Sem anistia, não haverá eleição em 2026, diz Eduardo Bolsonaro

Sem anistia, não haverá eleição em 2026, diz Eduardo Bolsonaro

ISem anistia, não haverá eleição em 2026, diz Eduardo Bolsonaro. Foto: Arquivo Pessoal

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) retomou o tom golpista que marcou os governos de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e disse, nesta quinta-feira (2/10), que não haverá eleição em 2026 se o Congresso não aprovar uma anistia.

“Anistia é o mínimo, é a defesa tolerável da democracia. Querer flexibilizar a anistia soa como suavizar a vida de ditadores, que só respeitam o que temem”, argumentou o parlamentar, que está nos Estados Unidos desde janeiro para pleitear sanções ao Brasil.

Na última segunda-feira, Eduardo chegou a publicar um vídeo para pressionar deputados de direita a ressuscitar a discussão pela anistia, que foi substituída pelas articulações por uma revisão das penas dos golpistas do 8 de janeiro que pode beneficiar Bolsonaro.

O filho 03 do ex-presidente afirmou que o texto “condena ao exílio perpétuo todos aqueles perseguidos por (Alexandre de) Moraes” e criticou a estratégia de alguns deputados de votar favoravelmente ao relatório do PL da Dosimetria para tentar alterá-lo nos destaques (trechos votados em separado).

“Os deputados que defenderem a estratégia de lutar pelos destaques, a fim de se alcançar a anistia, estão mentindo para você. Ou, no mínimo, morderam a isca dos opositores da anistia, porque não teremos votos para aprovar os destaques. (…) Cobre o seu deputado. Dosimetria, não. Destaque, não. Só anistia no texto-base”, afirmou.

Obstáculo

Como o Correio mostrou na semana passada, a postura inflexível de Eduardo na defesa da anistia e as críticas a um projeto de redução de penas para os golpistas do 8 de janeiro têm causado dor de cabeça para figuras da direita no Congresso e para aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Apesar de os irmãos de Eduardo também defenderem publicamente uma anistia que inclua Bolsonaro, o deputado foi quem ameaçou com sanções os presidentes da Câmara e do Senado, que nas últimas semanas demonstraram descontentamento com as pressões do parlamentar.

Afirmou, também, que seria candidato ao Planalto em 2026, mesmo contra a vontade do pai, o que tem atrapalhado a vida de potenciais candidatos do campo da direita para o ano que vem.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chegou a dizer em 19 de setembro que Eduardo ajudaria a matar o pai se lançasse sua candidatura. O deputado reagiu. Comentou que o comentário do cacique foi uma “canalhice”.

Sem anistia

Apesar da pressão, se algum texto sobre o assunto prosperar, será uma versão light daquela defendida por bolsonaristas nos últimos meses e não servirá para livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro da prisão. Mesmo assim, o clima político não é favorável.

Na semana passada, o relator do PL da Dosimetria, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), disse ao Correio que só apresentaria seu parecer depois de resolvido um impasse político entre Câmara e Senado.

O impasse teve duas frentes: a derrubada, pelo Senado, da PEC da Blindagem aprovada pela Câmara; e a aprovação, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), também do Senado, de uma proposta idêntica à isenção do IR relatada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Soma-se a isso o fato de o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) querer se distanciar de pautas impopulares depois de o Congresso ter sido alvo de protestos em todo o país em 21 de setembro. Parte desse esforço foi a aprovação da isenção do IR na quarta (1º).

Paulinho da Força segue conversando com partidos, mas ainda não há qualquer definição de quando o tema vai prosperar.

Por Jornal da República em 04/10/2025
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