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No último domingo (06/07), ocorreu o Processo de Eleição Direta (PED) do Partido dos Trabalhadores (PT) em todo o Brasil. No estado do Rio de Janeiro, era a grande a expectativa em Duque de Caxias, que, somente este ano, filiou 3.672 novos petistas. A dúvida é: a que preço veio a nova "militância"?

Ao fim da apuração que entrou a madrugada, a candidata da corrente apoiada por Celso Pansera, Rute Alves, teve a maioria dos votos de presidente na na disputa que tinha também Bruno Leonardo, Junior Gordo, Valtinho e Black. Ao todo, foram 3.317 votos apurados, entretanto esse quantitativo não representa o número real de votantes no PED municipal de Caxias.
Dezenas de filiados, mesmo aptos a votar e incluídos na lista impressa, votaram e simplesmente os seus votos não foram computados. É que cada seção de votação contava com duas listas: uma restrita ao local e outra unificada para filiados de todas as outras seções (eram 8 no total). Mesmo assim, na apuração, os votos da lista maior (chamada de "lista dos votos em separado"), que poderia registrar quem não votou na sua seção, foram ignorados por completo. As urnas dessas listas de votos em separado sequer foram abertas na apuração.
O resultado: dezenas de eleitores votaram, mas tiveram literalmente seus votos jogados no lixo — um processo que fere o princípio da confiabilidade eleitoral.
A conduta descrita pode configurar grave violação do Estatuto do PT e do próprio edital do PED, que garante o direito ao voto a todos os filiados inscritos até determinada data. A exclusão deliberada — ainda que parcial — de votos válidos sem justificativa plausível caracteriza cerceamento de participação democrática, e abre caminho para impugnação do pleito.
Denúncias graves de compras de votos, falta de lisura no dia da votação e a influência de Maricá
Nas redes sociais e grupos de WhatsApp, circulam vídeos e prints que, mais uma vez, comprovam as práticas como compra de votos, boca de urna e intimidação em comunidades. Circulam diversos vídeos, áudios e prints de conversas que sinalizam essas operações por integrantes do grupo de Celso Pansera, aliado do prefeito de Maricá, Washington Quaquá. O grupo em questão se espalhou pelos locais de votação para supostamente cooptar e comprar votos para a candidata Rute Alves.
A filiada Adriana Matos Oliveira publicou em seu story no Instagram um vídeo https://www.instagram.com/adrianamatos.oliveira?igsh=Z3htOGR1eDVkY2Jv flagrando uma senhora com adesivo de Rute Alves que a abordou perguntando em quem ela iria votar. O ocorrido foi no local de votação Espaço Dança de Salão, no bairro Vila São Luís. No mesmo vídeo, aparece Vitor Villa (de camisa branca, entrando e saindo do local), que, após a confusão se instalar, identificou-se como fiscal do local de votação.

Para quem não lembra, o mesmo Vitor Villa foi recentemente citado pelo vereador Ricardinho Netuno (PL), único opositor ao governo de Maricá, como mais um cabo eleitoral de Celso Pansera que ganhou um contrato em Maricá. Villa é proprietário da VLV Engenharia Ltda., empresa contratada via Instituto Brasil Social (IBS), organização social que faz a gestão do Qualifica Maricá, projeto do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM).
Sem aulas há mais de seis meses, o descaso no Qualifica Maricá foi denunciado pelo vereador Ricardinho Netuno, que, em sessão na Câmara, citou a empresa de Villa como uma das empresas parceiras do IBS no projeto. O contrato milionário do IBS com o ICTIM, assim como com a empresa de Villa, começou na gestão de Celso Pansera ainda presidente do órgão. A organização social também faz a gestão da Incubadora de Inovação Social de Cultura, outro projeto milionário do ICTIM. Lá, a VLV Engenharia Ltda é também uma empresa parceira contratada pelo IBS.
Segundo a reportagem da TV Copacabana, isso gerou suspeitas de favorecimento político em Maricá: https://tvcopacabana.com/22-milhoes-em-silencio-qualifica-marica-segue-parado-em-2025-e-expoe-crise-de-gestao-no-ictim-e-ibs/

