Mãe de fiscal preso em operação da Ultrafarma ficou bilionária em 2 anos, diz MP

Professora aposentada teria usado empresa de fachada em esquema que arrecadou R$ 1 bi em propina desde 2021

Mãe de fiscal preso em operação da Ultrafarma ficou bilionária em 2 anos, diz MP

Uma professora aposentada da rede pública, mãe de um auditor fiscal preso nesta terça-feira (12) na Operação Ícaro, viu seu patrimônio saltar de R$ 411 mil para R$ 2 bilhões em apenas dois anos, segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

A investigação aponta que ela teria usado uma empresa de fachada para lavar dinheiro de um esquema bilionário de ressarcimento de crédito tributário que envolvia auditores fiscais da Secretaria da Fazenda e grandes varejistas, como a Ultrafarma e a Fast Shop.

O auditor Artur Gomes da Silva Neto, apontado como o “cérebro” do esquema, coletava documentos, fazia pedidos de ressarcimento de créditos de ICMS e aprovava ele mesmo os valores — em alguns casos superiores ao devido e em prazos reduzidos. A propina paga pelas empresas teria somado cerca de R$ 1 bilhão desde 2021.

A mãe do fiscal, Kimio Mizukami da Silva, de 73 anos, aparece como sócia da Smart Tax, aberta em 2021, quando o esquema teria começado. Segundo o MP, a empresa não tinha funcionários, funcionava na casa do próprio fiscal em Ribeirão Pires e era usada para receber valores de propina. Apesar de formalmente proprietária, Kimio não participava das reuniões nem possuía conhecimento técnico para prestar serviços de assessoria tributária.

A operação prendeu seis pessoas, entre elas o dono da Ultrafarma, Sidney Oliveira, e o diretor estatutário da Fast Shop, Mario Otávio Gomes. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na capital, no interior e na Grande São Paulo. Também foram apreendidos pacotes de esmeraldas, dinheiro em espécie e moedas estrangeiras.

Os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O MP apura se outras grandes empresas participaram do esquema.

Fiscal

Nos endereços investigados, foram apreendidos até o momento, um milhão de reais, e dois pacotes de esmeraldas (Foto: Reprodução)

Nota da Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo na íntegra:

“A Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) está à disposição das autoridades e colaborará com os desdobramentos da investigação do Ministério Público por meio da sua Corregedoria da Fiscalização Tributária (Corfisp).

Enquanto integrante do CIRA-SP — Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos – e diversos grupos especiais de apuração, a Sefaz-SP tem atuado em diversas frentes e operações no combate à sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e ilícitos contra a ordem tributária, em conjunto com os órgãos que deflagraram operação na data de hoje.

Além disso, a Sefaz-SP informa que acaba de instaurar processo administrativo para apurar, com rigor, a conduta do servidor envolvido e que solicitou formalmente ao Ministério Público do Estado de São Paulo o compartilhamento de todas as informações pertinentes ao caso.

A administração fazendária reitera seu compromisso com os valores éticos e justiça fiscal, repudiando qualquer ato ou conduta ilícita, comprometendo-se com a apuração de desvios eventualmente praticados, nos estritos termos da lei, promovendo uma ampla revisão de processos, protocolos e normatização relacionadas ao tema.”

Por Jornal da República em 13/08/2025
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