Chefão do Comando Vermelho paga R$ 24 mil por cirurgia em hospital de luxo no Rio

Alexander de Jesus Carlos, o Choque, chefe do tráfico em Manguinhos, foi operado no Hospital Samaritano, em Botafogo, e arcou com todos os custos; decisão reacende debate sobre atendimento de presos em hospitais particulares.

Chefão do Comando Vermelho paga R$ 24 mil por cirurgia em hospital de luxo no Rio

Alexander de Jesus Carlos, conhecido como Choque, chefe do tráfico na favela de Manguinhos, Zona Norte do Rio, foi submetido a uma cirurgia de vesícula no Hospital Samaritano, em Botafogo, um dos mais luxuosos da cidade. O procedimento, realizado na última sexta-feira (8), custou ao menos R$ 24 mil, incluindo diária hospitalar de quase R$ 5 mil, pagos pelo próprio detento.

A informação levou o juiz titular da Vara de Execuções Penais a revogar a gratuidade de Justiça que ele possuía, benefício destinado a quem não tem condições de arcar com despesas processuais.

Preso desde 2008 e considerado de altíssima periculosidade, Choque teve autorização judicial para deixar a unidade prisional e realizar o procedimento fora do sistema penitenciário. Antes disso, o traficante havia passado por atendimentos no ambulatório do presídio e em unidades de saúde públicas, mas relatou dores persistentes e manifestou desejo de operar em hospital particular. O juiz responsável avaliou que a escolha seria possível desde que a unidade estivesse em área segura, e o Samaritano foi apontado como local ideal.

Estrutura de alto padrão
O Hospital Samaritano é conhecido por oferecer leitos de alto padrão, com quartos luxuosos equipados com poltronas massageadoras, frigobar, TV, Wi-Fi e serviço de camareira. Mesmo com previsão inicial de apenas um dia de internação, Choque permaneceu mais tempo devido à descoberta de pus na vesícula, o que demandou tratamento adicional e um segundo procedimento cirúrgico.

Debate jurídico
A autorização reacendeu a discussão sobre a possibilidade de presos realizarem procedimentos em hospitais particulares. Especialistas em Direito Penal afirmam que a Lei de Execuções Penais permite o atendimento fora do sistema penitenciário quando não há recursos adequados na rede pública ou em casos de urgência comprovada, desde que autorizado por um juiz. No entanto, a escolha de unidades privadas é considerada excepcional.

O Tribunal de Justiça do Rio informou que a decisão seguiu determinação da Vara de Execuções Penais, e a Secretaria de Administração Penitenciária garantiu que o detento permaneceu sob escolta durante todo o período de internação. Choque recebeu alta nesta quarta-feira (13) e foi reconduzido ao presídio, onde aguarda transferência para uma penitenciária federal.

Via Agenda do Poder

Por Jornal da República em 14/08/2025
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