Roberto Campos Neto deveria ser investigado: recebeu do FGC 38 comunicados pedindo esclarecimentos sobre o Master e não agiu

Roberto Campos Neto deveria ser investigado: recebeu do FGC 38 comunicados pedindo esclarecimentos sobre o Master e não agiu

A crise envolvendo o Banco Master expôs falhas graves na supervisão do sistema financeiro e levantou questionamentos sobre a postura do então presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Documentos e relatos indicam que o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) enviou 38 comunicados oficiais alertando para riscos relevantes na operação do Master, mas nenhuma ação contundente foi tomada para conter o avanço das irregularidades.

Sinais ignorados

Os alertas do FGC descreviam problemas consistentes nas operações do banco, especialmente no aumento acelerado da captação e na exposição a ativos considerados arriscados. Mesmo com sucessivos pedidos de esclarecimento, o Banco Central teria adotado uma postura considerada branda, permitindo que o Master continuasse crescendo sem ajustes estruturais.

Além dos comunicados formais, outros agentes do mercado já demonstravam preocupação com a expansão atípica do banco, que chegou a captar mais de R$ 45 bilhões oferecendo rentabilidades acima do padrão de mercado. Nada disso, porém, gerou uma intervenção mais firme por parte da autoridade monetária.

A norma que favoreceu instituições vulneráveis

Um dos pontos que mais gerou críticas foi a edição de uma norma em outubro de 2023 que permitiu que bancos com elevada exposição a precatórios mantivessem suas estruturas sem recalcular o risco desses ativos. A mudança beneficiou diretamente instituições em situação sensível — entre elas, o próprio Master — que, segundo especialistas, deveriam estar sob vigilância reforçada.

Essa flexibilização regulatória é vista como um dos fatores que permitiram que a operação considerada frágil se mantivesse sem necessidade de ajustes profundos ou aumento de capital.

Relações políticas e suspeitas

As críticas também recaem sobre relações políticas que ligavam Campos Neto a aliados próximos do controlador do Master. Encontros públicos e aproximações com figuras influentes do cenário político alimentam questionamentos sobre possíveis interferências ou favorecimentos indiretos na condução da supervisão do banco.

Crescimento acelerado e risco sistêmico

A explosão de captação do Master, somada à oferta de rendimentos elevados e à concentração em carteiras arriscadas, despertou alertas no mercado financeiro. Para analistas, esse conjunto de fatores indicava que o banco merecia uma atuação mais rígida da autoridade reguladora — o que não ocorreu.

Necessidade de investigação

Diante da soma de alertas ignorados, decisões regulatórias controversas e possíveis conflitos de interesse, cresce a pressão para que se investigue formalmente o papel de Roberto Campos Neto na condução do caso. A omissão — voluntária ou não — permitiu que o problema atingisse proporções que agora afetam investidores, o sistema financeiro e a credibilidade do órgão regulador.

 

Fonte: Brasil247

Por Jornal da República em 21/11/2025
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