CPMI do INSS: Deputado Euclydes Pertersen é alvo de investigação por receber R$ 14,7 milhões em propina do esquema de corrupção

Operação Sem Desconto prende ex-diretor do INSS e investiga deputado federal

CPMI do INSS: Deputado Euclydes Pertersen é alvo de investigação por receber R$ 14,7 milhões em propina do esquema de corrupção

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) inicia uma nova etapa de investigações, três meses após o início dos trabalhos no Congresso Nacional. O foco agora se volta para o primeiro escalão do esquema de corrupção que se instalou há anos no órgão previdenciário, revelando uma estrutura que aparentemente se tornou algo "normalizado" na instituição, sob omissão das autoridades competentes.

A nova fase da CPMI coincide com a mais recente etapa da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) na quarta-feira (13). A operação mirou diretamente o núcleo político do esquema de corrupção, resultando na prisão de Alessandro Stefanutto, ex-diretor do INSS que ocupava o cargo até abril deste ano.

Entre os principais alvos da investigação estão o ex-ministro da Previdência do governo Bolsonaro, Ahmed Mohamad Oliveira, e o deputado federal Euclydes Pertersen (Republicanos-MG). O parlamentar mineiro, até então um nome pouco conhecido do grande público, integra o mesmo partido do presidente da Câmara, Hugo Motta (PB), e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), que compartilha a mesma base eleitoral mineira de Pertersen, confirmou que as investigações entrarão em uma nova fase focada no núcleo político do esquema. Segundo Viana, a investigação de políticos e personalidades envolvidas em fraudes no INSS não representa algo inédito na história política brasileira, mas a dimensão atual do esquema surpreende pela sofisticação e valores envolvidos.

Deputado recebeu R$ 14,7 milhões em propina

As investigações da Polícia Federal revelaram que o deputado federal Euclydes Pertersen teria recebido um total de R$ 14,7 milhões em repasses ligados ao esquema de desvios da Confederação Nacional da Agricultura Familiar (Conafer), uma das associações investigadas na Operação Sem Desconto e também pela CPMI do INSS.

Identificado nas planilhas internas do esquema criminoso pelo codinome "Herói E", Pertersen possui influência significativa dentro do INSS, o que teria permitido favorecer o esquema de corrupção e se beneficiar substancialmente do roubo direcionado a aposentados e pensionistas. A descoberta levanta questionamentos sobre como um deputado federal conseguiu acumular tamanha influência em um órgão técnico da administração pública.

O nome do parlamentar foi citado em diversos depoimentos que já passaram pela CPMI do INSS e também foi identificado nas investigações conduzidas pela Polícia Federal em conjunto com a CGU. A convergência de evidências em diferentes frentes investigativas reforça a gravidade das suspeitas que recaem sobre o deputado.

Defesa nega irregularidades

Em resposta às investigações, Euclydes Pertersen distribuiu nota à imprensa seguindo o padrão tradicional de defesa em casos similares. O parlamentar afirmou que não teme as investigações e que está à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários. Ele declarou ainda que acredita na Justiça e confia que sua inocência será comprovada.

A estratégia defensiva do deputado segue o roteiro habitual em casos de corrupção envolvendo políticos: negação das acusações, disponibilidade para colaborar com as investigações e confiança no sistema judicial. No entanto, o volume de evidências coletadas pelas autoridades e a menção específica em documentos internos do esquema sugerem um cenário mais complexo.

A situação de Pertersen ilustra como parlamentares podem utilizar sua posição para influenciar órgãos públicos em benefício próprio, transformando a representação popular em instrumento de enriquecimento ilícito. O caso evidencia a necessidade de mecanismos mais eficazes de controle e fiscalização da atuação parlamentar.

Impacto no cenário político nacional

O desenrolar da CPMI do INSS e da CPI do Crime Organizado, ambas em curso no Parlamento federal, pode influenciar diretamente o contexto eleitoral de 2026. Dependendo dos resultados das investigações, os achados serão utilizados intensivamente por governistas, oposição e até mesmo por grupos que se posicionam como centro ou neutros na disputa política.

A revelação de esquemas de corrupção envolvendo políticos de diferentes partidos e governos demonstra que a prática transcende divisões ideológicas, afetando a credibilidade do sistema político como um todo. Essa situação pode favorecer candidaturas que se apresentem como alternativas ao establishment político tradicional.

Pesquisa recente da Genial/Quaest revelou que a maioria dos entrevistados acredita que nem Lula (59%) nem Bolsonaro (67%) deveriam disputar as eleições presidenciais de 2026. Esse cenário abre espaço para uma terceira via, opção que já está sendo trabalhada nos bastidores pré-eleitorais por nomes como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), e até mesmo o ex-presidente Michel Temer (MDB).

Julgamento de Eduardo Bolsonaro no STF

Paralelamente às investigações do INSS, iniciou nesta sexta-feira (14) o julgamento virtual na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal sobre a denúncia formalizada pela Procuradoria-Geral da República contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ele é acusado de atuar nos Estados Unidos para tentar interferir no julgamento do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado.

A análise do pedido da PGR se estenderá até o dia 25 deste mês, coincidindo com o período de maior tensão política relacionada aos processos judiciais envolvendo a família Bolsonaro. O caso representa mais um capítulo da crise institucional que se instalou no país após as eleições de 2022.

Expectativa sobre prisão de Bolsonaro

Com o término do julgamento virtual dos recursos da defesa de Jair Bolsonaro, que contestava a condenação do ex-presidente a 27 anos e 3 meses de prisão, e com a manutenção da penalidade pela Primeira Turma do Supremo, cresce o nervosismo e a especulação nos bastidores políticos sobre quando, onde e como Bolsonaro será preso para cumprir o regime fechado.

A expectativa sobre a execução da pena gera tensão tanto entre apoiadores quanto entre críticos do ex-presidente, com possíveis repercussões na estabilidade política nacional. A situação evidencia como questões judiciais se entrelaçam com a dinâmica política, criando cenários de incerteza e polarização.

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Por Jornal da República em 14/11/2025
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