STF decreta prisão de Alexandre Ramagem após saída clandestina do país

Caso Ramagem não seja encontrado pelas autoridades no Brasil, ele será considerado foragido

STF decreta prisão de Alexandre Ramagem após saída clandestina do país

Além de cumprir pena de prisão, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) ficará inelegível, se a condenação do STF se mantiver como está (ainda cabe recurso) - (crédito: Zeca Ribeiro/Câmara)

Nesta sexta-feira, (21/11) o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a prisão do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), após análise da Polícia Federal ver indícios de risco de fuga por parte do congressista, condenado há 16 anos pela Trama Golpista. O mandado foi expedido pelo relator do caso no STF, ministro Alexandre de Morais. 

Caso Ramage não seja encontrado pelas autoridades no Brasil, ele será considerado foragido. Na última quinta (20), o PSOl pediu a prisão preventiva do parlamentar e ainda a do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier; do ex-ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno; do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres; e do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. Todos estes foram condenados pela tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O documento não cita a prisão de Jair Bolsonaro (PL), que está preso preventivamente em regime domiciliar.

Após julgamento da primeira turma do STF, concluído em setembro, Ramagem foi condenado a 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão pelos crimes de: organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. decisão do STF determinava que ele não poderia deixar o país e que deveria entregar o passaporte.

O pedido foi feito pelo bloco de parlamentares após reportagem denunciar  que o deputado está em Miami, nos Estados Unidos. Segundo os parlamentares do PSOL, “tudo indica” que Ramagem fugiu do Brasil, o que reforçaria o argumento de que ele representa risco ao cumprimento da pena. 

Na terça-feira (18), Ramagem participou de forma online da votação do texto-base do PL antifacção. O parlamentar pediu à Camara dos Deputados um celular no modo roaming internacional para participar, de forma remota, da votação do Projeto Antifacção. O pedido aumentou a suspeita de que ele estaria fora do Brasil. As regras da Câmara, no entanto, não permitem exercício do mandato a partir de outro país.

Contexto do caso

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do Jair Bolsonaro, foi condenado pela Primeira Turma do STF a 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado. 

Em maio de 2025, a Corte decidiu manter a ação penal contra ele para três das acusações principais — tentativa de golpe, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito — enquanto suspendeu parte das acusações processadas após sua diplomação como deputado federal. 

O pedido de prisão e a alegação de risco

Na última quarta-feira (19 de novembro), o PSOL protocolou requerimento junto ao STF e à PF para que seja decretada a prisão imediata do deputado. No pedido, os parlamentares ressaltaram que Ramagem teria deixado o país sem comunicar adequadamente as autoridades competentes, violando assim as condições impostas e reforçando a “substancial probabilidade de fuga”. 

A Câmara dos Deputados também afirmou que não recebeu qualquer aviso formal sobre a saída de Ramagem do território nacional, levantando questionamentos sobre o comportamento do parlamentar diante do processo de execução da pena. 

Consequências e próximos passos

Com a decretação da prisão, inicia-se a fase de execução da pena, caso não haja novos recursos que suspendam o cumprimento. A defesa de Ramagem informou que, por ora, não irá se manifestar publicamente sobre o episódio. 

Por Jornal da República em 22/11/2025
Aguarde..