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Por Renzo Barroso, advogado tributarista e colunista (OAB/RJ 243.441)
O Grande Prêmio de São Paulo consolidou-se como uma âncora de receitas, emprego e visibilidade global. Em 2024, Interlagos gerou R$ 1,96 bilhão de impacto econômico, R$ 282,4 milhões em arrecadação tributária e público de 291.717 pessoas ao longo de três dias; para 2025, as projeções oficiais situam o efeito total entre R$ 2,0 e R$ 2,2 bilhões, impulsionado por ocupação hoteleira no pico, tíquete médio elevado e um pacote robusto de ativações transmitidas a dezenas de mercados internacionais. Estes números explicam por que a corrida é tratada como plataforma de negócios e turismo — a vitrine de três dias que irradia consumo e reforça o caixa municipal e estadual.
A mecânica econômica do GP é direta, embora complexa de coordenar: hotéis lotados, restaurantes e serviços pressionados positivamente, contratações temporárias e receita tributária em cadeia (ISS, ICMS e tributos federais). Do lado do gasto público, a equação exige transparência: modernizações e operação de Interlagos pedem investimento contínuo e governança para diluir custos por meio de um calendário anual intenso (F1, WEC e grandes festivais), condição para que a conta feche com superávit social e fiscal. Este colunista acompanhou in loco o último fim de semana de corrida em Interlagos, aferindo ocupação, preços e fluxo corporativo no entorno do autódromo — percepção de campo coerente com os indicadores que embasam as metas de impacto para 2025.
É nesse contexto que o Rio de Janeiro acelera seus preparativos para um novo equipamento: o autódromo carioca avança para a fase de contratação, com previsão de início das obras já no ano que vem. Em termos de política pública, isso significa transformar desenho técnico em cronograma executivo — licenças, mobilidade, pacote comercial e regras claras de uso multipropósito — para disputar eventos internacionais de alto valor agregado, a F1 entre eles.
Se viesse a sediar um GP, o Rio tenderia a replicar os vetores de arrecadação observados em São Paulo: ocupação hoteleira no pico, elevação do tíquete médio, giro em bares, restaurantes e comércio local, reforço em ISS e ICMS a partir do consumo do visitante e um legado de imagem que amplia turismo de lazer e de negócios no médio prazo. Há um diferencial competitivo: o apelo turístico internacional do Rio — ícones urbanos, paisagens e calendário cultural — é historicamente superior, ampliando a taxa de conversão de exposição midiática em viagens efetivas e gasto local acima da média.
A experiência paulista deixa três lições de método para qualquer sede: contratos com alocação equilibrada de riscos entre poder público e promotor; autódromo operando com calendário multipropósito para diluir custos fixos; e indicadores de desempenho (ocupação, tarifa média diária, gasto per capita, exposição de mídia e arrecadação incremental) publicados e auditáveis. Quando esses pilares estão presentes, o saldo fiscal e o ambiente de negócios tendem a superar, com margem, o esforço inicial de investimento.
Síntese — São Paulo demonstrou a escala do retorno: R$ 1,96 bilhão em 2024 e projeção de R$ 2,0–2,2 bilhões em 2025. O Rio, prestes a contratar as obras do novo autódromo com início já no próximo ano, reúne apelo global, rede hoteleira e serviços para transformar um eventual GP em receita recorrente, empregos e reposicionamento da marca da cidade. A diferença estará na execução: segurança jurídica, contratos eficientes e calendário robusto — a combinação que converte espetáculo esportivo em plataforma permanente de arrecadação e visibilidade internacional.
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