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Sérgio Chaves Jr. esclarece que energias fósseis permanecerão na matriz por décadas durante seminário no Golfe Olímpico
O subsecretário de Energia e Economia do Mar - SEENEMAR, Sérgio Chaves Jr., defendeu nesta quarta-feira uma abordagem gradual e responsável para a transição energética durante o Seminário das Energias Limpas, realizado no Golfe Olímpico. Em entrevista exclusiva, o gestor esclareceu que nenhuma fonte de energia será completamente substituída, contrariando narrativas de mudança drástica na matriz energética global.
"Nenhuma energia será substituída. A história mostra que de todas as fontes de energia que o ser humano já utilizou desde a lenha, a única fonte que hoje não está mais na matriz energética foi o óleo de baleia", explicou Chaves Jr., destacando que todas as demais fontes continuam sendo utilizadas, apenas com percentuais diferentes na composição energética mundial.
O subsecretário enfatizou que o Rio de Janeiro possui condições únicas para liderar a transição energética nacional, mantendo sua posição como "capital das energias limpas". Durante o evento, que reuniu academia, governo e indústria, foram discutidas as potencialidades estaduais para aproveitamento de diversas fontes energéticas renováveis.
"Colocar aqui academia, governo, indústria, todo mundo conversando sobre as potencialidades e como melhor aproveitar esse potencial do estado para a transição energética é fundamental", declarou o gestor, ressaltando a importância do diálogo entre diferentes setores para construção de políticas públicas eficazes.
Chaves Jr. destacou que o setor de óleo e gás continuará sendo fundamental no financiamento da própria transição energética. "Não podemos esquecer aquele principal setor da energia que nós temos, que é o setor de óleo e gás, que em última análise é quem acaba financiando grande parte dessa transição", observou.
Biometano como solução inovadora para resíduos urbanos
Entre as diversas fontes de energia limpa disponíveis no estado, o subsecretário demonstrou particular entusiasmo pelo biometano, destacando sua capacidade de resolver problemas ambientais urbanos. "Sou apaixonado pelo biometano porque ele resolve um problema grande que é o resíduo urbano, é o lixo das cidades que a gente tem e que depois a gente pega isso, transforma em energia", explicou.
O biometano representa uma solução duplamente vantajosa: reduz o volume de resíduos sólidos urbanos enquanto gera energia limpa. Esta tecnologia permite transformar lixo orgânico em combustível, contribuindo para a economia circular e reduzindo a pressão sobre aterros sanitários nas grandes cidades fluminenses.
O Rio de Janeiro já ocupa a segunda posição nacional na produção de biometano, demonstrando o potencial de expansão desta fonte energética. A SEENEMAR tem implementado decretos que incentivam a inclusão de até 10% de biometano na distribuição de gás, criando mercado garantido para esta fonte renovável.
Além do biometano, o subsecretário mencionou outras fontes promissoras no estado, incluindo energia nuclear - "a energia mais limpa que nós possuímos" -, hidrogênio verde, biocombustíveis e energia solar fotovoltaica, já presente nos 92 municípios fluminenses.
Realismo sobre veículos elétricos e especificidades brasileiras
Questionado sobre as controvérsias envolvendo veículos elétricos, Chaves Jr. ofereceu uma análise equilibrada, reconhecendo tanto benefícios quanto limitações desta tecnologia. O gestor lembrou que o Brasil possui o programa de veículos verdes mais antigo do mundo, referindo-se ao Proálcool, implementado na década de 1970.
"O Brasil tem a sua realidade, nós temos essa diversidade e quantidade de energia que a Europa já não tem, o Japão não tem. Então eles precisam de novas fontes de maneiras de utilizar os seus veículos", contextualizou o subsecretário, destacando as especificidades nacionais na discussão sobre mobilidade sustentável.
Para Chaves Jr., a grande vantagem dos veículos elétricos está na melhoria da qualidade do ar em grandes centros urbanos. "Num grande centro urbano, onde você tem uma concentração muito grande de veículos, você reduz muito as emissões de carbono que ali estão. Então a qualidade do ar nas cidades fica bastante melhorada", explicou.
