Noroeste Fluminense pode assumir à presidência da Alerj pela primeira vez na história, Jair Bittencourt (PL) deixou a Secretaria, e vira carta na manga de Castro e Bacellar na Alerj

Jair Bittencourt deixa Secretaria e retorna à Alerj em movimento que reabre disputa histórica pelo comando da Casa

Noroeste Fluminense pode assumir à presidência da Alerj pela primeira vez na história, Jair Bittencourt (PL) deixou a Secretaria, e vira carta na manga de Castro e Bacellar na Alerj

Exoneração estratégica de Castro reacende guerra política e pode levar Noroeste Fluminense à presidência pela primeira vez na história

Jair Bittencourt (PL) deixou a Secretaria estadual de Desenvolvimento Regional do Interior, Pesca e Agricultura Familiar para reassumir sua cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, numa jogada política que reabre a disputa pelo comando da Casa e pode resultar num marco histórico: a primeira presidência da Alerj oriunda do Noroeste Fluminense. A exoneração, publicada no Diário Oficial desta quarta-feira a pedido do governador Cláudio Castro, marca o início de uma nova rodada de articulações entre os grupos rivais que disputam o poder no Legislativo estadual.

O retorno de Bittencourt ao plenário não é apenas mais uma movimentação política rotineira, mas representa a possibilidade concreta de que a região mais pobre e historicamente abandonada do estado do Rio de Janeiro conquiste pela primeira vez na história um protagonismo real na política estadual.

O deputado de Itaperuna, que construiu sua carreira política desde o Grêmio Estudantil até se tornar o único representante de toda uma região por 3 gestões na Assembleia, desponta como forte candidato numa disputa que pode revolucionar a geografia do poder fluminense.

Com o retorno do parlamentar, o suplente Douglas Gomes (PL) - que votou pela manutenção da prisão de Rodrigo Bacellar - deve voltar à Câmara de Niterói, numa clara demonstração de como as decisões políticas na Alerj têm consequências diretas para quem ousou contrariar os interesses do grupo governista.

A movimentação expõe as engrenagens do poder estadual, onde lealdades são testadas e traições são punidas através de manobras administrativas calculadas.

Noroeste Fluminense pode quebrar hegemonia histórica da região metropolitana

A região Noroeste Fluminense, historicamente a mais pobre e abandonada do estado do Rio de Janeiro, pode estar prestes a alcançar um marco inédito na política estadual com a possível presidência de Jair Bittencourt na Assembleia Legislativa.

Essa conquista simbolizaria não apenas uma vitória pessoal do deputado de Itaperuna, mas uma revolução na geografia política do Rio de Janeiro, onde o interior sempre foi tratado como quintal da região metropolitana.

O político de 53 anos, que iniciou sua trajetória pública ainda adolescente aos 16 anos, representa a ascensão de uma liderança forjada na periferia do poder estadual, longe dos gabinetes climatizados da capital. Sua eventual chegada à presidência da Alerj simbolizaria uma justiça com o interior do estado e a quebra definitiva da hegemonia política que sempre concentrou o poder nas mãos das elites econômicas tradicionais.

Bittencourt demonstrou recentemente sua força política ao contribuir decisivamente para a eleição de diversos prefeitos pelo estado, consolidando uma rede de influência que transcende as fronteiras de sua região.

Mais impressionante ainda foi sua capacidade de "fazer o dever de casa" em Itaperuna, conseguindo eleger seu filho, neófito na política, como vice-prefeito numa disputa acirrada contra a máquina municipal e o deputado federal Murilo Gouveia, filho do ex-prefeito Alfredão.

O Noroeste Fluminense possui 13 cidades, e é a região que abriga municípios com os menores IDHs do estado e que historicamente recebe menos investimentos públicos, nunca teve um representante no comando da Assembleia Legislativa.

Essa ausência não é casual, mas reflete uma estrutura de poder que privilegia sistematicamente as regiões mais desenvolvidas e politicamente articuladas, relegando o interior ao papel de coadjuvante na política estadual.

Trajetória política forjada na adversidade demonstra mérito e persistência

A carreira política de Jair Bittencourt é um exemplo extraordinário de ascensão construída a partir da base, sem os privilégios e conexões que tradicionalmente facilitam o acesso ao poder no Rio de Janeiro. Jair percorreu meticulosamente todos os degraus da política municipal antes de alçar voos mais altos, numa trajetória que demonstra paciência estratégica e capacidade de construção política de longo prazo.

Em 1997, aos 26 anos, foi nomeado secretário de Administração e de Governo do então prefeito de Itaperuna, Péricles Ferreira Olivier de Paula, iniciando sua experiência no Executivo municipal.

Essa passagem pela administração pública lhe conferiu conhecimento prático sobre gestão e articulação política que seria fundamental para sua evolução posterior na carreira política.

