Preta Gil, que morreu aos 50 anos, foi registrada como 'Preta Maria' após resistência do cartório

Preta Gil, que morreu aos 50 anos, foi registrada como 'Preta Maria' após resistência do cartório

Cantora lutou desde o nascimento pelo direito ao próprio nome e transformou essa história em símbolo de orgulho e identidade

A cantora e apresentadora Preta Gil, que faleceu no último domingo (20), aos 50 anos, deixou não apenas um legado artístico e pessoal, mas também uma história de resistência que começa ainda no cartório. Filha de Gilberto Gil, ela foi originalmente batizada com o nome que os pais desejavam: apenas “Preta”. No entanto, a escolha enfrentou resistência do tabelião responsável pelo registro.

Na ocasião, o funcionário do cartório alegou que “Preta” não poderia ser usado como nome próprio. Gilberto Gil argumentou, lembrando que nomes como Branca, Clara e Bianca eram amplamente aceitos, mas foi obrigado a ceder à imposição de incluir um nome “católico”. Assim, nasceu oficialmente Preta Maria Gadelha Gil Moreira.

Em entrevistas e postagens, tanto Preta quanto Gilberto relataram esse episódio como um marco simbólico. A cantora, que sempre assumiu sua negritude com orgulho e coragem, costumava brincar dizendo que “Maria foi por conta do tabelião e por conta da Mãe Divina”. O nome, que começou como imposição, se tornou parte essencial da artista e da mulher que ela foi: forte, espiritualizada, orgulhosa de suas raízes.

O episódio, hoje relembrado por fãs e amigos, sintetiza a trajetória de Preta Gil uma trajetória marcada por coragem, voz ativa e a afirmação de quem ela era, desde o nascimento até sua despedida.

Por Jornal da República em 24/07/2025
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