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A Polícia Federal revelou que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) solicitou, em 2020, a produção de perfis detalhados de 152 bispos católicos que assinaram uma carta crítica ao governo de Jair Bolsonaro (PL). A informação faz parte do inquérito que investiga o funcionamento da chamada Abin Paralela – esquema ilegal de monitoramento promovido por núcleos bolsonaristas com apoio de servidores da Agência Brasileira de Inteligência.
Segundo a PF, os bispos expressaram insatisfação com a condução do país em áreas essenciais como saúde, educação e cultura. No documento, assinado por líderes da Igreja Católica durante o auge da pandemia de covid-19, os religiosos afirmavam que o Brasil vivia "um dos momentos mais difíceis de sua história".
“A nação enfrenta uma tempestade. Uma crise de saúde sem precedentes, com um colapso econômico avassalador e uma tensão que paira sobre os fundamentos da República, provocada em grande medida pelo Presidente da República e por outros setores da sociedade”, destacava um trecho da carta, agora sob análise da PF como um dos gatilhos para a vigilância clandestina.
O GSI, na época chefiado pelo general Augusto Heleno, teria pedido o mapeamento dos bispos como parte das ações da Abin Paralela, estrutura montada para espionar opositores e críticos do bolsonarismo. Heleno não foi indiciado neste inquérito, mas figura como um dos 31 réus na investigação mais ampla sobre a chamada trama golpista, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
Até o momento, ao menos 35 pessoas foram indiciadas pela PF por participação no uso irregular da Abin para fins políticos. Jair Bolsonaro, por sua vez, não aparece entre os novos alvos, pois já responde como réu no STF por envolvimento em atos preparatórios a um golpe de Estado. Esse processo inclui, entre outros elementos, a suspeita de utilização da Abin para fins de espionagem política.
As descobertas reforçam as denúncias de que órgãos de Estado teriam sido instrumentalizados durante o governo Bolsonaro para perseguir adversários e influenciar decisões institucionais, num claro desvio de finalidade e violação de garantias democráticas.
Fonte: Brasil247
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