O salto decisivo veio em 2004, quando foi eleito prefeito de Itaperuna, cargo que ocupou de 2005 a 2008. Essa experiência no comando do Executivo municipal foi crucial para formar sua visão sobre as necessidades do interior e as dificuldades enfrentadas por municípios distantes dos centros de poder estadual. Como prefeito, Bittencourt vivenciou na prática os desafios de governar com recursos limitados e pouco apoio do governo estadual.

A transição para o Legislativo estadual veio em 2014, quando foi eleito deputado estadual com 28.133 votos, tornando-se o único representante do Noroeste Fluminense na Assembleia Legislativa. Essa condição de representante solitário de uma região inteira evidencia o histórico abandono político da área, mas também conferiu a Bittencourt uma responsabilidade especial de ser a voz de centenas de milhares de pessoas esquecidas pela política estadual.

Crescimento eleitoral exponencial comprova consolidação de liderança regional

A evolução dos votos recebidos por Bittencourt nas sucessivas eleições para deputado estadual revela uma consolidação progressiva de sua liderança regional e um crescimento de influência que transcende as fronteiras de Itaperuna. Em 2014, recebeu 28.133 votos; em 2018, aumentou para 32.656; e em 2022, deu um salto extraordinário para 75.253 votos, mais que dobrando sua votação em relação ao pleito anterior.

Esse crescimento eleitoral não é apenas numérico, mas reflete uma ampliação real de sua base política e de sua capacidade de articulação regional.

O salto de 2022 é particularmente significativo porque ocorreu num contexto de maior competitividade política e demonstra que Bittencourt conseguiu expandir sua influência mesmo enfrentando adversários com maior estrutura e recursos financeiros.

A capacidade de manter e ampliar votos ao longo de três eleições consecutivas, sempre como único representante de uma região inteira, demonstra não apenas competência eleitoral, mas também efetividade parlamentar.

Deputados que não entregam resultados para suas bases tendem a perder votos ao longo do tempo, especialmente em regiões carentes como o Noroeste Fluminense, onde a população cobra mais resultados concretos.

O fato de ter conseguido eleger seu filho como vice-prefeito de Itaperuna, enfrentando a máquina municipal e adversários tradicionais, comprova que sua liderança não é apenas estadual, mas também local, mantendo raízes sólidas em sua base eleitoral original. Essa capacidade de manter influência local enquanto constrói poder estadual é rara na política brasileira.

Experiência dupla no Executivo estadual amplia visão e credibilidade política

A passagem de Bittencourt pelo Executivo estadual como secretário de Agricultura e sua volta como secretário de Desenvolvimento Regional do Interior, Pesca e Agricultura Familiar em dois momentos distintos - entre fevereiro de 2017 e abril de 2018, e novamente a partir de dezembro de 2022 até a presente exoneração - lhe conferiu uma visão privilegiada sobre o funcionamento da máquina estadual e as articulações políticas no Palácio Guanabara.

Essa experiência no primeiro escalão do governo estadual é fundamental para quem aspira à presidência da Assembleia Legislativa, pois oferece conhecimento prático sobre as relações entre Executivo e Legislativo, as dinâmicas orçamentárias e as pressões políticas que influenciam as decisões governamentais.

Poucos deputados têm essa experiência dupla de atuar tanto no Legislativo quanto no Executivo estadual.

A escolha da pasta relacionada ao interior não foi casual, considerando que Bittencourt representa uma região com forte vocação agropecuária e necessidades específicas de desenvolvimento regional. Sua atuação como secretário lhe permitiu conhecer de perto os desafios do setor primário fluminense e desenvolver políticas específicas para o interior, experiência que será valiosa caso assuma a presidência da Alerj.

O fato de ter sido chamado novamente para a secretaria em 2022 demonstra que sua passagem anterior foi bem avaliada pelo governador Cláudio Castro, indicando capacidade de gestão e articulação política que transcende questões partidárias ou regionais. Essa credibilidade junto ao Executivo pode ser fundamental numa eventual disputa pela presidência da Assembleia.

Memórias do racha de 2023 e estratégia política de paciência

A volta de Bittencourt também reacende memórias do racha explosivo dentro do PL em 2023, quando ele chegou a lançar candidatura à presidência da Alerj contra Rodrigo Bacellar, então também filiado ao partido.

Na época, Bittencourt contava com apoio do presidente estadual da legenda, Altineu Côrtes, e do ex-presidente André Ceciliano (PT) enquanto Bacellar era o nome preferido de Castro, criando uma tensão interna que quase implodiu a base governista.

A decisão de Bittencourt de retirar sua candidatura em 2023 em favor de Rodrigo Bacellar demonstra uma maturidade política rara, baseada na compreensão de que o timing é fundamental na política.

Essa atitude revela um político experiente que sabe esperar o momento certo, construir alianças e não queimar pontes desnecessariamente, qualidades essenciais para quem pretende liderar uma instituição complexa como a Assembleia Legislativa.

