Saiba os lugares secretos que só cariocas da gema conhecem

Praia do Secreto: oásis natural no Rio | Reprodução

Saiba os lugares secretos que só cariocas da gema conhecem

Saiba os lugares secretos que só cariocas da gema conhecem

Conheça praias escondidas, cachoeiras cristalinas e parques repletos de animais

O Rio é uma cidade de cidades misturadas, dizia Fausto Fawcett.

Então esqueça Copacabana, Ipanema e aquele quiosque da orla com pastel caro. O Rio guarda segredos que só quem é raiz conhece — e são de cair o queixo. Praias escondidas, cachoeiras cristalinas e parques repletos de animais de todo tipo, tamanho e cor, perfeitos para quem quer sumir do mapa (ou pelo menos do GPS). Se você está pronto para trocar o buzinaço pelo som dos grilos, preparamos uma lista com dicas quase secretas que provam: o melhor do Rio pode estar bem longe dos cartões-postais.

  • Parque da Chacrinha

O que é?

Unidade de conservação urbana, que poucos moradores da própria Copacabana conhecem. Ela foi criada em 1969 pelo Decreto Estadual nº 2.853, mas implantada efetivamente somente em 1984 em uma antiga área militar conhecida como “Chacrinha” ou “pequena chácara”. É uma área protegida de 3,7 a 13,3 hectares (varia conforme a fonte) de Mata Atlântica nativa dos morros de São João e Babilônia. Desde 2007, passou à gestão da prefeitura e faz parte do Parque Natural Municipal Paisagem Carioca, embora mantenha o nome original.

Onde fica?

Localizado no final da Rua Guimarães Natal, entre a Ladeira do Leme e a Rua Assis Brasil, bairro Copacabana, Zona Sul do Rio. Estende-se do entorno da Praça Cardeal Arcoverde até o antigo portal do Leme, em encostas e morros urbanizados.

Como chegar?

De Metrô, desça na Estação Cardeal Arcoverde (Linha 1), que fica a cerca de 250 m da entrada. Se preferir o buzão, pode pegar qualquer linha que passe pela Barata Ribeiro, Tonelero ou Rua Guimarães Natal.  De carro ou app entre pela Rua Guimarães Natal; estacionamento disponível nas ruas próximas pela RioRotativo. O parque também tem bicicletário e conexão com ciclovias locais.

O que saber antes de ir?

O parque é um programa imperdível para os pequenos, devido a imensa quantidade de miquinhos que circulam sem receio entre os humanos.  As trilhas são leves, inclusive a que leva ao alto do Morro de São João. O local conta com ruínas históricas da antiga fortaleza do Leme, aqueduto do século XVIII, caminhos de mulas da Colônia e ruínas de uma casa do início do século XX. Abriga também fauna diversificada, com exemplares de tatus, gavião-carijó, corujas, anus e sanhaços.

  • Cachoeira das Almas

O que é

A Cachoeira das Almas é uma das principais quedas d’água da Floresta da Tijuca. É um destino acessível, cercado por Mata Atlântica densa, e historicamente relevante por seu uso ritualístico e origem africana e sincréticos praticados por escravizados no século XIX. É uma cachoeira natural com cerca de quatro a sete metros de altura, formada pelo curso do Rio das Almas, afluente do Rio dos Macacos.

Seu poço é raso, ideal para banho, e ela é a única cachoeira do Setor Floresta (Alto da Boa Vista) onde o banho é oficialmente permitido. A cachoeira era um ponto de encontro espiritual, especialmente à noite, para cultos e banhos rituais em homenagem às “almas” dos antepassados.

Com poço raso, cachoeira é ideal para o banho | Reprodução

Onde fica?

No Setor A (Setor Floresta), a aproximadamente 3 km da entrada principal do Parque Nacional da Tijuca, o maior parque urbano de floresta replantada do mundo, na Praça Afonso Viseu, Alto da Boa Vista.

Como chegar?

Se você for de carro, acesse pela Praça Afonso Viseu (Alto da Boa Vista); há estacionamento próximo.  Caso prefira ir de Metrô, desça na estação Uruguai e pegue um dos ônibus para o Alto da Boa Vista. Linhas como 301, 302 e 345 param nas proximidades.

O que saber antes de ir?

É fundamental consultar a a previsão do tempo: em dias de chuva a trilha pode ficar escorregadia e o volume da água aumenta. O sinal de celular é fraco ou inexistente no interior do parque, avise alguém antes de entrar. O ideal é ir em grupo ou aos fins de semana, quando há mais visitantes e segurança reforçada. As regras aqui são muito  rígidas. Não pode levar animais de estimação, caixas de som, fazer churrascos ou usar sabão, shampoo, ou qualquer produto químico no poço.

  • Escadaria do Grajaú

O que é?

Os gozadores de plantão costumam chamá-la de Escadaria do Selarón da Shopee, em comparação ao famoso ponto turístico de Santa Teresa. Localizada na Rua Itabaiana, a escadaria foi transformada em mosaico entre setembro e dezembro de 2021, em um projeto comunitário-cultural impulsionado pela Subprefeitura da Grande Tijuca. Idealizada pelo pastor Francisco Ribeiro e executada com o arquiteto Rafael Vasconcelos, contou com dezenas de voluntários. Moradores relataram que o espaço voltou a ser frequentado regularmente, com casamentos marcados, vídeos, gravações e propostas de eventos culturais

Onde fica?

