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Críticos que veem secretário de Estado como "cavalo de Troia" demonstram desconhecimento histórico e torcem contra o próprio país
A recente aproximação diplomática entre Brasil e Estados Unidos, simbolizada pelo diálogo entre Lula e Trump, tem gerado reações que expõem mais sobre os críticos do que sobre a própria negociação. Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo e Sóstenes Cavalcante adotaram a narrativa de que Marco Rubio, secretário de Estado americano, seria um "cavalo de Troia" armado contra o Brasil. Essa interpretação revela não apenas desconhecimento histórico sobre a famosa estratégia militar grega, mas também o que Nelson Rodrigues definiu como "complexo de vira-lata" - a tendência de sempre enxergar o Brasil como perdedor em qualquer negociação internacional.
A metáfora do cavalo de Troia é completamente inadequada para descrever a situação atual. Na mitologia grega, o estratagema funcionou porque os troianos não sabiam que soldados gregos estavam escondidos dentro do presente aparentemente inofensivo. No caso de Rubio, todos conhecem suas posições políticas e ideológicas, especialmente sua hostilidade histórica ao Brasil. Não há elemento surpresa ou engano envolvido - pelo contrário, sua nomeação como secretário de Estado era esperada e suas posições são públicas e conhecidas. A comparação demonstra uma compreensão superficial tanto da história quanto da diplomacia contemporânea.
O contexto das negociações Brasil-EUA é fundamentalmente comercial, com verniz ideológico. A carta desaforada que Trump tornou pública em julho deixa claro que as medidas contra o Brasil podem ser revistas mediante concessões econômicas, incluindo a exigência de que empresas brasileiras passem a produzir em solo americano. As sanções aplicadas pelo governo americano, como aquelas impostas a ministros do Supremo Tribunal Federal sob a Lei Magnitsky, têm motivações que vão além da defesa de Jair Bolsonaro, incluindo pressões das big techs contra decisões do judiciário brasileiro sobre regulamentação de plataformas digitais.
A realidade diplomática mostra que mesmo com as sobretaxas americanas, o Brasil conseguiu aumentar suas exportações em alguns setores, como o de carne bovina. O diálogo iniciado entre Lula e Trump, que incluiu uma "piscadela" na sede da ONU e um telefonema posterior, representa um auspício positivo para redução de tensões. Trump chegou a declarar que o contato com Lula foi uma das poucas coisas boas em sua passagem pela ONU, sinalizando abertura para negociação. A equipe brasileira designada para as conversas - Geraldo Alckmin, Fernando Haddad e Mauro Vieira - não inclui representantes do Supremo, deixando claro que revisão de processos judiciais está fora da agenda.
A postura dos críticos brasileiros revela uma contradição fundamental: ao torcerem pelo fracasso das negociações, demonstram preferir que o país permaneça em situação desvantajosa apenas para validar suas previsões pessimistas. Diferentemente da Cassandra mitológica, que realmente previa o futuro e tentava evitar tragédias, esses "profetas" modernos anteveem apenas o que desejam que aconteça e trabalham ativamente para que suas previsões se concretizem. O Brasil já enfrenta as consequências negativas das políticas protecionistas americanas; qualquer melhoria, por menor que seja, representa ganho para o país. A resistência a essas negociações expõe mais sobre o complexo de inferioridade de seus críticos do que sobre os riscos reais envolvidos no processo diplomático.
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