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Investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) revelou detalhes estarrecedores sobre a atuação de Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, conhecido como BMW, apontado como um dos chefes mais violentos do Comando Vermelho (CV). O criminoso comandava a chamada Equipe Sombra, grupo de matadores e torturadores responsável por execuções, punições e atos de terror em comunidades controladas pela facção.
Castigos incluíam banhos de gelo e arrastões com vítimas amarradas
Entre as provas apresentadas pelo MPRJ estão vídeos e imagens de tortura, usados como forma de intimidação e controle. Em uma das cenas anexadas à denúncia, uma mulher aparece mergulhada em uma banheira de gelo, com apenas a cabeça para fora. A legenda descreve: “brigona que gosta de arrumar confusão no baile”, indicando que o castigo seria uma forma “leve” de punição, já que os criminosos “não queriam bater em morador”.
As cenas de tortura:


Outro registro mostra um homem amordaçado e algemado sendo arrastado por um carro, vestindo apenas um short. Enquanto o rapaz implora por perdão e cita o nome de BMW, os comparsas fazem piadas e deboches sobre o sofrimento da vítima. Quando o homem perde a consciência, um dos criminosos comenta friamente: “Ih, apagou”.

Gardenal, um dos chefes
Chefes acompanhavam execuções por chamada de vídeo
Segundo o Ministério Público, as execuções eram acompanhadas de forma remota por líderes da facção. Em uma das gravações, BMW liga uma chamada de vídeo para Carlos Costa Neves, o Gadernal, considerado “general” do tráfico no Rio. Durante a ligação, BMW ordena à vítima: “Fala para o chefe”. De acordo com a denúncia, isso demonstra que Gadernal supervisionava as torturas e execuções, mantendo o controle hierárquico da quadrilha.
‘Terror de Israel’: mensagens revelam ironia e códigos entre traficantes
As investigações também revelaram que os líderes do Comando Vermelho usavam termos inspirados em conflitos do Oriente Médio para se comunicar. Em conversas interceptadas, Gadernal se apresentava como “Hamas”, dizendo ser o “terror de Israel” — uma referência irônica ao Terceiro Comando Puro (TCP), que domina o Complexo de Israel, na Zona Norte.
Em resposta a uma das mensagens, um contato identificado apenas como integrante do CV respondeu: “Terror do Rio é nós. Ferro lá em Israel”. Os traficantes também se referem às áreas em disputa entre a Penha e Brás de Pina como “Faixa de Gaza”, em alusão à guerra territorial entre as facções.
Denúncia expõe a estrutura de poder do tráfico no Rio
De acordo com o MPRJ, BMW “goza de prestígio e atua em alta posição hierárquica dentro do Comando Vermelho”, sendo o responsável direto por aplicar punições, ordenar assassinatos e manter a disciplina pela força. O relatório descreve a atuação do criminoso como “essencial para o predomínio violento da facção”, evidenciando o papel central do grupo de matadores na manutenção do controle das comunidades.
As investigações também apontam que BMW mantinha contato frequente com os chefes Doca e Gadernal, principais articuladores da guerra entre o CV e o TCP. Ambos estão foragidos.
Megaoperação e continuidade das investigações
A denúncia surge após a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, que deixou 121 mortos e mirou o núcleo de comando do Comando Vermelho. As forças de segurança seguem em busca dos principais líderes da facção, enquanto o Ministério Público aprofunda as apurações sobre as torturas, execuções e estratégias de intimidação promovidas por BMW e seus subordinados.
A investigação revela não apenas a brutalidade dos métodos usados pelo grupo, mas também a forma como o Comando Vermelho incorpora símbolos e linguagem militar para reforçar seu domínio — uma mistura de guerra psicológica e violência real nas favelas do Rio.
Fonte Agenda do Poder
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