Vereador Ricardinho Netuno aponta possíveis irregularidades em contratações da Codemar com escritórios ligados a Felipe Santa Cruz, atual secretário de Paes no Rio

Vereador Ricardinho Netuno aponta possíveis irregularidades em contratações da Codemar com escritórios ligados a Felipe Santa Cruz, atual secretário de Paes no Rio

Vereador denuncia contratos milionários sem licitação em Maricá envolvendo aliado de Lula

A política de Maricá foi sacudida por uma denúncia que expõe possíveis irregularidades na gestão de recursos públicos. O vereador Ricardinho Netuno (PL) trouxe à tona, na tribuna da Câmara Municipal e em suas redes sociais, contratos firmados pela Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) que totalizam R$ 3,39 milhões. O alvo das acusações é Felipe Santa Cruz, ex-presidente da OAB Nacional, atual secretário de Governo do Estado do Rio de Janeiro e reconhecido aliado político do presidente Lula e do prefeito carioca Eduardo Paes.

A denúncia ganha contornos ainda mais graves quando se analisa a natureza das contratações. Segundo o parlamentar, dois escritórios de advocacia distintos, ambos vinculados a Santa Cruz e à sua esposa, teriam sido contratados simultaneamente pela estatal municipal para prestar serviços jurídicos. O que chama atenção é que essas contratações teriam ocorrido sem processo licitatório, ferindo princípios básicos da administração pública que exigem transparência e competitividade na escolha de fornecedores.

A duplicidade das contratações representa o ponto central da acusação de Netuno. Para o vereador, não há justificativa técnica ou legal para que uma mesma empresa pública mantenha contratos paralelos com dois escritórios ligados ao mesmo grupo familiar para prestação de serviços similares. Essa prática levanta questionamentos sobre a real necessidade da estrutura contratada e, principalmente, sobre o destino adequado dos recursos públicos de Maricá, município que se destaca no cenário fluminense por sua gestão diferenciada e programas sociais inovadores.

O timing da denúncia não poderia ser mais delicado para Felipe Santa Cruz, que recentemente se envolveu em uma polêmica nacional ao publicar em suas redes sociais que, em seu "mundo ideal", o ex-presidente Jair Bolsonaro receberia "pena de morte, bala na nuca". A declaração provocou uma onda de indignação no meio político, resultando em pedidos formais de afastamento apresentados na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Essa sequência de eventos coloca Santa Cruz no centro de duas controvérsias simultâneas que podem afetar sua trajetória política.

A ausência de manifestação das partes envolvidas até o momento amplifica a gravidade da situação. Nem Felipe Santa Cruz, nem a Prefeitura de Maricá, nem a própria Codemar se pronunciaram oficialmente sobre as acusações apresentadas pelo vereador. Esse silêncio institucional pode ser interpretado como estratégia de defesa ou como necessidade de tempo para análise técnica dos contratos questionados, mas certamente alimenta especulações sobre a veracidade das denúncias.

O caso promete movimentar significativamente a política local de Maricá e reacender debates fundamentais sobre transparência na gestão pública. A cidade, conhecida por ser um dos principais redutos petistas do estado do Rio de Janeiro, vê-se agora diante de questionamentos que podem afetar sua imagem de gestão inovadora e eficiente. A presença de nomes próximos ao presidente Lula e ao prefeito Eduardo Paes na polêmica adiciona uma dimensão política nacional ao caso.

A Companhia de Desenvolvimento de Maricá, como empresa pública municipal, está sujeita aos mesmos princípios de transparência e eficiência que regem toda a administração pública. A Lei de Licitações e Contratos estabelece regras claras para contratação de serviços, exigindo processos competitivos que garantam a melhor proposta para o poder público. Contratos sem licitação só são permitidos em casos específicos e limitados, sempre com ampla justificativa técnica e legal.

As implicações jurídicas do caso podem se estender além da esfera administrativa. Caso confirmadas as irregularidades, os responsáveis podem responder por improbidade administrativa, crime que prevê sanções como perda de direitos políticos, multa e ressarcimento ao erário. O Ministério Público e os órgãos de controle certamente acompanharão os desdobramentos da denúncia com atenção especial.

A repercussão política da denúncia já se faz sentir nos corredores da Câmara Municipal de Maricá e pode influenciar o cenário eleitoral futuro. Ricardinho Netuno, ao assumir o papel de denunciante, posiciona-se como fiscal da aplicação dos recursos públicos, papel tradicionalmente valorizado pelo eleitorado. Por outro lado, a gestão municipal precisará demonstrar transparência e eficiência na condução das investigações para preservar sua credibilidade.

O episódio também reforça a importância do controle social e da atuação parlamentar na fiscalização do poder executivo. A tribuna da Câmara Municipal cumpre sua função constitucional de espaço para denúncias e questionamentos sobre a gestão pública, garantindo que irregularidades não passem despercebidas pela sociedade.

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Por Jornal da República em 02/09/2025
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