Unimed Ferj deixa famílias de crianças autistas em desespero com cancelamento de tratamentos essenciais

Operadora acumula dívida de R$ 2 bilhões e interrompe terapias ABA, desrespeitando laudos médicos e decisões judiciais

Unimed Ferj deixa famílias de crianças autistas em desespero com cancelamento de tratamentos essenciais

A crise financeira da Unimed Ferj tem se transformado em uma tragédia humana sem precedentes, atingindo de forma devastadora famílias com crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Pais atípicos como Ezequiel Ferreira e Luis Fernando, que lutam incansavelmente pelos direitos de seus filhos, vivenciam o pesadelo diário de ver anos de progresso terapêutico sendo destruídos pela interrupção unilateral de tratamentos fundamentais para o desenvolvimento de suas crianças.

A situação se tornou insustentável quando a Unimed Ferj, sucessora da Unimed Rio após processo de transição conturbado, adotou como prática sistemática o não pagamento de clínicas e prestadores de serviços especializados.

Esta estratégia perversa tem provocado o fechamento em massa de estabelecimentos que ofereciam tratamentos baseados no método ABA (Análise do Comportamento Aplicada), considerado padrão-ouro internacional para intervenção em casos de autismo e exigido expressamente em laudos médicos.

Luis Fernando, pai atípico de gêmeos com nível 2 de suporte e não verbais, relata com indignação a retirada abrupta do acompanhante terapêutico do ambiente escolar de seus filhos no último mês. "Um mediador não consegue aplicar o conteúdo adaptado para meu filho."

Essa função é de um profissional chamado acompanhante terapêutico, que é preparado no método ABA", explica o pai, evidenciando a diferença técnica crucial entre os profissionais que a operadora insiste em ignorar.

A redução das terapias clínicas pela metade tem provocado regressões significativas no desenvolvimento das crianças, destruindo conquistas que levaram anos para serem alcançadas.

A Associação "Nenhum Direito a Menos", presidida por Fabiana Simão, tem documentado centenas de casos similares, em que famílias inteiras são submetidas a um calvário burocrático e emocional.

A entidade, junto com o Deputado Federal Áureo Ribeiro e ativistas como Roberta Maia, tem denunciado sistematicamente as práticas abusivas da Unimed Ferj, que incluem não apenas a interrupção de tratamentos, mas também o desrespeito flagrante a liminares e sentenças judiciais que determinam a continuidade dos serviços.

Segundo dados da Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro, a Unimed Ferj acumula uma dívida estratosférica de aproximadamente R$ 2 bilhões com hospitais e estabelecimentos de saúde.

Esta inadimplência tem provocado um efeito dominó devastador: médicos cooperados recusam atendimentos por falta de pagamento, clínicas especializadas fecham suas portas e pacientes em tratamentos críticos, incluindo oncológicos e de hemodiálise, enfrentam a possibilidade real de interrupção de seus cuidados médicos.

A luta dessas famílias já se estende por mais de dois anos, iniciando-se com os cancelamentos unilaterais durante a gestão da Unimed Rio e intensificando-se após a transição para a Unimed Ferj.

Durante este período, os pais atípicos têm enfrentado não apenas a deterioração dos serviços, mas também aumentos abusivos nas mensalidades, criando uma situação paradoxal em que pagam mais por receber menos assistência médica.

As tentativas de buscar justiça por meio de órgãos competentes têm se mostrado infrutíferas e desalentadoras. Ministério Público (MP), Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) foram acionados repetidamente, mas as soluções apresentadas não têm conseguido reverter a situação crítica enfrentada pelas famílias.

Esta ineficácia institucional tem deixado milhares de usuários em situação de vulnerabilidade extrema, dependendo exclusivamente da boa vontade de uma operadora que demonstra total descaso com suas obrigações legais e éticas.

O impacto psicológico nas famílias é imensurável. Pais como Ezequiel Ferreira e Luis Fernando relatam sentimentos de humilhação e impotência ao verem seus filhos regredirem após anos de progresso terapêutico.

As crianças autistas, que dependem de rotinas estruturadas e intervenções especializadas para seu desenvolvimento, são as principais vítimas desta crise, perdendo habilidades conquistadas com muito esforço e dedicação familiar.

A interrupção dos acompanhantes terapêuticos no ambiente escolar representa uma violação direta dos direitos educacionais das crianças com deficiência, garantidos pela Lei Brasileira de Inclusão.

Estes profissionais especializados são fundamentais para a adaptação curricular e social dos estudantes autistas, função que não pode ser substituída por mediadores sem formação específica em ABA, como insiste em fazer a Unimed Ferj.

A situação se agrava quando consideramos que muitas dessas famílias já enfrentavam dificuldades financeiras para custear tratamentos complementares e agora se veem obrigadas a arcar com despesas que deveriam ser cobertas pelo plano de saúde.

O desespero tem levado alguns pais a contrair dívidas ou vender bens pessoais para manter o mínimo de assistência terapêutica para seus filhos, evidenciando a dimensão social desta crise.

Ezequiel Ferreira(pai atípico), Roberta Maia, o Deputado Federal Áureo Ribeiro a Presidente Fabiana Simão a Presidente da Associação Nenhum Direito a Menos Sra. Fabiana Simão e Luis Fernando(pai atípico)

Texto Pianta Henrique @piantahp 

Por Jornal da República em 11/09/2025
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