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Durante anos, o discurso da união da direita em torno de um projeto político comum serviu como base para mobilização eleitoral e sustentação de poder. No entanto, esse ideal começou a ruir à medida que setores do próprio campo conservador passaram a reconhecer que a lógica nunca foi coletiva, mas familiar.
A trajetória política de Jair Bolsonaro evidenciou, com o tempo, que as alianças construídas tinham como objetivo central fortalecer e perpetuar a influência de seus filhos na estrutura do poder. Enquanto partidos, lideranças regionais e militantes acreditavam fazer parte de um projeto amplo, decisões estratégicas eram tomadas para beneficiar exclusivamente o núcleo familiar.
Esse movimento ficou mais evidente quando antigos aliados passaram a ser descartados, isolados ou expostos a riscos políticos e jurídicos, enquanto a prioridade seguia sendo a proteção e a projeção eleitoral dos filhos do ex-presidente. O lema implícito deixou de ser ‘todos por um’ e passou a funcionar como ‘todos por eles’.
A percepção tardia desse mecanismo provocou fissuras internas, desconfiança e disputas abertas dentro da direita, que agora enfrenta dificuldades para se reorganizar sem a figura central que concentrou poder e capital político em torno da própria família.
O episódio revela não apenas uma crise de liderança, mas também um alerta para movimentos políticos que se estruturam em torno de personalismos. Quando o projeto não é institucional, mas familiar, aliados deixam de ser parceiros e passam a ser instrumentos descartáveis.
Fonte: BBC
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