No vídeo da filiada ao PT Caxias, Adriana Matos Oliveira, também aparece o casal Eduardo Prates e Clara de Deus, que são responsáveis pelo Galpão Gomeia Criativo, em Duque de Caxias. O movimento cultural também tem um contrato com o IBS, no projeto da Incubadora de Cultura, em Maricá, pela iniciativa Elas da Baixada. Ambos são figurinhas carimbadas nas redes sociais ao lado do líder político Celso Pansera. É, no mínimo, muita coincidência tantos empreendedores de Duque de Caxias terem conseguido um contratinho em Maricá!
Mais suspeita de cabresto econômico
No Jardim Anhangá, a ativista Paula Moura registrou sua indignação em um vídeo dizendo ter sido abordada por uma senhora com o adesivo da candidata Rute Alves que procurava por "Rose pra pegar o dinheiro", supostamente ligado a uma clientela mobilizada para votar — indicativo a clara de boca de urna e compra de votos.
A denúncia de compra de votos já havia sido divulgada pelo Última Hora Online, em junho, quando um dos candidatos à Presidência do PT Caxias, Bruno Leonardo, levantou a questão em um debate e foi ameaçado pelo grupo de Pansera.
Paula Moura afirmou no vídeo que circula nos grupos de WhatsApp sobre ter convicção da falta de lisura de como ocorreram as filiações e a votação para o PED este ano. “Esse vídeo será encaminhado à Comissão de Ética do Partido dos Trabalhadores. Fica confirmado que de fato existiram filiações com um único objetivo: de fazer garrafinha para votar nesse processo eleitoral”.
Em suas redes sociais, a militante registrou mais sobre sua revolta com o PED em Duque de Caxias: “Essa cidade é um laboratório que cria tudo o que não presta. A política não faz ninguém corrupto. A pessoa já é corrupta por natureza. A corrupção não vem da política, e sim das pessoas. Os canalhas estão em todos os lugares, mas essas pessoas não estão acima da justiça e da lei. Espero que providências sejam tomadas”
(https://www.instagram.com/reel/DL01tiivZr7/?igsh=MWJ5OHc0b2NvdWpiNA==).

Nos grupos de WhatsApp circulam também vídeos de apoiadores de Rute Alves preenchendo cédulas de votação para filiados no local de votação Espaço Barros, no bairro Jardim Anhangá. As gravações foram feitas e registradas em ata pela fiscal Paula Moura, mas na apuração, segundo relato dela, "desconsideraram e riram".
Outra filiada local, Izabel Costa, criticou duramente a corrente CNB Favela (de Quaquá). "Uma tristeza tudo o que vimos nesse PED. Minha solidariedade aos compas de Caxias que não se renderam a essa vergonha. Mas o debate deve começar por dentro ou saiam da corrente onde 90% do PT Caxias está: na CNB. Dão os votos para a CNB que escolhem os seus caciques. Muitas vezes vindos de fora", disse ela.
Já em outro print que circula, a militante Gina Guimarães relatou ter sido alvo de intimidações após ter exposto no grupo do PT Caxias notícias sobre denúncias do que vinha ocorrendo no pré-PED. Segundo as reportagens, Quaquá e Celso Pansera estariam operando tanto na compra de filiações, quanto na de votos.
"...eu fui a única que várias vezes postei aqui no grupo do PT Caxias, até no outro grupo do PT mostrando o que estava ocorrendo em Maricá , sobre Quaquá e Pantera sobre compras de votos, parecia que ninguém estava sabendo. Até nas minhas redes sociais postei isso, de repente ligações pro meu celular começou a chover número particular. Mas, não me intimidei , continuei postando...", escreveu a filiada do PT Caxias.
São relatos que sinalizam um ambiente eleitoral contaminado, permeado por interferência de atores externos, uso abusivo do poder econômico e da máquina pública de Maricá a serviço dos interesses pessoais de alguns.
O episódio do PED em Duque de Caxias evidenciou não apenas falhas graves de transparência e segurança eleitoral, mas também o avanço de uma estratégia coordenada para atrapalhar a democracia interna do partido. Ficou evidente, ao longo de todo esse processo, a clara presença de recursos públicos e interesses vinculados ao Sheik do PT Quaquá e seu aliado em Caxias, Celso Pansera, pretenso candidato a deputado federal.
O portal Na Rua Jornalismo trouxe, às vésperas do PED, mais uma denúncia grave do uso da máquina pública de Maricá a serviço do PT. Servidores do ICTIM entraram em contato alegando os favorecimentos dados aos aliados caxienses de Pansera, como rotina de trabalho diferenciada.
Um deles disse: “Sim, aqui tem muita gente de Caxias espalhada pelas organizações sociais contratadas pelo ICTIM e aqui mesmo na sede, principalmente nas diretorias dos diretores que são do grupo do Pansera”.
A reportagem surgiu a partir de um meme que viralizou nas redes. Nela, Celso Pansera está vestido de Silvio Santos, distribuindo aviõezinhos de dinheiro. Na “brincadeira”, a frase icônica do famoso apresentador, “Quem quer dinheiro?”, acompanhada da legenda “Pansera distribui grana e cargos na cidade de Maricá pra garantir a Presidência e vagas na Executiva municipal do PT Caxias”. Confira:
https://naruajornalismo.com/disputa-pelo-comando-do-pt-caxias-faz-aparecer/

