Quaquá defende retorno do PT às favelas, mas separa favelado de dirigentes com grades em evento na Mangueira

Quaquá defende retorno do PT às favelas, mas separa favelado de dirigentes com grades em evento na Mangueira

Em discurso inflamado na quadra da Mangueira, o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, defendeu a necessidade de o Partido dos Trabalhadores reconectar-se com suas origens periféricas. No entanto, a própria organização do evento revelou contradições entre o discurso e a prática, com barreiras físicas separando diferentes grupos dentro do mesmo espaço partidário.

Segregação visível em evento de unidade

O encontro realizado na tradicional quadra da escola de samba, que deveria simbolizar a aproximação do partido com as bases populares, acabou evidenciando divisões internas. A estrutura do evento apresentava áreas VIP reservadas e grades que separavam os políticos dos dirigentes partidários, e estes da militância de base.

"O que vimos foi uma divisão por castas dentro de um espaço que deveria representar a união do partido com o povo", comentou um militante que preferiu não se identificar. "Como falar em voltar para a favela se nem mesmo dentro da quadra conseguimos estar juntos?"

Discurso de reconexão com as origens

Em sua fala, Quaquá enfatizou a importância do retorno às raízes do partido: "O PT nasceu na periferia e precisa voltar para ela. Firmamos, juntos, dois compromissos: reconectar o partido com suas origens e trabalhar desde já pela reeleição do presidente Lula em 2026."

O prefeito de Maricá ainda acrescentou: "Saímos da Mangueira com a certeza de que estamos no caminho certo: o de melhorar a vida do povo das favelas e comunidades do Rio e do Brasil."

Questionamentos sobre autenticidade

A disparidade entre o discurso inclusivo e a realidade segregada do evento gerou questionamentos sobre a autenticidade do compromisso com a aproximação às bases populares. Para observadores políticos, o episódio reflete um desafio maior enfrentado pelo PT: como reconectar-se genuinamente com suas origens sem reproduzir práticas que distanciam a liderança da base.

"Não basta estar na favela, é preciso estar com a favela", resumiu Leo um ex-dirigente de movimento social "O simbolismo de realizar um encontro na Mangueira perde força quando reproduzimos dentro dela as mesmas divisões que criticamos na sociedade."

Contexto político mais amplo

O evento na Mangueira também marcou a reconciliação pública entre Quaquá e o ex-prefeito Fabiano Horta, que vinham mantendo relações tensas nos últimos meses. Além disso, serviu como palco para o apoio à candidatura de Edinho Silva à presidência nacional do PT.

Durante o encontro, Quaquá fez declarações contundentes sobre a possível inclusão de Fabiano Horta na chapa do prefeito do Rio, Eduardo Paes, seja como vice ou candidato ao Senado, evidenciando articulações políticas em curso no estado.

Desafio de coerência

O episódio na Mangueira ilustra um desafio maior para o PT: como manter a coerência entre o discurso de aproximação com as bases populares e as práticas internas do partido. Para muitos analistas, superar essa contradição será fundamental para que o partido consiga efetivamente reconectar-se com suas origens e fortalecer-se para os próximos desafios eleitorais.

"Voltar às favelas exige mais que discursos e eventos simbólicos", avalia um cientista político. "Requer uma transformação nas relações de poder dentro do próprio partido e um compromisso genuíno com a participação popular em todos os níveis."

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Por Jornal da República em 17/06/2025
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