Crise política no governo do Rio concentra poder em André Moura

Secretário de Governo acumula três pastas estaduais após exoneração de Washington Reis dos Transportes

Crise política no governo do Rio concentra poder em André Moura

Bacellar centraliza comando durante ausência de Cláudio Castro

O governador em exercício Rodrigo Bacellar (União Brasil) promoveu uma significativa reestruturação no primeiro escalão do governo fluminense, concentrando o poder nas mãos do secretário estadual de Governo, André Moura. A decisão, publicada em edição extraordinária do Diário Oficial desta sexta-feira (4), designa Moura para responder interinamente pela Secretaria de Transportes, após a exoneração de Washington Reis em meio a uma crise política que abala o Palácio Guanabara.

A mudança ocorre enquanto o governador titular, Cláudio Castro (PL), participa do Fórum Jurídico de Lisboa, em Portugal, e só deve retornar na próxima segunda-feira. O movimento demonstra a influência crescente de Moura no governo estadual e levanta questionamentos sobre a concentração de poder em uma única pessoa.

André Moura assume comando de três secretarias simultaneamente

Com a nova designação, André Moura passa a acumular três importantes pastas no governo fluminense: continua como titular da Secretaria de Governo, mantém a responsabilidade "interinamente em definitivo" pela Secretaria de Representação do Estado em Brasília, e agora assume interinamente os Transportes.

Essa concentração de poder em uma única pessoa é considerada inédita na atual gestão e reflete tanto a confiança de Bacellar no aliado político quanto a necessidade de manter a governabilidade em um momento de turbulência. André Luís Dantas Ferreira, conhecido como André Moura, é formado em Administração de Empresas e gestor público, assumiu a Secretaria de Estado de Governo em março de 2024. Além da articulação política com todos os demais poderes da federação, a Secretaria de Governo é responsável pela administração dos principais programas do Governo do Rio: Segurança Presente, Lei Seca, RJ Para Todos e Me Leva RJ.

Trajetória política consolidada entre Sergipe e Rio de Janeiro

André Moura construiu uma sólida carreira política iniciada aos 18 anos, com passagens marcantes tanto em Sergipe quanto no Rio de Janeiro. No estado nordestino, foi prefeito de Pirambu, deputado estadual e federal em mandatos consecutivos, além de ter ocupado o cargo de secretário de Serviços Públicos Metropolitanos do Estado de Sergipe.

Na Câmara dos Deputados, exerceu posições de liderança estratégicas, sendo líder do Governo Federal em 2016 e líder do Governo no Congresso Nacional em 2017 e 2018. No Rio de Janeiro, sua experiência na administração pública inclui os cargos de Secretário da Casa Civil e Governança (2019-2020) e, desde 2019, a pasta de Representação do Governo do Rio em Brasília.

Para 2026, o político já tem planos definidos: disputará uma vaga no Senado pelo estado de Sergipe.

Saída de Washington Reis marca nova fase da crise governamental

A exoneração de Washington Reis da Secretaria de Transportes representa mais um capítulo da crise política que assola o governo fluminense. Reis, figura experiente da política estadual e com longa trajetória no setor de transportes, deixa o cargo em circunstâncias que ainda não foram completamente esclarecidas pelo Palácio Guanabara.

A pasta dos Transportes é considerada estratégica para o governo estadual, sendo responsável por políticas que afetam diretamente a vida de milhões de fluminenses, incluindo a gestão do transporte público metropolitano e a articulação com os municípios. A saída de Reis e a concentração de suas atribuições nas mãos de André Moura sinalizam uma possível reorganização mais ampla do governo, que pode incluir outras mudanças no primeiro escalão.

Mudanças também atingem órgãos vinculados ao governo

Além da reestruturação na Secretaria de Transportes, a edição extraordinária do Diário Oficial também registrou a exoneração de Kennedy de Assis Martins da presidência do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem). Martins era indicado pelo deputado Dionísio Lins (PP), e sua saída pode sinalizar mudanças nas articulações políticas do governo com a base aliada na Assembleia Legislativa.

Até o momento, não há substituto indicado para comandar o Ipem, órgão responsável pela fiscalização de instrumentos de medição e pela proteção do consumidor em questões metrológicas. A vacância no comando do instituto pode afetar as atividades de fiscalização e controle de qualidade em diversos setores da economia fluminense.

Governabilidade em teste durante ausência do titular

A ausência de Cláudio Castro do país em um momento de crise política coloca à prova a capacidade de governabilidade do estado sob o comando interino de Rodrigo Bacellar. As decisões tomadas nos últimos dias, incluindo a concentração de poder em André Moura, demonstram a necessidade de manter a estabilidade administrativa enquanto o governador titular participa de compromissos internacionais.

A situação também evidencia a importância da articulação política entre os diferentes grupos que compõem a base governista, especialmente considerando que Bacellar e Castro pertencem a partidos diferentes - União Brasil e PL, respectivamente. O retorno de Castro na próxima segunda-feira será crucial para definir se as mudanças promovidas por Bacellar serão mantidas ou se haverá nova reorganização do primeiro escalão.

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Por Jornal da República em 04/07/2025
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