A apuração parcial, a omissão de votos registrados, as denúncias de boca de urna, chantagem econômica e ameaças marcam esse processo como cristalização de um modelo de disputa política viciado — com marionetes e dinheiro, prestigiando mais o poder do que a vontade dos filiados.
São Gonçalo e capital também sofreram forte interferência do poderio financeiro operado por Quaquá
Vale ressaltar que essa mobilização imoral de Quaquá e seus aliados também repercutiu em outras cidades fluminenses. São Gonçalo, por exemplo, chegou a concentrar quase 10 mil pessoas no Clube Mauá, tumultuando o processo ao máximo. Mesmo com a votação marcada para iniciar as 9h, Maricá enviou "filiados gonçalenses" em diversos ônibus que chegaram às 7h. Ou seja, quando os verdadeiros militantes gonçalenses chegaram para votar às 9h, o caos estava instalado com filas quilométricas que ninguém sabia onde começava ou onde terminava.
Além disso, o início da votação atrasou em quase duas horas porque simplesmente a lista dos votantes estava incompleta. O resultado desse caos foi que muitos militantes de verdade desistiram de votar, e os recém-filiados garrafinhas de Maricá cumpriram sua missão do dia: tumultuar o processo e garantir que o Cacique-Sheik do PT ficasse satisfeito. Basta ver o que o @sgnoticia registrou: https://www.instagram.com/reel/DLxicu2geDY/
O perfil @cafecomfofocanews também noticiou uma briga ocorrida no local por conta da confusão: https://www.instagram.com/reel/DLxspDOOuyc/?igsh=MXB3MTFwajc4eGt1NQ==
Já na capital fluminense, enquanto o PED acontecia, os vídeos e prints de conversas entre militantes que sinalizavam o uso da máquina pública em Maricá para levar eleitores às urnas eram enviados à CNN.
Procurado pela CNN, o secretário de formação do PT fluminense, Olavo Brandão Carneiro, apontou o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, como responsável por uma mobilização “atípica” na cidade.
“Tenho certeza que houve compra de votos e uso do poder econômico no PED do Rio de Janeiro”, afirmou à CNN. Ligado ao grupo mais à esquerda do partido, Brandão declarou que encaminhará as denúncias ao diretório nacional.

Veja a reportagem:
https://www.cnnbrasil.com.br/blogs/pedro-venceslau/politica/ala-do-pt-denuncia-compra-de-votos-em-eleicao-interna-do-partido/
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