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Em um jantar oficial em Brasília, em 1982, o ator de filmes de faroeste Ronald Reagan, então presidente dos EUA, olhou nos olhos do general João Baptista Figueiredo, o último presidente da Ditadura brasileira, e ergueu um brinde ao povo da Bolívia.
No material de comunicação da Casa Branca, a equipe do caubói tentou reparar a ignorância geográfica do chefe. Tascou lá “um brinde ao povo de Bogotá”.
Lembrei do encontro muito romântico dos dois canastrões ao ler o relatório sobre direitos humanos no Brasil. Sim, o pomposo documento, elaborado pelo Departamento de Estado dos EUA, com o qual Donald Trump tenta atingir o governo Lula.
O time do Trump confunde poder Judiciário (ministro Alexandre de Moraes do STF) com poder Executivo, artigos da Constituição são tratados como leis lulistas — em delirante ficção sobre o processo de Bolsonaro — e daí por diante, se prepare, surge um Trump no papel de Coringa comunista preocupado com as chacinas da polícia de Tarcísio de Freitas, um Trump que cita prisões de mandantes da morte de Marielle Franco, um Trump preocupado com a falta de vínculo trabalhista dos entregadores do iFood etc.
O relatório fica mais confuso que o brinde de Reagan com Figueiredo.
Surge, então, um Trump cruel, muito cruel com o bolsonarismo. Tudo aquilo que a mídia paulista esconde sobre a gestão de segurança pública do governador Tarcísio, epa, aparece no relatório da Casa Branca. Está lá, em detalhes, a matança da Operação Escudo, chacina policial na Baixada Santista.
Que traição do Trump com o Tarcísio, o primeiro governador brasileiro a usar o chapeuzinho vermelho com a estampa do MAGA.
Nem os programas policiais mais sanguinolentos da tv paulistana foram capazes de relatar o que fez o Trump com a polícia do Estado.
Repare só nesse trecho do documento do governo dos EUA:
“Em julho, um tribunal de São Paulo acusou dois policiais de um Batalhão de Choque da Polícia (ROTA) de homicídio qualificado e obstrução de provas pela morte de Fábio Oliveira Ferreira, morto na operação em julho de 2023. Um dos réus era o Capitão Marcos Correa de Moraes Verardino, um dos coordenadores da operação, que teria disparado três tiros contra Ferreira após ele se render. O outro réu, o Cabo Ivan Pereira da Silva, também da ROTA, teria atirado duas vezes no peito da vítima enquanto ela estava caída no chão”.
O crescimento do neonazismo em Santa Catarina também chocou o presidente Trump:
“Em 21 de outubro (2024), a Força-Tarefa Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Santa Catarina prendeu quatro indivíduos, supostamente integrantes de um grupo neonazista, por incitação à discriminação e planejamento de atos violentos em diferentes regiões do país”.
As milícias, em especial em Roraima, também são alvo da ira trumpista. Mesmo as milícias que agem nos garimpos — paraísos amazônicos dos bolsonaristas.
E pensar que esse tipo de documento é citado, com solenidade, na imprensa do mundo inteiro.
E pensar que tem a assinatura do todo-poderoso Departamento de Estado dos EUA.
E saber que é usado como justificativa para punir a economia e os trabalhadores do Brasil inteiro, no caso do castigo do tarifaço e das sanções ao programa “Mais Médicos”.
Não foi à toa que a Human Rights Watch (WRH), uma das principais organizações de direitos humanos do planeta, acusou o governo estadunidense de manipulação política e montagem farsesca.
Gente, esse relatório é um catatau de dados feitos na base do copia-e-cola, matérias de jornal fora de ordem e contexto, quase um trabalho escolar de aluno preguiçoso da quinta série. Aluno que tenta trapacear com um “catadão” de letras e números apanhado às pressas no Google ou no ChatGPT.
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