Gilberto Gil pede que padre que ofendeu fé de Preta Gil se retrate: ‘Debochou’

Após o padre Danilo César falar dos orixás ao comentar sobre a morte de Preta Gil, o pai da cantora, Gilberto Gil, pede que ele se retrate

A família de Preta Gil decidiu tomar providências após declarações consideradas ofensivas feitas pelo padre Danilo César, de Areial (PB). No mês passado, uma semana após a morte da cantora, o sacerdote usou seu sermão dominical para ironizar a fé da artista e afirmar que os orixás não a “ressuscitaram”. Gilberto Gil e Flora Gil, pais de Preta, enviaram uma notificação extrajudicial ao religioso, na qual acusam o padre de intolerância religiosa e solicitam retratação pública, além de medidas disciplinares.

O documento destaca que, ao abordar a relação entre fé e sofrimento, o padre teria desqualificado religiões de matriz africana, referindo-se a elas como “forças ocultas” e expressando desejo de que “o diabo levasse” seus praticantes. Segundo a notificação divulgada pelo portal HugoGloss, “em seguida, debochou da fé que atribui à cantora Preta Gil e ao seu pai, Gilberto Gil, ao ironizar a ausência de intervenção dos orixás numa supostamente desejada ressurreição da artista; ao fazê-lo, associou diretamente sua espiritualidade ao sofrimento, com tom e postura inapropriados”.

A família ressaltou ainda que, “passados mais de 15 dias do fato, não houve manifestação pública ou qualquer comunicado feito à família com intuito de retratação das graves ofensas”. O texto aponta que a ausência de posicionamento contribui para manter o estado de desrespeito à memória de Preta Gil e às religiões afro-brasileiras. O vídeo que registra o momento em que o sacerdote questiona o Candomblé e outros cultos de matriz africana circulou nas redes sociais no final do mês passado. Nele, Danilo César afirma: “Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?” e completa dizendo que católicos que recorrem a essas crenças deveriam ser levados pelo diabo.

Após a repercussão negativa, o perfil do padre no Instagram foi desativado, e o vídeo removido do canal da paróquia no YouTube. As falas geraram três boletins de ocorrência contra o religioso, e a Polícia Civil instaurou investigação para apurar o caso. A Diocese de Campina Grande, à qual o sacerdote está vinculado, ainda não se manifestou oficialmente sobre o episódio.