BASTA DE PALANQUE: Favela cansada: o grito das comunidades por dignidade

BASTA DE PALANQUE: Favela cansada: o grito das comunidades por dignidade

Pesquisa revela realidade brutal de quem vive entre balas perdidas e promessas vazias de políticos oportunistas

Meus queridos, chegou nas minhas mãos uma pesquisa que vai fazer muita gente importante ficar com dor de barriga. Não é dessas pesquisas encomendadas para confirmar o que o cliente quer ouvir. É daquelas que mostram a realidade crua, sem filtro, sem maquiagem. É a voz de quem vive onde bala perdida não é manchete, é rotina.

A pesquisa mostra o que a população das favelas e comunidades realmente sente e pensa. E olha, não é nada bonito para quem gosta de usar essas comunidades como palanque político. Porque a verdade é que o povo que vive lá está cansado - muito cansado - de ser tratado como massa de manobra eleitoral.

A realidade que ninguém quer ver

Vamos falar claro: enquanto políticos fazem discursos inflamados sobre "defender as comunidades", quem mora lá vive uma realidade que esses mesmos políticos não conseguem nem imaginar. É acordar sem saber se vai conseguir sair de casa. É mandar o filho para a escola rezando para ele voltar inteiro. É viver entre o medo da violência e o medo da "proteção".

A pesquisa revela algo que deveria envergonhar qualquer pessoa com um mínimo de consciência: essas famílias vivem sob inúmeros abusos, coação e violência em todos os sentidos e formas. E não estou falando só da violência do tráfico. Estou falando da violência do abandono, da violência da falta de oportunidades, da violência de ser tratado como cidadão de segunda classe.

O palanque que ninguém pediu

Mas aí que a coisa fica interessante. Muitos políticos - e quando digo muitos, é muitos mesmo - querem interpretar essa realidade. Querem buscar palanque nessa dor. Querem transformar o sofrimento dessas pessoas em bandeiras eleitorais para se manter no cenário político estadual e nacional.

É revoltante ver político que nunca pisou numa favela, que não sabe o que é dormir com tiroteio, que nunca teve que escolher entre comprar remédio ou comida, aparecer na televisão falando em nome dessas comunidades. É como se a dor alheia fosse matéria-prima para ambição política.

O que eles realmente querem

A pesquisa deixa claro o que a população que vive em favelas e comunidades realmente quer. E não é complicado, gente. Não é nenhuma revolução. É o básico que qualquer ser humano deveria ter: o direito de ir e vir.

Imaginem só: poder sair de casa sem medo de não voltar. Poder ir trabalhar sem ter que calcular rotas de fuga. Poder visitar um parente sem ter que avisar para três pessoas diferentes que você está passando pelo território. Isso não é luxo, é direito básico que está sendo negado a milhões de brasileiros.

O sonho de educar os filhos

Outro ponto que a pesquisa destaca é o desejo desesperado dessas famílias de educar seus filhos e filhas longe do tráfico e da marginalidade. Mães que trabalham dupla jornada para manter os filhos na escola. Pais que fazem malabarismos financeiros para comprar material escolar. Famílias inteiras que se sacrificam para dar uma chance diferente para a próxima geração.

Mas como educar quando a escola vira território de guerra? Como ensinar valores quando a violência é normalizada? Como sonhar com um futuro melhor quando o presente é uma luta diária pela sobrevivência?

Livres dos falsos salvadores

E aqui vem a parte que vai incomodar muita gente boa: a população dessas comunidades quer ficar livre dos "pseudo defensores e justiceiros". Traduzindo: eles estão cansados tanto dos bandidos quanto dos que se dizem salvadores.

Porque vejam só a ironia: muitas vezes, os que se apresentam como defensores das comunidades são os mesmos que perpetuam o ciclo de violência e abandono. São os que fazem discursos bonitos na televisão, mas votam contra investimentos em educação e saúde. São os que choram lágrimas de crocodilo pelas vítimas, mas não movem uma palha para mudar a realidade estrutural.

O Brasil que temos que lutar

A pesquisa termina com uma frase que deveria estar gravada na porta de todo gabinete político: "Esse é o Brasil que temos que lutar". Não o Brasil dos discursos prontos, das soluções mágicas, dos salvadores de plantão. O Brasil real, onde pessoas reais vivem problemas reais que exigem soluções reais.

É o Brasil onde uma mãe não consegue dormir porque não sabe se o filho vai conseguir voltar da escola. É o Brasil onde um trabalhador perde o emprego porque não consegue chegar no horário por causa de operações policiais. É o Brasil onde crianças brincam de polícia e ladrão porque essa é a realidade que conhecem.

A hipocrisia que precisa acabar

O que mais me revolta nessa história toda é a hipocrisia. Políticos que moram em condomínios fechados, com segurança 24 horas, fazendo discursos sobre a realidade das favelas. Gente que nunca precisou se preocupar com bala perdida falando sobre segurança pública como se fosse especialista.

Esses mesmos políticos que usam a dor das comunidades como palanque são os primeiros a sumir quando chega a hora de votar orçamento para educação, saúde, saneamento básico. São especialistas em aparecer na tragédia e desaparecer na solução.