Fica próxima ao Parque Estadual do Grajaú e ao Pico do Perdido, sendo cerca de 10 minutos a pé tanto do antigo Jardim Zoológico quanto de trilhas ecológicas.

Escadaria do Grajaú | Reprodução

Como chegar

É uma moleza. O acesso pode ser feito por metrô (linha 1) até Catete ou Central, seguido de ônibus (linhas 422, 435, SN422 ou 608 até o bairro Grajaú)

O que saber antes de ir?

Ela é considerada uma das “Sete Maravilhas da Grande Tijuca”, por ter revitalizado o ambiente e resgatou o uso pelos moradores. A subida é tranquila até para os fumantes. Ela tem 71 degraus, com cerca de 6 metros de largura, revestidos com mosaico de aproximadamente 50 mil cacos de cerâmica.

Os espelhos dos degraus formam padrões geométricos coloridos, e nos patamares está gravada a letra do clássico “Se Essa Rua Fosse Minha”. O assentamento foi manual, realizado por cerca de 6 voluntários, incluindo o arquiteto Rafael Vasconcelos e o pastor Francisco Ribeiro, com jornadas de até 14 horas por dia durante cerca de três meses (setembro a dezembro de 2021).

  • A piscina das Cagarras

O que é?

Localizada na ilhota Filhote da Cagarra, é um verdadeiro “oásis escondido” no meio do mar carioca. Ela é uma lagoa natural formada entre rochas, conhecida como “pool de maré”: quando a maré enche, a água invade a depressão, e ao baixar, se forma uma piscina protegida ideal para flutuação e observação de peixinhos, sem a turbulência do oceano. É o lugar para quem busca um refúgio sereno, sem multidões, contato com a natureza marinha protegida e para os mais aventureiros experiência de snorkeling raso, nadando entre peixes, algas e corais.

Onde fica?

A piscina fica na ilhota Filhote da Cagarra, bem próxima à Ilha Cagarra principal — acessível apenas de barco ou caiaque. O arquipélago fica a aproximadamente 5 km ao largo de Ipanema, visível da Praia do Arpoador até a Ponta do Leblon.  Apesar de relativamente perto das areias escaldantes da Zona Sul, vale o registro de que não é de bom tom se arriscar a ir sozinho ou com pouca gente. Haja vista o recente incidente com 100 praticantes de stand-up paddle que foram arrastados pelas marés.

Como chegar

Saia da Marina da Glória ou do Posto 6 de Copacabana (onde funciona a Colônia de Pescadores Z-13). Contrate um passeio de barco, lancha ou catamarã com empresas como A Fantasma Boat, Lobster Boat Rio e TLN Eventos cujos pacotes incluem paradas para mergulho na piscina. Os preços variam entre R$ 500 por uma lancha rápida para grupos pequenos até cerca de R$ 6 mil para catamarãs ou iates de luxo — que nesse caso costumam oferecer open bar e refeições. Importantíssimo: verifique com o operador se o mar está calmo e a maré propícia, já que a piscina só se forma nas marés médias ou baixas.

O que saber antes de ir?

Leve snorkel e sapatilha de neoprene, por conta de pedras e pequenos animais. Evite nadar sozinho —  prefira grupos ou guias credenciados da colônia Z-13. Não esqueça do protetor solar e de uma boa garrafa de água, já que não há nenhuma estrutura nas ilhas, e siga sempre as normas do Mona Cagarras: sem lixo, sem acampamento, sem incomodar a fauna local.

  • Praia do Secreto

O que é?

O Secreto é uma pequena piscina natural, com cerca de 12 m de comprimento por 5 m de largura, formada entre rochas ao longo da Pedra do Pontal. Em dias de maré baixa e mar calmo, a água cristalina cria um refúgio sereno, ideal para mergulhos tranquilos — com visual digno de um episódio da série White Lotus. Quando a maré está baixa, a “piscina” se forma plenamente; em maré alta, ela desaparece e as ondas podem invadir com violência.

Como chegar?

Siga pela Avenida Estado da Guanabara, entre Praia da Macumba e Prainha. Estacione no Mirante do Roncador (há guardadores por cerca de R$ 5; estacionar irregularmente pode resultar em multas ou reboque). Siga por uma trilha de cerca de 200 metros, leve, mas com trecho final íngreme e escorregadio em rocha. A descida envolve um paredão de 15 m, exigindo atenção e equilíbrio que não é recomendada para quem sofre de vertigens ou pessoas com mobilidade reduzida. A entrada propriamente dita é demarcada por portão ou por uma assustadora placa vermelha que avisa: “Risco de morte”. Volte antes que a maré suba.

O que saber antes de ir?

O local não tem sinal de celular, ambulantes, banheiros, salva-vidas ou iluminação; não há estrutura turística. As rochas ficam escorregadias após chuva, ou seja, um tênis ou sapatilha são altamente recomendados. A variação da maré altera a experiência: em maré alta, ondas podem “arrastar pessoas contra as pedras”; em maré muito baixa, a piscina desaparece. o ideal é chegar cerca de 1 hora antes da maré mais baixa, para aproveitar no início e sair antes da subida. Evite fins de semana e feriados, quando o local pode ficar cheio.

Via agenda do Poder

Por Jornal da República em 29/06/2025
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