Michelle Bolsonaro vence Lula em cenário de 2º turno, aponta pesquisa Gerp

Lula supera Bolsonaro pela primeira vez em pesquisa e atinge melhor momento do mandato

Michelle Bolsonaro vence Lula em cenário de 2º turno, aponta pesquisa Gerp

Lula atinge melhor momento desde início do mandato enquanto direita fragmentada mantém eleição de 2026 totalmente em aberto

A 9ª rodada do Tracking Gerp – Eleições 2026 apresenta um panorama político brasileiro marcado por equilíbrio, volatilidade e constante reconfiguração de forças. O levantamento, realizado entre 29 de setembro e 6 de outubro de 2025 com 2.000 entrevistados em todo território nacional, revela que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atravessa sua melhor fase desde o início do atual mandato, enquanto o campo conservador se reorganiza através de múltiplas lideranças que mantêm a disputa presidencial de 2026 completamente aberta.

A aprovação ao governo federal registrou recuperação significativa, atingindo 37% – mesmo patamar de janeiro de 2025 –, enquanto a desaprovação recuou para 57%. Esses números refletem uma leve melhora na percepção sobre políticas sociais e sugerem um momento de estabilidade com redução gradual do desgaste político. Embora não represente alteração significativa na polarização estrutural do eleitorado brasileiro, a tendência indica recomposição da base governista e consolidação de um piso eleitoral mais sólido para o petista.

Dissociação Entre Imagem Pessoal e Gestão Administrativa

O desempenho pessoal de Lula apresenta avaliação ligeiramente superior à gestão governamental, evidenciando dissociação parcial entre imagem pessoal e percepção administrativa. Segundo o levantamento, 31% dos brasileiros consideram o desempenho pessoal do presidente ótimo ou bom, 29% classificam como regular, 38% como ruim e 15% como péssimo. Essa distribuição resulta em média ponderada de 2,57 pontos numa escala de 1 (péssimo) a 5 (ótimo), indicando que a figura de Lula mantém capital político superior à avaliação de seu governo.

A comparação com a gestão anterior revela polarização persistente no eleitorado brasileiro. Enquanto 38% afirmam que o governo Lula é melhor ou muito melhor que o de Jair Bolsonaro, 49% o consideram pior ou muito pior. Esses números demonstram que a memória do governo Bolsonaro ainda influencia significativamente a percepção sobre a atual gestão, mantendo viva a disputa narrativa entre os dois projetos políticos que estruturam o debate nacional desde 2018.

Marco Histórico na Pesquisa Espontânea

Pela primeira vez desde o início do Tracking Gerp, Lula aparece numericamente à frente de Jair Bolsonaro na intenção de voto espontânea, registrando 24% contra 23% do ex-presidente. Embora a diferença esteja dentro da margem de erro de ±2,24 pontos percentuais, o resultado possui valor simbólico importante: indica reativação da lembrança eleitoral de Lula e reequilíbrio entre os dois polos que dominam a política nacional. Tarcísio de Freitas aparece em terceiro lugar com 2%, enquanto Ciro Gomes e Michelle Bolsonaro ficam abaixo desse patamar.

Esse movimento na pesquisa espontânea reflete mudanças na percepção do eleitorado sobre as perspectivas eleitorais de 2026. A recuperação de Lula neste quesito sugere que sua candidatura volta a ser vista como viável por parcela crescente dos entrevistados, processo fundamental para a construção de uma campanha competitiva. Simultaneamente, a manutenção de Bolsonaro em patamar similar demonstra que sua base eleitoral permanece mobilizada e atenta ao cenário político nacional.

Fragmentação Conservadora Beneficia Lula no Primeiro Turno

Os cenários estimulados de primeiro turno revelam dinâmica complexa onde a fragmentação do campo conservador emerge como fator decisivo. Lula mantém desempenho estável e perde apenas para Jair Bolsonaro quando este participa da disputa. O presidente é beneficiado pela dispersão de candidaturas conservadoras entre nomes como Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro, Ronaldo Caiado, Ratinho Jr. e Romeu Zema, além da presença de Ciro Gomes ocupando espaço de centro.

No cenário com Jair Bolsonaro, o ex-presidente lidera com 37% contra 31% de Lula, seguidos por Ciro Gomes (5%), Caiado (3%), Zema (3%), Pablo Marçal (3%) e Ratinho Jr. (3%). Quando Bolsonaro não participa e Tarcísio de Freitas assume a liderança conservadora, Lula inverte o quadro e lidera com 27% contra 23% do governador paulista. Essa dinâmica demonstra que a unidade ou fragmentação do campo conservador será determinante para as chances eleitorais de cada candidatura.

O movimento mais expressivo da rodada vem justamente de Tarcísio de Freitas, cuja diferença para Lula caiu drasticamente de 11 pontos (31% a 20%) na rodada anterior para apenas 4 pontos (27% a 23%). Esse avanço o consolida como principal nome de crescimento dentro do campo conservador, com desempenho especialmente relevante no Sudeste (26%) e no Norte (30%) – regiões que concentram quase 60% do eleitorado brasileiro e serão decisivas para o resultado final.