A mudança que precisa vir de baixo

A pesquisa mostra algo fundamental: a mudança real vai ter que vir de baixo para cima. Vai ter que vir das próprias comunidades, das pessoas que vivem essa realidade na pele. Porque quem vive o problema é quem melhor sabe qual é a solução.

Não adianta mais aceitar que político de fora venha ditar o que é melhor para quem vive na favela. Não adianta mais engolir discurso pronto de quem nunca pisou numa comunidade. A hora é de dar voz para quem realmente sabe do que está falando.

O recado final

Meus queridos, essa pesquisa é um tapa na cara de quem acha que pode usar o sofrimento alheio como trampolim político. É um recado claro: o povo das favelas e comunidades não é massa de manobra. São cidadãos brasileiros que merecem respeito, dignidade e, principalmente, soluções reais para problemas reais.

A próxima vez que vocês virem um político fazendo discurso sobre defender as comunidades, perguntem: onde ele estava quando precisava votar investimento em educação? Onde ele estava quando precisava aprovar recursos para saneamento básico? Onde ele estava quando precisava lutar por transporte público de qualidade?

Porque defender comunidade não é fazer discurso bonito. É trabalhar todo dia, no anonimato, para garantir que essas pessoas tenham o que todo brasileiro deveria ter: direito à vida, à educação, à saúde, à segurança. Sem palanque, sem holofote, sem interesse eleitoral.

Esse é o Brasil que temos que lutar. E a luta começa agora, com a verdade na mesa e a hipocrisia na porta.

Lula assina Projeto de lei Antifacção e envia ao Congresso

presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta sexta-feira (31), o projeto de lei Antifacção para ser encaminhado ao Congresso Nacional ainda hoje em regime de urgência.

A Secretaria de Comunicação do governo confirmou a informação nesta tarde à imprensa, havendo apenas “pequenos ajustes de redação” ao texto que foi elaborado pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública.

proposta é levada ao Legislativo depois dos resultados da Operação Contenção, que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro

Conforme havia sido informado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a proposta inclui agravar a pena para lideranças e integrantes de organizações criminosas.

Os condenados pelo crime de "organização criminosa qualificada", que passaria a ser um novo tipo penal, poderão receber a pena de 30 anos de prisão

O texto prevê ainda a criação de um banco de dados nacional para ter uma espécie de catálogo de informações dessas facções com a finalidade de reunir informações estratégicas para investigação e rastreamento desses grupos. 

Outro ponto é adotar ações para diminuir os recursos financeiros das facções de maneira mais rápida.

Um exemplo seria a apreensão de bens, direitos ou valores do investigado, inclusive durante o curso do inquérito ou quando houver suspeita de que sejam produtos ou instrumento de prática de crimes.

Infiltração

Outra ação prevista pela proposta é a de infiltração de policiais e colaboradores na organização criminosa durante a investigação e até a possibilidade de criar pessoas jurídicas fictícias para facilitar a infiltração na organização criminosa

O projeto de lei ainda apresenta outra possibilidade, durante a investigação, ao autorizar o monitoramento dos encontros realizados entre presos provisórios ou condenados integrantes de organização criminosas

Penas de prisão

A proposta defende a necessidade de aumento de pena da organização criminosa simples, de 3 a 8 anos de prisão para de 5 a 10 anos. O agravamento ainda maior (de dois terços ao dobro) das penas ocorreria nos casos do tipo penal caracterizado como  “organização criminosa qualificada”. 

Entre os exemplos dessa característica, estão nos casos em que ficar comprovado o aliciamento de criança ou adolescente para o crime, ou mesmo quando a ação for funcionário público. Outra “qualificação” do crime organizado pode ser entendida nos casos de exercício de domínio territorial ou prisional pela organização criminosa.

São ainda situações de agravamento de pena o uso de arma de fogo de uso restrito ou proibido e quando houver morte ou lesão corporal de agente de segurança pública. Pelo projeto, o crime tipificado como de organização criminosa qualificada passa a ser considerado hediondo, ou seja, inafiançável.

Domínio territorial

O domínio territorial pelo crime organizado ocorre, conforme exemplifica o ministro da Justiça, em comunidades dominadas por facções, o que deixa os moradores vulneráveis. 

Banco de dados

Em relação ao banco de dados, a intenção é ter o máximo de detalhes, inclusive até o DNA das pessoas envolvidas com o crime organizado.

Lula defende tramitação rápida

O presidente Lula usou as redes sociais para defender a proposta.

"O projeto cria mecanismos que aumentam o poder do Estado e das forças policiais para investigar e asfixiar financeiramente as facções", explicou o presidente.

Lula entende que a proposta do Executivo garante instrumentos que blindam os órgãos públicos da atuação de membros desse tipo de organizações criminosas. 

Ele aproveitou para argumentar também a favor da PEC da Segurança Pública, enviada ao Congresso em abril, em vista da possibilidade de ações integradas entre os órgãos federais, estaduais e municipais no combate aos criminosos. 

"As facções só serão derrotadas com o esforço conjunto de todas as esferas de poder. Diferenças políticas não podem ser pretexto para que deixemos de avançar". 

Ele pediu ao Congresso que a tramitação seja rápida dos projetos. "As famílias brasileiras merecem essa dedicação", finalizou o presidente.

Por Jornal da República em 01/11/2025
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