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Entregador é baleado por policial penal após recusar subir com encomenda em Jacarepaguá

Agente José Rodrigo Ferrarini atirou no pé da vítima durante discussão sobre entrega em condomínio da Taquara
Um entregador foi baleado por um policial penal durante uma discussão sobre entrega de encomenda em um condomínio da Merck, na Taquara, Jacarepaguá, na madrugada deste sábado (30). O caso foi registrado em vídeo pela própria vítima, Valério Souza, que documentou os momentos que antecederam o disparo.
As imagens mostram o agente José Rodrigo da Silva Ferrarini empunhando uma arma enquanto reclama da recusa do entregador em subir com o pedido até seu apartamento. "Você não subir é uma parada...", diz o policial penal no vídeo, demonstrando irritação com a postura do trabalhador que seguia os protocolos de segurança da empresa.
O conflito escalou rapidamente quando o entregador manteve sua posição de não levar o pedido até a porta do apartamento, conforme orientações das plataformas de delivery. Após nova negativa de Valério, Ferrarini disparou contra ele, justificando a ação com a frase: "Sou morador". O tiro atingiu o pé do entregador, que continuou gravando mesmo ferido.
O vídeo registra os momentos dramáticos após o disparo, com o entregador gritando por socorro e chamando por uma pessoa identificada como Tião, que aparece para prestar auxílio. As imagens mostram manchas de sangue no chão, evidenciando a gravidade da agressão sofrida pelo trabalhador que apenas cumpria seu protocolo de trabalho.
A vítima foi encaminhada para exame de corpo de delito, enquanto testemunhas são ouvidas pela polícia. Segundo as autoridades, a arma do agente foi recolhida e será submetida à perícia técnica. Outras diligências estão em andamento para esclarecer completamente os fatos e as circunstâncias que levaram ao disparo.
O caso provocou forte reação da categoria profissional. Horas após o incidente, dezenas de entregadores se concentraram em frente ao condomínio onde ocorreu a agressão, pedindo justiça e questionando o paradeiro do suspeito. A mobilização demonstra a solidariedade da classe trabalhadora e a revolta com a violência sofrida por um colega de profissão.
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) confirmou que José Rodrigo da Silva Ferrarini está na ativa e esclareceu que "a conduta atribuída ao servidor ocorreu fora do exercício de suas funções". A pasta informou ainda que a Corregedoria da Seap acompanhará o caso junto à delegacia de polícia, indicando possíveis consequências administrativas para o agente.
O iFood, plataforma responsável pela entrega, manifestou-se através de nota oficial lamentando o ocorrido e oferecendo suporte jurídico e psicológico à vítima. A empresa reafirmou estar colaborando com as autoridades na investigação do caso e esclareceu as normas de entrega que justificam a postura do entregador.
Segundo a plataforma, "a obrigação do entregador é deixar o pedido no primeiro ponto de contato, seja o portão da casa ou a portaria do prédio". Esta é a recomendação oficial passada tanto aos entregadores quanto aos consumidores, visando a segurança dos trabalhadores e a eficiência do serviço de delivery.
A empresa destacou ainda a campanha "Bora Descer", lançada em 2024 no Rio de Janeiro, que tem como objetivo incentivar os clientes a irem até a portaria de seus condomínios para receber os pedidos. A iniciativa busca promover o respeito aos entregadores e reduzir conflitos como o que resultou no ferimento de Valério Souza.
O incidente expõe a vulnerabilidade dos trabalhadores de delivery, que frequentemente enfrentam situações de risco durante suas atividades profissionais. A categoria já havia denunciado anteriormente casos de violência, assaltos e condições precárias de trabalho, mas um disparo de arma de fogo por parte de um cliente representa uma escalada preocupante da violência.
A condição de policial penal do agressor agrava ainda mais a situação, considerando que se trata de um profissional da segurança pública que deveria zelar pela ordem e proteção dos cidadãos. O uso da arma de fogo contra um trabalhador desarmado que cumpria protocolos de segurança levanta questões sobre o preparo psicológico e o controle emocional de agentes públicos.
O caso também evidencia a necessidade de maior conscientização sobre os direitos e protocolos dos entregadores. Muitos consumidores desconhecem ou ignoram as normas de segurança que orientam o trabalho desses profissionais, gerando conflitos desnecessários que podem escalar para situações de violência.
As investigações policiais deverão determinar se houve excesso por parte do agente e se o disparo pode ser caracterizado como tentativa de homicídio ou lesão corporal grave. A preservação do vídeo gravado pela vítima será fundamental para esclarecer as circunstâncias exatas do incidente e responsabilizar o agressor.
A mobilização dos entregadores em frente ao condomínio demonstra a importância da união da categoria na luta por melhores condições de trabalho e segurança. O caso de Valério Souza pode se tornar um marco na discussão sobre os direitos dos trabalhadores de delivery e a necessidade de proteção legal mais efetiva para esses profissionais.
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