Sóstenes Cavalcante diz que não é garoto de recado de Bolsonaro

Líder do PL rejeita papel de mensageiro, mas desgaste com falas de Eduardo Bolsonaro expõe racha no bolsonarismo.

O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, reuniu-se na quinta-feira (25) com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o empresário Paulo Figueiredo, durante viagem aos Estados Unidos. A reunião, revelada pelo portal g1, ocorre em meio ao aumento das tensões políticas e familiares no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Embora negue ter sido enviado com ordens diretas, Sóstenes foi visto como interlocutor após encontro com Jair Bolsonaro, no Brasil, dias antes. A movimentação foi interpretada por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como um gesto com peso político.

Preocupação de Jair Bolsonaro

Aliados afirmam que o ex-presidente avalia que o filho ultrapassou limites em suas declarações e teme prejuízos em articulações decisivas, inclusive em processos judiciais. O receio é que Eduardo comprometa canais de diálogo construídos nos bastidores.

À imprensa, Sóstenes negou cumprir ordens. “Não sou garoto de recado”, declarou. Ele afirmou que buscou apenas ouvir Eduardo para entender a atuação que deve conduzir na liderança do PL.

Rejeição ao projeto de dosimetria

Um dos pontos de divergência é o projeto de dosimetria de penas defendido por aliados de Eduardo Bolsonaro. Sóstenes descartou qualquer apoio: “isso sem chance! Nem o Bolsonaro aceitou na segunda-feira”.

A resposta evidencia o afastamento entre Jair Bolsonaro e o filho em relação a estratégias políticas, inclusive no exterior.

Paulo Figueiredo e o desgaste interno

Durante a viagem, Sóstenes também conversou com Paulo Figueiredo, aliado próximo de Eduardo. O empresário comentou críticas feitas por Jair Bolsonaro: “Jogamos água nos planos deles”, disse, sem detalhar.

A fala reforçou a percepção de racha no campo bolsonarista, justamente no momento em que a direita busca recompor sua estratégia para 2026.

Impasse no PL

Nos bastidores, a ida de Sóstenes foi vista como tentativa de reduzir conflitos e medir os efeitos das falas de Eduardo. O deputado licenciado, já indiciado, enfrenta isolamento político e, segundo aliados, cogita deixar a legenda.

Enquanto isso, Jair Bolsonaro tenta preservar acordos que diminuam seu desgaste jurídico e conter o protagonismo do filho nos Estados Unidos.