A retirada da candidatura em 2023 não foi uma derrota, mas uma jogada estratégica que preservou Bittencourt para o momento atual, quando as circunstâncias políticas se tornaram mais favoráveis.

Políticos inexperientes frequentemente insistem em candidaturas sem viabilidade, desgastando-se politicamente; Bittencourt demonstrou sabedoria ao recuar no momento certo e aguardar uma oportunidade melhor.

A imagem de Bacellar e Bittencourt de mãos dadas após a retirada da candidatura simboliza a capacidade do deputado de Itaperuna de manter relacionamentos políticos mesmo em situações de competição direta, tal fato fez com que Bacellar fosse eleito pela primeira vez com unanimidade de votos.

Essa habilidade de trabalhar em equipe e preservar alianças será fundamental se assumir a presidência da Casa, onde precisará articular interesses diversos e frequentemente conflitantes.

Castro reorganiza tabuleiro político com retorno estratégico de aliados

O retorno de Bittencourt ao plenário é visto como parte de uma estratégia mais ampla do governador Cláudio Castro para reorganizar forças na Assembleia Legislativa e reduzir tensões após a crise envolvendo Rodrigo Bacellar. A movimentação demonstra como Castro está preparando o terreno para os desafios políticos que se aproximam, especialmente considerando as eleições de 2026.

A exoneração de Bittencourt da secretaria e seu retorno ao Legislativo sinaliza que o governador reconhece a importância de ter aliados experientes e confiáveis no plenário da Alerj, especialmente em momentos de instabilidade política. A presença de Bittencourt pode ser crucial para articular consensos e garantir governabilidade em votações importantes.

A estratégia de trazer secretários de volta ao plenário também demonstra como Castro está ampliando sua capacidade de interlocução direta com os parlamentares, reduzindo dependências de lideranças específicas que podem se tornar problemáticas. Essa diversificação de apoios é fundamental para manter estabilidade política numa Casa historicamente turbulenta.

O timing da exoneração, coincidindo com a crise de Bacellar, não é casual e revela como Castro está se antecipando a possíveis mudanças na presidência da Alerj. O retorno de Bittencourt pode ser parte de uma preparação para uma eventual nova eleição para o comando da Casa.

Presidente em exercício promete estabilidade em meio à reorganização

O presidente em exercício da Alerj, Guilherme Delaroli (PL), tem tentado manter a estabilidade institucional garantindo aos deputados que todos terão "carta-branca" para reorganizar cargos de gabinete e comissões.

Delaroli sinalizou que não pretende interferir nessas escolhas, numa tentativa de demonstrar neutralidade administrativa em meio à turbulência política.

Essa postura de Delaroli contrasta com especulações de retaliação articulada por aliados do presidente afastado, demonstrando sua tentativa de se posicionar como figura de equilíbrio numa Casa dividida.

A estratégia pode ser fundamental para sua própria sobrevivência política, especialmente se a crise se prolongar ou resultar em nova eleição.

A promessa de não interferir na reorganização de cargos e comissões representa uma tentativa de separar a disputa política das questões operacionais da Casa, evitando que a guerra pela presidência paralise completamente o funcionamento do Legislativo estadual. Essa abordagem pode facilitar uma eventual transição de poder.

Simbolismo histórico de uma possível presidência do interior

A eventual eleição de Bittencourt para a presidência da Alerj representaria muito mais que uma mudança administrativa; simbolizaria uma revolução na geografia política do Rio de Janeiro, onde o poder sempre esteve concentrado na região metropolitana.

Essa mudança enviaria uma mensagem democratica e poderosa para todo o interior fluminense de que é possível quebrar a hegemonia da capital e conquistar espaços de poder real.

A ascensão de um político de Itaperuna à presidência da Alerj poderia inspirar novas lideranças regionais e alterar permanentemente o equilíbrio de forças na política estadual.

Para o Noroeste Fluminense, ter um presidente da Alerj oriundo da região representaria uma oportunidade histórica de influenciar diretamente as políticas estaduais, especialmente aquelas relacionadas ao desenvolvimento regional.

Além disso, um presidente da Alerj com profundo conhecimento das realidades do interior poderia promover uma legislação mais equilibrada, que considere as especificidades e necessidades das diferentes regiões do estado, não apenas os interesses da capital e região metropolitana. Essa mudança de perspectiva seria fundamental para um desenvolvimento mais equilibrado do estado.

Por Ralph Lichotti - Advogado e Jornalista, Editor do Ultima Hora Online e Jornal da República, Foi Sócio Diretor do Jornal O Fluminense e acionista majoritário do Tribuna da Imprensa, Secretário Geral da Associação Nacional, Internacional de Imprensa - ANI, Ex- Secretário Municipal de Receita de Itaperuna-RJ, Ex-Presidente da Comissão de Sindicância e Conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa - ABI - MTb 31.335/RJ

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Por Jornal da República em 14/12/2025
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