MPF aponta TH Joias como articulador político do Comando Vermelho

Ex-deputado é acusado de fornecer equipamentos ao tráfico, vazar operações e montar rede de influência para facções.

MPF aponta TH Joias como articulador político do Comando Vermelho

O ex-deputado estadual Thiego Raimundo de Oliveira Santos, conhecido como TH Joias e preso desde setembro, tornou-se alvo de duas denúncias apresentadas à Justiça. O Ministério Público Federal enviou o caso ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), apontando o político como integrante do núcleo político do Comando Vermelho. Outra denúncia, do Ministério Público do Estado do Rio, tramita no Tribunal de Justiça do Rio. A acusação federal inclui até uma foto do ex-deputado ao lado de traficantes armados em uma piscina.

Crimes atribuídos ao grupo
A denúncia do MPF envolve 15 pessoas e lista crimes como tráfico internacional e comércio ilegal de armas e munições, tráfico de drogas majorado, contrabando de equipamentos anti-drone, além de corrupção ativa e passiva. Entre os denunciados estão traficantes do CV, ex-assessores parlamentares, policiais militares, um delegado da Polícia Federal e ex-servidores do estado.

TH Joias e o papel político no crime organizado
O ex-parlamentar é acusado de atuar como braço político da facção. Após assumir o mandato na Alerj, teria articulado nomeações estratégicas em interesses de lideranças do crime. Em mensagens com o assessor Luiz Eduardo Gonçalves, o Dudu, TH aparece sugerindo indicar a filha de um chefão da ADA para dirigir uma UPA na Vintém. Segundo o MPF, as ligações mais fortes eram com o Comando Vermelho, especialmente com Luciano Martiniano, o Pezão, apontado como liderança no Complexo do Alemão.

Venda de bloqueadores e fornecimento de armas
Os investigadores afirmam que TH fornecia ao tráfico bloqueadores de sinais usados para derrubar drones policiais. Em diálogo com o traficante Gabriel Dias de Oliveira, o Índio, ele pergunta se Pezão havia visto um drone abatido pelo parlamentar. Depois, oferece o equipamento: “750 mil o mais barato. Mas não vende pra qualquer um. É ilegal”. A denúncia indica ainda que TH negociava armas e drogas diretamente com o Comando Vermelho.

Vazamento de operações e interferência política
O MPF aponta que o ex-deputado tinha acesso a informações sigilosas sobre operações policiais, que eram repassadas à facção. Ele também teria tentado influenciar a escolha de um comandante da PM e do presidente de uma associação de moradores, sempre alinhado às aprovações de Índio e outras lideranças.

Denúncia do MPRJ reforça elo com traficantes
A denúncia estadual cita cinco investigados, incluindo TH Joias, acusado de associação para o tráfico no exercício da função pública. Segundo o MPRJ, ele atuava de forma permanente na intermediação da compra e venda de armas, drogas e equipamentos anti-drone, além de realizar pagamentos ao Comando Vermelho.

Favorecimento dentro da Alerj
O documento destaca que, após assumir o mandato em 12 de junho de 2024, TH utilizou sua posição para favorecer o crime organizado. Ele indicou para cargos na Casa Legislativa Fernanda Castro, esposa de Índio, tesoureiro do Comando Vermelho, e o ex-assessor Dudu.

Entrega de dinheiro e relação com lideranças
O MPRJ afirma que Índio entregava dinheiro regularmente ao então deputado. Em 19 de novembro de 2023, TH escreveu: “15, 10. Tô zerado aqui”. No mesmo dia, o traficante esteve na casa do parlamentar — coincidência que, segundo a denúncia, confirma o repasse de valores. O texto também reforça que TH, ourives, vendia joias para Pezão, para Índio e para Manoel Cinquine Pereira, o Paulista, outro nome ligado ao Comando Vermelho.

Via Agenda do Poder

Por Jornal da República em 17/11/2025
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