Centrão em apuros: Bolsonaro tenta romper tornozeleira, Eduardo, Zambelli e Ramagem fogem do país, e Flávio tenta reviver acampamentos de 8 de janeiro

Centrão em apuros: Bolsonaro tenta romper tornozeleira, Eduardo, Zambelli e Ramagem fogem do país, e Flávio tenta reviver acampamentos de 8 de janeiro

A divulgação de um vídeo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro admite ter usado um ferro de soldar para tentar abrir a tornozeleira eletrônica elevou consideravelmente os obstáculos à tramitação de propostas como a anistia ampla ou a redução de penas para participantes dos atos de 8 de janeiro de 2023 no Congresso Nacional.

Mudança de cenário no bloco de apoio

Fontes ligadas ao Centrão avaliavam até recentemente que ainda havia margem para negociar um relatório sobre a anistia ou uma alternativa de dosimetria de penas. Entretanto, após a divulgação do vídeo – em que Bolsonaro admite que “meteu um ferro quente aí… curioso” para tentar romper o equipamento, respondendo a uma agente penitenciária do Distrito Federal que indagou sobre o momento da tentativa de violação – o clima se transformou. Parlamentares do bloco agora consideram “impossível” o avanço da proposta.

Razões para a desistência

A proposta de anistia ou de redução de penas em favor de condenados pelos atos golpistas passou a ser vista como um risco político e jurídico. Deputados afirmam que a iniciativa poderia ser interpretada como uma afronta ao Supremo Tribunal Federal e gerar críticas públicas ao Congresso.

Aliados do ex-presidente reconheceram que o vídeo agravou a situação e removeu eventuais margens de negociação. Antes do episódio, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o relator da proposta, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), ainda viam espaço para diálogo sobre o tema.

Consequências para os próximos passos

Com o endurecimento da posição no Centrão, espera-se que o projeto – que poderia incluir anistia ampla ou redução de penas a militantes e envolvidos nos atos de 8 de janeiro – seja adiado ou até arquivado temporariamente. Um dos interlocutores do bloco afirmou que “não há clima para negociar nem a anistia nem a dosimetria das penas”.

Ainda assim, parlamentares ligados à base bolsonarista pretendem insistir na pauta, defendendo a votação em plenário caso o tema volte à discussão. No entanto, a resistência do bloco majoritário torna improvável qualquer avanço imediato.

Panorama

A revelação do vídeo marca um divisor de águas nas negociações políticas em torno da pauta de anistia e redução de penas. O episódio reforçou a percepção de que situações de grande repercussão pública e desgaste institucional influenciam diretamente o cálculo político no Congresso. O sentimento predominante agora é de que, diante desse novo cenário, o tema deverá permanecer em suspenso por tempo indeterminado.

 

Fonte: Folha

Por Jornal da República em 24/11/2025
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