Cenários de Segundo Turno Revelam Desafios para Lula

A mesma fragmentação que favorece Lula no primeiro turno se converte em desvantagem significativa quando há unificação do campo conservador no segundo turno. Nesse contexto, o presidente é superado por Bolsonaro (48% a 36%), Tarcísio (45% a 36%) e Michelle Bolsonaro (48% a 36%). Empata tecnicamente com Eduardo Bolsonaro (41% a 38%) e vence apenas Caiado (37% a 30%), Ratinho Jr. (38% a 34%), Zema (38% a 32%) e Ciro Gomes (34% a 32%).

Esses resultados evidenciam que, embora Lula mantenha competitividade no primeiro turno devido à dispersão conservadora, enfrenta desafios estruturais para vencer uma eventual polarização direta no segundo turno. A capacidade de mobilização e unificação do campo conservador emerge como fator crucial para determinar não apenas quem chegará ao segundo turno, mas também quem terá melhores condições de vencer a eleição final.

Geografia Eleitoral Define Estratégias de Campanha

A análise regional revela padrões geográficos que influenciarão decisivamente as estratégias de campanha. O Nordeste e parte do Norte sustentam a competitividade lulista, mantendo-se como redutos tradicionais do petista. Por outro lado, eleitores do Sudeste, Sul e Centro-Oeste consolidam o voto conservador no segundo turno, criando desafio geográfico significativo para a reeleição de Lula.

A disputa no Sudeste – especialmente em São Paulo e Minas Gerais – tende a ser decisiva para o resultado final. Esta região concentra o maior colégio eleitoral do país e apresenta maior volatilidade, com eleitores mais propensos a mudanças de preferência durante a campanha. O desempenho de Tarcísio de Freitas nesta região (26%) demonstra sua capacidade de competir em território tradicionalmente disputado, enquanto Lula precisa reconquistar espaços perdidos nos últimos anos.

Eleitorado Indeciso Será Determinante

Com margens ainda não consolidadas e alto grau de volatilidade entre eleitores de centro, o cenário permanece aberto e em constante movimento. Os dados reforçam que o Brasil caminha para uma das eleições mais disputadas desde a redemocratização, com múltiplas variáveis podendo alterar o resultado final. A definição tende a ocorrer apenas nas fases finais da campanha, quando estratégias de comunicação, debates e eventos de última hora exercerão influência decisiva.

Os indecisos – especialmente do Sudeste e do eleitorado feminino – desempenharão papel crucial no resultado da eleição. Esses segmentos representam parcela significativa do eleitorado e suas decisões finais poderão determinar não apenas quem chegará ao segundo turno, mas também o resultado da disputa presidencial. A capacidade de cada candidatura em conquistar esses eleitores através de propostas convincentes e comunicação eficaz será fundamental.

Diplomacia Internacional Como Ativo Político

O levantamento também investigou a percepção sobre um possível encontro entre Lula e Donald Trump, revelando expectativa positiva da população. A maioria dos entrevistados aprova a participação de Lula (67%) e prefere que o encontro seja presencial (73%), reforçando o valor simbólico e diplomático do gesto político. Para 27%, o encontro fortaleceria igualmente os dois líderes, enquanto 19% acreditam que beneficiaria Lula e 16% Trump.

Há também expectativa prática relacionada às relações comerciais: 40% acreditam que a reunião pode levar à redução da tarifa de 50% imposta por Trump, contra 37% que esperam manutenção. Esses números sugerem que a atuação diplomática de Lula pode se converter em ativo político interno, especialmente se resultar em benefícios concretos para a economia brasileira.

Metodologia Robusta Garante Confiabilidade

A pesquisa utilizou metodologia quantitativa com 2.000 entrevistas telefônicas (sistema CATI) realizadas em todo território nacional. Os entrevistados foram selecionados por cotas de sexo, faixa etária e renda do chefe do domicílio, com resultados ponderados por região e perfil sociodemográfico. A margem de erro de ±2,24 pontos percentuais e nível de confiança de 95,55% garantem robustez estatística aos resultados apresentados.

A amostra considerou eleitores com 16 anos ou mais, distribuídos proporcionalmente por região: Sudeste (43%), Nordeste (27%), Sul (14%), Norte (8%) e Centro-Oeste (7%). Essa distribuição reflete a composição real do eleitorado brasileiro e permite análises regionais consistentes com a realidade demográfica do país.

Cenário de Máxima Competitividade

O Tracking Gerp confirma que 2026 será marcado por uma das disputas presidenciais mais acirradas da história recente do Brasil. O lulismo demonstra resiliência e capacidade de recomposição, mantendo competitividade mesmo após período de desgaste. Simultaneamente, a direita consolida múltiplas alternativas de liderança nacional, criando cenário de máxima fragmentação e competitividade.

A eleição permanece completamente aberta, com diferentes cenários possíveis dependendo das alianças que se formarem, das candidaturas que se consolidarem e da capacidade de cada campo político em mobilizar seus eleitores. A próxima rodada do Tracking Gerp será fundamental para confirmar se as tendências identificadas se consolidam ou se novos movimentos alterarão novamente o tabuleiro político brasileiro.

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Por Jornal da República em 08/10/2025
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