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O ano era 1993.
Um grupo de jovens — eu entre eles — cansou de esperar pelo poder público. Sem apoio, sem incentivo, sem nada. Cada um trouxe de casa o que tinha e, juntos, levantamos a primeira Mini Ramp de Duque de Caxias, na Rua Xavier Pinheiro. Era só mato, era abandono, mas a gente transformou em sonho.
Enquanto em Botafogo skatistas viam Steve Caballero, entre outros, inaugurando um Bowl digno, nós cavávamos nosso espaço no cimento cru. Não havia Linha Vermelha, FUNDEC, nem sede da Guarda Municipal no local. Mas havia vontade. Fizemos parte da 3ª geração, a geração que iniciou o processo de construção das rampas e pistas de skate em Duque de Caxias, a geração dos construtores.

Local da primeira Mini Ramp construída por skatistas, rua: Xavier Pinheiro, D.C.
Anos depois, 1997/98.
Após reuniões e pressão, conseguimos a primeira Mini Ramp oficial e uma quadra na Praça Humaitá, no bairro 25 de Agosto: o Marco Zero do skate duquecaxiense. Uma tradição que vem desde os anos 70/80, território que formou gerações.
De 1997 até 2008 (gestões Zito e Washington Reis), conquistamos 11 pistas e Mini Ramps espalhadas pela cidade. Onze espaços de inclusão, cultura, saúde, esporte. Onze símbolos de resistência.
E o que restou?
Quase nada. Um por um, foram destruídos. Sem diálogo, sem respeito, sem reposição. O poder público apagou nossa história com tratores.
Agora querem demolir o único Skate Park que ainda resta em Duque de Caxias.
Querem calar a única voz viva de uma tradição que colocou a cidade no mapa do skate nacional. Querem fazer isso sem ouvir quem construiu, quem pratica, quem compete, quem representa o esporte: a ASDC (Associação de Skateboarding de Duque de Caxias), da qual sou um dos fundadores, existente desde os anos 90 e registrada desde os anos 2000.
Isso não é só descaso.
É genocídio esportivo e cultural.
A desculpa? “A pista está sempre vazia.”
A verdade? A pista nunca foi construída de forma digna, proporcional e segura. Basta uma obra de qualidade — como em Madureira, Realengo, Engenho, Teresópolis, Nova Iguaçu — e veremos novamente os skatistas lotando o espaço. Não falta gente. Falta visão.

Pista (Skate Park) de Realengo.
As Pistas Destruídas E Nunca Repostas:
Praça da Apoteose – Mini Ramp e pista de skate
Praça da Igreja, Vila São Luís – Mini Ramp
Praça da Prainha – Mini Ramp
Praça Olavo Bilac – Mini Ramp
Praça da Majal Gramacho – Mini Ramp
Praça da Laureano – Mini Ramp
Campo Franciscão, Laureano – Mini Ramp
Rua Paraíso, Campo do Paraíso – Mini Ramp
Praça da Mantiqueira, Xerém – pista de skate
A pergunta é direta:
A gestão 2025/2028 vai ser lembrada como responsável pela evolução do skate em Duque de Caxias — ou como cúmplice da destruição de um esporte olímpico, de uma cultura, de gerações inteiras?
Temos esperança que não. O atual prefeito, Netinho Reis, é jovem e esperamos que seja visionário. Que construa uma pista adequada para a prática e evolução do esporte, como em cidades vizinhas, e entre para a História trazendo, pela primeira vez, uma etapa do Campeonato Estadual e Brasileiro de Skate. E, quem sabe, com a presença da bicampeã olímpica e mundial, Rayssa Leal.

Pista (Skate Park ) Praça Humaitá, 25 de Agosto, D.C.
Nós não aceitaremos silêncio.
Não aceitaremos retrocesso.
Não aceitaremos que enterrem décadas de história, suor e resistência.
O skate de Duque de Caxias não é vazio, não é irrelevante. É respeitado em todo o estado e país.
É identidade, é patrimônio, é voz de milhares.
Por: Leo Mamonni
Ex-presidente, fundador e atual conselheiro da ASDC – Associação de Skateboarding de Duque de Caxias
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