Racha no PSDB: Teresa Bergher versus Talita Galhardo em briga sobre direitos humanos

Veterana política ensina lição de humanidade à correligionária polêmica

Racha no PSDB: Teresa Bergher versus Talita Galhardo em briga sobre direitos humanos

Presidente municipal do PSDB-RJ critica duramente vereadora Talita Galhardo após polêmica sobre distribuição de quentinhas

A política carioca presenciou neste fim de semana um embate interno no PSDB que expôs as contradições ideológicas dentro do próprio partido. Teresa Bergher, presidente municipal da legenda no Rio de Janeiro e veterana na defesa dos direitos humanos, não poupou críticas à correligionária Talita Galhardo após suas declarações controversas sobre a assistência a pessoas em situação de rua. Como disse Eleanor Roosevelt: "Onde, afinal, começam os direitos humanos universais? Em pequenos lugares, perto de casa."

O estopim da discórdia interna

A polêmica teve início quando a vereadora Talita Galhardo (PSDB-RJ) publicou um vídeo nas redes sociais orientando a população carioca a não distribuir quentinhas para pessoas em situação de rua. Segundo a parlamentar de primeira viagem, tal prática "estimula a permanência nas calçadas" e "acaba ajudando a aumentar índices de criminalidade". As declarações geraram uma onda de indignação que rapidamente se espalhou pelas redes sociais e chegou aos corredores da Câmara Municipal.

O timing das declarações tornou a situação ainda mais constrangedora: elas foram feitas exatamente no Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos, uma data que deveria simbolizar a solidariedade e o respeito à dignidade humana. Para Teresa Bergher, essa coincidência temporal transformou um erro político em uma afronta aos valores fundamentais da democracia.

A resposta contundente da veterana

Teresa Bergher, conhecida por sua trajetória na defesa dos direitos humanos e ex-secretária municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, não hesitou em confrontar publicamente sua correligionária. Com a autoridade de quem dedicou décadas ao serviço público e à proteção dos mais vulneráveis, ela classificou as declarações de Talita como "desumanas e absurdas".

A crítica de Teresa foi além da simples discordância política, questionando diretamente a visão de mundo da vereadora novata: "Para a vereadora Talita, pobre é sinônimo de bandidagem?". A pergunta retórica expôs o cerne da questão – a criminalização da pobreza que permeia certas correntes do pensamento político brasileiro.

A ironia dos verdadeiros criminosos

Em sua resposta, Teresa Bergher utilizou uma ironia mordaz para desconstruir o argumento de Talita Galhardo. A presidente municipal do PSDB lembrou que "os maiores criminosos, os maiores ladrões, não comem quentinhas, mas queijos importados e muito caviar". A frase sintetiza uma crítica social profunda: enquanto pessoas em vulnerabilidade social são criminalizadas por sua condição, os verdadeiros responsáveis por grandes esquemas de corrupção desfrutam de privilégios e luxos.

Essa observação revela a experiência de Teresa no trato com questões sociais complexas, contrastando com a visão simplista apresentada por sua correligionária. A veterana política demonstra compreender que a criminalidade tem raízes muito mais profundas que a simples presença de pessoas em situação de rua nas calçadas.

Precedentes históricos de insensibilidade

Teresa Bergher aproveitou o momento para relembrar casos similares de políticos que demonstraram insensibilidade social ao longo dos anos. Ela citou o ex-deputado federal Índio da Costa, que chegou a apresentar um projeto de lei proibindo esmolas quando atuava na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Outro caso emblemático mencionado foi o da ex-vereadora Leila do Flamengo, que em 2013 afirmou ser "hipocrisia dizer que mendigo tem o mesmo direito que os cidadãos". Na época, Teresa, como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, foi uma das vozes que se levantaram contra essas declarações, demonstrando sua coerência histórica na defesa dos direitos fundamentais.

