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Prestes a encerrar o primeiro semestre de 2025, o projeto Qualifica Maricá, vinculado ao Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM) e à Secretaria Municipal de Trabalho, ainda não ofereceu um único curso este ano. Apesar da ausência completa de atividades, os cofres públicos seguem irrigando a iniciativa com cifras milionárias.
A gestão do projeto está a cargo da organização social Instituto Brasil Social (IBS), que tem um contrato com o ICTIM desde 2021, no valor de R$ 22.673.383,20, quando Celso Pansera era presidente da instituição. Atualmente, Pansera ocupa a presidência da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar).
Na sessão de segunda-feira (23/06), na Câmara Municipal, o vereador Ricardinho Netuno (PL) escancarou o descaso:
"Há uma total inversão de valores no nosso município. O PT está no poder há mais de 20 anos e não consegue fazer com que a cidade mais rica em arrecadação de petróleo do Brasil dê oportunidade de emprego à população. Venho recebendo diversas reclamações apontando que todos os cursos do Qualifica foram paralisados desde o ano passado. Em 2025, nada aconteceu até agora, mas o ICTIM continuou mandando dinheiro para o IBS. Um contrato de R$ 22 milhões, sendo só este ano mais de R$ 3 milhões executados, para nada. Não tem um curso sendo realizado pelo IBS.", disse o parlamentar.
Confira o pronunciamento do líder da oposição: https://www.instagram.com/reel/DLTHSDnvThp/?igsh=MW9lNmV1a3FrdzJreA==
Prédios alugados, contratos em vigência e nenhuma aula
O programa Qualifica Maricá conta com cinco unidades físicas alugadas, localizadas nos bairros Centro, Condado, Ponta Negra, Inoã e Itaipuaçu. Todos esses espaços estão subutilizados ao longo dos quase seis meses de 2025. Mesmo assim, o aluguel segue sendo pago, funcionários são mantidos e professores contratados aguardam convocação para dar aulas que não começam.
Líder da oposição, o vereador Ricardinho Netuno apontou também possíveis relações políticas obscuras envolvendo os contratos firmados:
"A empresa do Vitor Villa foi contratada para fazer manutenção desses prédios que não têm aula, onde está tudo parado. O Vitor Villa é cabo eleitoral e amigo de Celso Pansera, foi candidato a vereador em Caxias", denunciou, mostrando fotos em plenário.
Trata-se da empresa VLV ENGENHARIA LTDA (CNPJ 17.243.218/0001-70), pertencente a Vitor Xavier Villa e Giselle Coelho Miranda. Nas fotos exibidas, Vitor Villa é claramente cabo eleitoral de Pansera e já foi candidato a vereador em Duque de Caxias. A empresa dele aparece como parceira do IBS não apenas no Qualifica Maricá, mas também no projeto Incubadora de Inovação Social em Cultura, outro que é de responsabilidade do ICTIM.
Além disso, o IBS é presidido por Rosalvo Correia, ex-subsecretário do prefeito Washington Quaquá. A proximidade política entre os envolvidos lança ainda mais dúvidas sobre os critérios de contratação e execução do contrato milionário.
Uso da máquina pública para o PED do PT?
Ainda durante seu pronunciamento, Netuno denunciou o suposto uso da estrutura do ICTIM — presidido hoje por Cláudio de Souza Gimenez — para fins eleitorais. "Os nossos recursos, os recursos da nossa cidade estão sendo usados para fazer acordo político a todo momento. São R$ 22 milhões indo para o ralo, sem o mínimo que é um curso de qualificação funcionando".
Segundo o vereador, o ICTIM estaria sendo instrumentalizado para favorecer interesses ligados ao Processo de Eleição Direta (PED) do Partido dos Trabalhadores (PT), marcado para 6 de julho. A internet não deixa mentir. Recentemente, Celso Pansera promoveu encontros em Duque de Caxias, Belford Roxo e Mesquita que, como ele próprio escreveu, visavam "reorganizar a esquerda da Baixada Fluminense". As reuniões foram promovidas para receber o filho do Sheik Quaquá, Diego Zeidan, que é candidato à presidência estadual do PT/RJ.
Reações e maquiagem de emergência
Logo após a denúncia pública na Câmara, o perfil oficial do Qualifica Maricá nas redes sociais se apressou em divulgar a data de abertura das inscrições para cursos: somente em 1º de julho. Ou seja, até lá, a população segue arcando com todos os custos do projeto — aluguel, salários, manutenção — sem qualquer benefício prático.
A pressa em divulgar a nova rodada de inscrições evidencia o impacto da pressão pública, mas não apaga os meses de abandono e desperdício de dinheiro.
Os “elefantes brancos” do Qualifica
Essa não é a primeira vez que o projeto é alvo de denúncias. Em maio deste ano, o vereador Netuno visitou a unidade do Qualifica em Itaipuaçu e registrou o abandono completo da estrutura.
"Cheguei lá e vi aquele prédio enorme alugado, dois funcionários sentados sem ter o que fazer. Aquele elefante branco não servindo para nada, somente para dar despesa, assim como todos os outros prédios alugados do Qualifica. E claro professores contratados que aguardam serem chamados pra dar aula.", disse o líder da oposição.
Durante a visita, uma funcionária admitiu, sem rodeios, que o projeto estava sem funcionar. Confira o vídeo:
https://www.instagram.com/reel/DJrbpyTOEkc/?igsh=MWc5cm52em13ZXNibg==
Poucos dias depois da visita, o ICTIM publicou, de maneira apressada e suspeita, uma portaria criando uma comissão de fiscalização para o contrato — uma resposta visivelmente reativa.
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