha sendo desenhado nos bastidores da direita. “A candidatura do Flávio Bolsonaro não é uma grande surpresa”, diz, citando o nome do senador antes mesmo da formalização. “Falei da possibilidade do Flávio Bolsonaro”, reforçou.

Segundo ele, a leitura pública e de mercado ignorou a reorganização silenciosa da família Bolsonaro após a prisão do ex-presidente. Albuquerque descreve o clima interno como de isolamento, afirmando que, na ótica da família, eles se sentiram abandonados. Ele afirma que isso catalisou a decisão de colocar Flávio como sucessor imediato. A escolha, diz, tem lógica estratégica: preservar o projeto político enquanto Jair continua impedido de disputar.

Pedro Albuquerque sustenta que o erro central da elite econômica está em ignorar a capacidade de Jair Bolsonaro de transferir votos. “O Bolsonaro tem mais de 30% dos votos”, afirma, destacando que essa base permanece fiel mesmo com o ex-presidente preso. Essa fidelidade, diz ele, não se fragmenta. Ela se desloca para quem Jair apoiar.

O analista retoma um ponto que considera ignorado pelo mercado: Jair sempre apresentou capacidade extraordinária de mobilização. Em 2018, por exemplo, superou Geraldo Alckmin mesmo sem estrutura partidária ou apoio institucional. Na visão de Albuquerque, o mesmo padrão pode beneficiar Flávio agora: “se o Bolsonaro tá empatado com o Lula, por que o Flávio não subiria?”

A transferência automática de apoio, segundo ele, explica por que candidatos sem o respaldo da família enfrentam forte limitação: “Achando sem o aval do Bolsonaro, a chance pra mim beira zero”.

Albuquerque reserva algumas das críticas mais duras ao mercado financeiro. Para ele, “a Faria Lima hoje está delirante”. O analista argumenta que a elite econômica interpreta a política com filtros ideológicos próprios, distantes da realidade do eleitorado médio.

Ele afirma que há uma tendência no mercado de buscar “o candidato ideal”, ignorando que eleições brasileiras são moldadas por mobilização, narrativa e pertencimento. Flávio, nesse sentido, carrega o principal ativo eleitoral da atualidade, que é o selo Bolsonaro.

Além disso, Albuquerque diz que parte dos investidores continua acreditando que Tarcísio Gomes de Freitas seria um nome natural para 2026. Segundo ele, essa leitura desconsidera o ponto central da equação: Tarcísio não recebeu o apoio da família Bolsonaro. Por isso, seu potencial de competitividade cai de forma drástica.

A afirmação mais forte do analista sintetiza sua visão estratégica: “A família Bolsonaro é o sistema”.

Para Albuquerque, não existe direita competitiva no Brasil sem alinhamento com esse núcleo. O bolsonarismo, na avaliação dele, deixou de ser apenas um fenômeno e se tornou estrutura permanente, com camadas que vão do eleitorado fiel ao ecossistema digital e midiático.

O analista afirma que Flávio, por ser parte orgânica dessa estrutura, não depende de artifícios ou acordos externos. Sua candidatura, em sua avaliação, é “muito mais séria do que essa galera está comprando”. Albuquerque afirma ainda que Flávio “veio pra ficar”, descartando a tese de uma candidatura improvisada.

O analista prevê choque institucional durante a campanha, que "vai ter uma atuação muito mais truculenta do Supremo Tribunal Federal”.

Ele avalia que o STF enxerga o avanço do bolsonarismo como ameaça direta e tende a reagir de forma intensa contra qualquer tentativa de retorno dessa força ao centro do poder. Essa dinâmica pressiona ainda mais a campanha de Flávio, que deve enfrentar investigações, decisões monocráticas e possíveis constrangimentos judiciais.

Para Albuquerque, esse ambiente tensionado pode reforçar a narrativa de perseguição, o que costuma mobilizar a base bolsonarista com força.

Outro ponto que ele sublinha é o dinamismo da opinião pública. Flávio entra com baixa rejeição pessoal e alto reconhecimento do sobrenome. Essa combinação, afirma, é rara e poderosa. Albuquerque resume o cenário com clareza: “O Flávio tem um potencial de subir nas pesquisas muito alto.”

O analista acredita que o crescimento pode ser rápido, especialmente se Flávio se posicionar como continuidade legítima do pai, mas com estilo menos confrontacional. Isso poderia atrair setores da direita moderada e indecisos, fatia decisiva no segundo turno.

A leitura de Pedro Albuquerque desafia o consenso atual da elite econômica e de parte da imprensa. Para ele, subestimar Flávio Bolsonaro é repetir o erro de 2018. A candidatura tem lastro, narrativa, estrutura e, sobretudo, a bênção do principal eleitor do país: Jair Bolsonaro.

O aviso final resume sua posição: “É possível que o Flávio ganhe eleição. Não dá para subestimar o nome Bolsonaro.”

A disputa de 2026, segundo Albuquerque, não será apenas sobre Flávio. Será sobre o quanto o sistema político e econômico do país compreende, ou não, a força do bolsonarismo.

Por Jornal da República em 12/12/2025

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