Novo PAC financia obras de R$ 288 milhões para transformar Jardim Maravilha em parque

Projeto prevê dique de 3,4 km com tecnologia holandesa e três reservatórios com capacidade para 231 milhões de litros de água

 Novo PAC financia obras de R$ 288 milhões para transformar Jardim Maravilha em parque

A Fundação Rio-Águas definiu o dia 23 de janeiro de 2026 como data para a licitação das obras de controle de inundações e requalificação ambiental e urbanística do Jardim Maravilha, localizado em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O investimento estimado é de R$ 288 milhões, conforme publicação no Diário Oficial de 8 de dezembro, representando uma das maiores intervenções urbanas da atual gestão municipal.

O projeto, que conta com recursos do governo federal por meio do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), foi anunciado pessoalmente pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) em suas redes sociais no final de novembro. Durante o anúncio, Paes destacou a urgência da intervenção, lembrando que o loteamento foi construído em uma área pantanosa de baixa altitude, naturalmente sujeita a inundações que se repetem a cada chuva mais intensa.

Sistema integrado de proteção contra enchentes

O projeto contempla a construção de um sistema integrado de proteção contra inundações, com destaque para um dique de mais de três quilômetros de extensão que utilizará tecnologia holandesa. Esta escolha tecnológica não é casual, considerando que os Países Baixos são reconhecidos mundialmente como referência em sistemas de controle de águas e proteção contra enchentes, tendo desenvolvido soluções inovadoras para áreas abaixo do nível do mar.

Complementando o dique, serão construídos três grandes reservatórios com capacidade total para armazenar 231 milhões de litros de água. Para dimensionar essa capacidade, o prefeito Eduardo Paes fez uma comparação didática: "Isso equivale, gente, a 13 piscinões da Praça da Bandeira", referindo-se ao conhecido reservatório de contenção de águas pluviais localizado na Zona Norte da cidade.

Infraestrutura de drenagem e urbanização

Além dos elementos principais de contenção, o projeto prevê a construção de dois quilômetros de canais e dez mil metros de microdrenagem, criando uma rede integrada de escoamento de águas pluviais. Essa infraestrutura será fundamental para garantir que as águas sejam adequadamente direcionadas aos reservatórios durante os períodos de chuva intensa.

A intervenção não se limitará apenas ao controle de enchentes. O loteamento será completamente requalificado e rebatizado como Parque Jardim Maravilha, recebendo 390 mil metros quadrados de pavimentação e 20 quilômetros de rede de esgotamento sanitário. A criação de áreas de lazer também está prevista no projeto, proporcionando espaços de convivência e recreação para os moradores da região.

Histórico de problemas e necessidade de intervenção

O Jardim Maravilha enfrenta problemas crônicos de alagamento há décadas, situação agravada pela localização em área de baixada e pela ocupação irregular que não considerou as características naturais do terreno. A cada período chuvoso, os moradores enfrentam transtornos significativos, com casas alagadas, ruas intransitáveis e prejuízos materiais consideráveis.

A primeira fase das obras já foi concluída em março de 2025, com investimento de R$ 50,9 milhões. Esta etapa contemplou a implantação de infraestrutura básica de drenagem, redes de esgoto e abastecimento de água, além de pavimentação e calçadas com acessibilidade em 27 ruas do bairro, preparando o terreno para as intervenções mais complexas que serão licitadas em janeiro.

Impacto social e transformação urbana

O projeto representa muito mais do que uma solução técnica para o problema das enchentes. Segundo o prefeito Eduardo Paes, a iniciativa "vai levar dignidade e qualidade de vida para dezenas de milhares de famílias cariocas que vivem na região". A transformação do loteamento em parque urbano simboliza uma mudança de paradigma na abordagem dos problemas de drenagem urbana, integrando soluções de engenharia com melhorias na qualidade de vida dos moradores.

A requalificação urbana prevista no projeto inclui a criação de espaços públicos de qualidade, áreas verdes e equipamentos de lazer, elementos fundamentais para a construção de uma cidade mais inclusiva e sustentável. Essa abordagem integrada demonstra o compromisso da gestão municipal com soluções que vão além da resolução de problemas pontuais, buscando a transformação estrutural de áreas vulneráveis.

Financiamento e execução

O financiamento da obra através do Novo PAC representa uma parceria estratégica entre as esferas municipal e federal de governo. O programa federal tem como objetivo acelerar investimentos em infraestrutura urbana, priorizando projetos que combinem desenvolvimento econômico com melhoria das condições de vida da população.

A licitação marcada para 23 de janeiro de 2026 seguirá os procedimentos legais estabelecidos para obras de grande porte, garantindo transparência e competitividade no processo de seleção da empresa responsável pela execução. O cronograma de execução das obras ainda não foi divulgado, mas a complexidade do projeto sugere um prazo de execução de pelo menos dois anos.

Tecnologia holandesa e sustentabilidade

A escolha pela tecnologia holandesa para a construção do dique reflete a busca por soluções comprovadamente eficazes e sustentáveis. Os Países Baixos desenvolveram ao longo dos séculos técnicas sofisticadas de manejo de águas, combinando engenharia de precisão com respeito aos ecossistemas naturais.

Essa tecnologia permitirá não apenas o controle eficaz das inundações, mas também a criação de um sistema que se integre harmoniosamente com o ambiente natural da região. A sustentabilidade do projeto é reforçada pela criação de áreas verdes e pela preservação das características ambientais locais, sempre que possível.

Expectativas e desafios

A execução bem-sucedida do projeto do Jardim Maravilha pode servir como modelo para intervenções similares em outras áreas da cidade que enfrentam problemas de drenagem. O Rio de Janeiro possui diversas regiões vulneráveis a enchentes, especialmente na Zona Oeste, onde o crescimento urbano nem sempre foi acompanhado da infraestrutura adequada.

Os desafios incluem a coordenação entre diferentes órgãos municipais, a gestão de impactos durante a execução das obras e a manutenção adequada do sistema após sua conclusão. O sucesso do projeto dependerá não apenas da qualidade técnica da execução, mas também do engajamento da comunidade e da continuidade das políticas públicas de manutenção urbana.

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Por Jornal da República em 28/12/2025
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