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No dia 25 de julho, às 19h30, será lançado em Vargem Grande do Sul (SP) o curta-metragem Vila Polar, dirigido por Paulo Tothy. Com entrada gratuita e exibição no Espaço Mais Cultura, o filme propõe uma reflexão urgente sobre memória, patrimônio e pertencimento em cidades do interior, usando a ficção como espelho das transformações urbanas e culturais que atravessam o Brasil profundo.
Vila Polar se passa em um bairro tradicional da cidade, marcado por recentes perdas arquitetônicas e históricas. Por meio de uma linguagem poética e sensorial, o filme apresenta uma narrativa em que moradores são confrontados com sinais misteriosos e aparições enigmáticas, enquanto um carteiro — personagem central da trama — percorre a cidade e percebe o desaparecimento silencioso de suas referências. O passado e o futuro entram em confronto, colocando a memória coletiva em risco.
A inspiração para o projeto vem da observação direta do apagamento físico e simbólico de edifícios históricos, como armazéns e casarões, e da relação afetiva do diretor com esses espaços. “Vila Polar é um exercício de reativar presenças e imaginar novas camadas de significado para o que foi deixado para trás. Não se trata de nostalgia, mas de resistência. É um convite para refletirmos sobre o que ainda pode ser salvo”, afirma Paulo, que dedicou o filme à casa de sua avó — uma das personagens simbólicas da obra.
Com roteiro sensível, direção de arte assinada por Elisa Sbardelini e projeções criadas pelo artista Cauê Maia — como a intervenção da Bazuca Poética — o curta transforma fachadas e ruínas em telas efêmeras de poesia visual. Essas imagens projetadas não apenas iluminam o passado, mas também despertam os moradores para o que estava invisível. “A cidade é um livro reescrito todos os dias. A gente só precisa voltar a lê-la”, comenta Cauê.

A exibição de estreia integra uma programação especial com a presença do elenco e da equipe, seguida de um bate-papo sobre arte, memória e políticas de preservação. Além de Vila Polar (09’, 2025), o público poderá assistir ao documentário Retrato de Dora (15’, 2014), de Bruna Callegari, e ao premiado Recife Frio (25’, 2009), de Kleber Mendonça Filho — obras que ampliam a discussão sobre mudanças territoriais e climáticas.
Produzido com recursos da Lei Paulo Gustavo, o filme é um exemplo concreto da importância das políticas públicas para o fomento audiovisual em pequenos municípios. “Quando a lei foi aprovada, o setor estava devastado. Hoje, vemos curtas como esse sendo produzidos e exibidos em centenas de cidades. Isso é democratizar a cultura”, afirma Paulo.
O projeto ainda terá desdobramentos educativos, com exibições em escolas da rede municipal após o retorno das aulas, aproximando estudantes da história de sua própria cidade por meio da arte.
Mais de 70 anos após as filmagens de O Cangaceiro (1953), que usou a região para simular o sertão nordestino, Vila Polar volta a olhar para Vargem Grande do Sul com outra lente: a da memória que resiste e da arte que transforma. “Preservar o patrimônio é também preservar a nós mesmos”, resume o ator Leandro José, protagonista do filme.
Sobre o diretor:
Paulo Tothy é publicitário, cineasta e curador audiovisual. Formado pela PUC Minas e com trajetória iniciada no Cine Tela Brasil, atua entre Minas Gerais e São Paulo em projetos que mesclam cinema, artes visuais e ativismo cultural. Dirigiu documentários, videoclipes e mantém sua produção voltada à arte independente e à valorização da memória local.
SERVIÇO
????? Lançamento do curta-metragem “Vila Polar”
???? 25 de julho de 2025
???? 19h30
???? Espaço Mais Cultura — R. João Malaguti, 385, Jd. Novo Mundo — Vargem Grande do Sul (SP)
????? Entrada gratuita
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