O racha ideológico no PSDB

O embate entre Teresa Bergher e Talita Galhardo expõe uma fissura ideológica significativa dentro do PSDB carioca. De um lado, temos a corrente histórica do partido, representada por Teresa, com forte tradição na defesa dos direitos humanos e políticas sociais inclusivas. Do outro, emerge uma ala mais conservadora, exemplificada por Talita, que adota discursos de endurecimento social.

Essa divisão reflete tensões maiores que atravessam não apenas o PSDB, mas todo o espectro político brasileiro. A questão da assistência social e do tratamento às pessoas em situação de vulnerabilidade tornou-se um divisor de águas que separa visões humanitárias de abordagens punitivas.

A experiência versus o populismo

O contraste entre as duas tucanas não poderia ser mais evidente. Teresa Bergher traz consigo décadas de experiência prática na gestão de políticas públicas voltadas para os mais necessitados. Como ex-secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, ela conhece a complexidade dos problemas sociais e a necessidade de soluções estruturais.

Talita Galhardo, por sua vez, representa o fenômeno do político novato que busca visibilidade através de declarações polêmicas, muitas vezes sem considerar as consequências práticas de suas propostas. Sua abordagem simplista da questão social contrasta com a experiência técnica e humanitária de sua correligionária.

O apelo por retratação

Teresa Bergher encerrou suas críticas com um apelo direto à vereadora novata: "Agora, espera-se também uma retratação de Talita. Não é possível que ela tenha dito o que disse". O pedido de retratação não representa apenas uma cortesia política, mas uma tentativa de preservar a imagem do partido e seus valores históricos.

A expectativa de uma retratação também reflete a gravidade das declarações de Talita na perspectiva de quem dedica a vida à defesa dos direitos humanos. Para Teresa, as palavras da correligionária ultrapassaram os limites do debate político legítimo e adentraram o território da desumanização.

Repercussões nas redes sociais

A polêmica gerou intensa movimentação nas redes sociais, com internautas se dividindo entre críticas e apoios às declarações de Talita Galhardo. Enquanto alguns defenderam uma abordagem mais rígida em relação às pessoas em situação de rua, outros se alinharam com a posição de Teresa Bergher, defendendo a manutenção da solidariedade social.

O episódio demonstra como as redes sociais se tornaram palco de debates políticos que extrapolam os limites tradicionais dos parlamentos e gabinetes. A velocidade de propagação das informações amplifica tanto os acertos quanto os erros políticos, exigindo maior responsabilidade dos representantes eleitos.

O futuro do PSDB carioca

O embate interno no PSDB carioca levanta questões sobre o futuro ideológico do partido na cidade. A coexistência de visões tão antagônicas sobre questões fundamentais como direitos humanos e assistência social pode gerar tensões que transcendem este episódio específico.

A forma como o partido lidará com essa divergência interna será um teste importante para sua coesão e identidade política. A capacidade de Teresa Bergher, como presidente municipal, de conduzir o diálogo interno e manter a unidade partidária será fundamental para o futuro da legenda no Rio de Janeiro.

Conclusão

O confronto entre Teresa Bergher e Talita Galhardo no PSDB carioca representa mais que uma simples divergência política interna. Ele simboliza o embate entre duas visões de mundo: uma que enxerga a assistência social como dever humanitário e outra que a vê como incentivo à marginalização.

A experiência e autoridade moral de Teresa Bergher contrastam com o ímpeto polêmico da vereadora novata, criando um cenário que exige reflexão sobre os rumos da política social brasileira. O episódio serve como lembrete de que a defesa dos direitos humanos não é uma questão partidária, mas um compromisso civilizatório que transcende legendas e ideologias.

A expectativa agora recai sobre a resposta de Talita Galhardo às críticas recebidas e sua capacidade de reconhecer os equívocos de suas declarações. O futuro da convivência interna no PSDB carioca dependerá da maturidade política de ambas as partes em encontrar um caminho que preserve tanto a unidade partidária quanto os valores fundamentais.

Com informações Tempo Real


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Por Jornal da República em 22/12/2025
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