Esta abordagem pragmática reconhece que diferentes tecnologias podem coexistir, atendendo necessidades específicas de cada região e contexto urbano. O crescimento dos veículos elétricos nas capitais brasileiras demonstra a viabilidade desta tecnologia em ambientes urbanos densos.
Descarbonização marítima exige cautela estratégica
Como especialista em economia do mar, Chaves Jr. abordou os desafios da descarbonização do transporte marítimo, setor responsável por 90% do comércio global. O subsecretário defendeu uma transição cuidadosa, alertando para os riscos de mudanças precipitadas neste setor estratégico.
"Na hora que eu vou alterar o combustível dos navios que fazem esse transporte, se eu não tomar cuidado, a emenda pode ser pior do que o sonegro", advertiu, usando expressão popular para ilustrar os riscos de soluções mal planejadas. Esta preocupação reflete a complexidade técnica e econômica envolvida na mudança de combustíveis marítimos.
A Organização Marítima Internacional (IMO) decidiu postergar em um ano a entrada em vigor de novas regras para descarbonização do setor, decisão que o subsecretário considera acertada. "Isso tem que ser feito com calma, tem que ser feito com tranquilidade", enfatizou.
O Rio de Janeiro, com seus 635 quilômetros de costa e intensa atividade portuária, tem interesse estratégico no desenvolvimento de soluções sustentáveis para o transporte marítimo. A SEENEMAR desenvolve estudos para eletrificação de navios em parceria com a UFRJ, buscando soluções adaptadas à realidade brasileira.
Integração entre setores tradicionais e inovação
O subsecretário destacou exemplos concretos de como o setor tradicional de óleo e gás pode financiar a transição energética. O projeto de eólicas offshore em parceria com a Petrobras e o decreto de compensação energética demonstram esta integração estratégica.
"A gente usa as potencialidades do setor de óleo e gás para financiar a transição energética, que tem que ser feito de uma maneira justa", explicou Chaves Jr., enfatizando que a transição deve considerar os empregos gerados e a tecnologia já desenvolvida no setor tradicional.
Esta abordagem equilibrada busca aproveitar a expertise e os recursos do setor de óleo e gás para acelerar o desenvolvimento de energias renováveis, evitando rupturas que poderiam prejudicar a economia fluminense. O estado mantém assim sua liderança energética enquanto diversifica sua matriz.
O seminário no Golfe Olímpico, realizado pela Rede Criativa com apoio da SEENEMAR, representa um marco na discussão sobre o futuro energético do Rio de Janeiro. A iniciativa reforça o compromisso estadual com um desenvolvimento sustentável, eficiente e alinhado às metas globais de preservação ambiental.
Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar – SEENEMAR
A Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar (SEENEMAR) foi criada em 1º de janeiro de 2023, ratificando o papel estratégico da energia e da economia do mar para o Estado do Rio de Janeiro.
A SEENEMAR atua para consolidar o Estado do Rio como um HUB de energia nacional e referência na transição energética do país para uma matriz mais diversificada e limpa. Com uma gestão eficiente e ações estratégicas, que fomentem o ambiente de negócios das atividades relacionadas à energia e economia do mar, a Secretaria visa favorecer o desenvolvimento sustentável do Rio de Janeiro com a atração de investimentos e a geração de emprego e renda para a população fluminense.

Repórter Ralph Lichotti - Advogado e Jornalista, Editor do Ultima Hora Online e Jornal da República, Foi Sócio Diretor do Jornal O Fluminense e acionista majoritário do Tribuna da Imprensa, Secretário Geral da Associação Nacional, Internacional de Imprensa - ANI, Ex- Secretário Municipal de Receita de Itaperuna-RJ, Ex-Presidente da Comissão de Sindicância e Conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa - ABI - MTb 31.335/RJ
Por Robson Talber @robsontalber
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