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Ex-secretário desafia Bacellar e revela conversa com governador licenciado
O que era apenas especulação nos bastidores políticos se tornou realidade nesta quinta-feira (3). Rodrigo Bacellar (União), presidente da Assembleia Legislativa que assumiu interinamente o governo do Rio durante a licença de Cláudio Castro (PL), decidiu exonerar o poderoso secretário de Transportes, Washington Reis (MDB), contrariando as expectativas do Palácio Guanabara.
A decisão marca um ponto de ruptura definitivo na política fluminense e desencadeia uma série de retaliações que já se espalham pelo estado, especialmente em Duque de Caxias, reduto da família Reis.
Exoneração oficializada em Diário Oficial
A exoneração de Washington Reis foi oficializada através do Decreto de 03 de julho de 2025, publicado no Diário Oficial do Estado. O documento, assinado por Rodrigo Bacellar como Governador em Exercício, declara textualmente:
"RESOLVE: EXONERAR WASHINGTON REIS DE OLIVEIRA, ID FUNCIONAL Nº 4348537-5, do cargo de Secretário de Estado, símbolo SE, da Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana. Processo nº SEI-150001/008411/2025."
A medida foi datada de Rio de Janeiro, 03 de julho de 2025, confirmando que Bacellar não hesitou em usar sua posição interina para promover mudanças estruturais no governo estadual.
Washington Reis desafia Bacellar e revela conversa com Castro
Exonerado pelo governador em exercício em ato publicado nesta quinta-feira (3), Washington Reis (MDB) reagiu de forma contundente à decisão, questionando a legitimidade da assinatura de Bacellar e revelando contato direto com o governador licenciado.
"A assinatura desse moço (Bacellar) não vale nada, ele não foi eleito. Não tem nem tamanho para estar à frente da Assembleia Legislativa. O governador me telefonou ontem às 23h, reiterando a nossa parceria. Vou esperar ele voltar", declarou Washington.
O agora ex-secretário e presidente do diretório estadual do MDB disse que Castro o orientou a ir trabalhar normalmente e não dar ouvidos a boatos. "O governador me disse para não acreditar em fake news", contou Washington, sugerindo que a exoneração pode ter sido uma surpresa até mesmo para Castro.
Ironia e críticas ao governador interino
Sobre a decisão de Bacellar de exonerá-lo assim que assumiu o comando do estado, o ex-secretário foi irônico: "Aprendi, na minha vida, que tem gente assim, que para a sua estrela brilhar tem que apagar a dos outros", concluiu.
A declaração evidencia o tom de desafio que Washington Reis adotou, questionando não apenas a legitimidade da decisão, mas também as motivações políticas por trás da exoneração.
Bacellar amplia demissões: Ipem também é alvo
Washington Reis não foi a única vítima da "caneta afiada" de Bacellar nesta quinta-feira (3). A edição extraordinária do Diário Oficial também trouxe a exoneração de Kennedy de Assis Martins, presidente do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem), que era indicado pelo deputado Dionísio Lins (PP).
A demissão de Kennedy revela uma estratégia mais ampla de Bacellar, que mira deputados considerados desleais à sua candidatura ao governo estadual. Dionísio Lins vem sendo muito criticado pelos deputados da base de Castro na Assembleia Legislativa por ter cargos no governo do estado e apoiar a eleição de Eduardo Paes para governador.
No último dia 20, Clerton Castro, pai do governador Cláudio Castro, participou ao lado de Dionísio de um evento político com mais de cem pessoas em Brás de Pina, em torno do vice-prefeito Eduardo Cavaliere (PSD), demonstrando a complexidade das alianças políticas no estado.
Guerra de retaliações em Duque de Caxias
A exoneração de Washington Reis desencadeou uma reação imediata em Duque de Caxias. O prefeito Netinho Reis (MDB), sobrinho do ex-secretário, promoveu uma exoneração em massa de mais de 100 pessoas indicadas pelo deputado estadual Arthur Monteiro (União) e pedetistas cpmo Deputado Federal Marcps Tavares e vereadores da base cpmo Serginho.
Entre os demitidos está Giorgio Monteiro (PP), vereador licenciado e irmão de Arthur, que ocupava cargo na Secretaria de Trabalho e Renda. Também foram exonerados diretores de três escolas técnicas, funcionários de unidades básicas de saúde e diversos outros cargos comissionados.
A retaliação é interpretada como resposta direta à "traição" de Arthur Monteiro, que votou a favor da convocação de Washington Reis para depor na CPI da Transparência, alinhando-se com a ampla maioria dos parlamentares da Alerj (59 votos favoráveis).
O posicionamento de Arthur Monteiro
Em nota oficial, o deputado defendeu sua posição e denunciou perseguição política:
"A votação favorável à convocação do secretário reflete o exercício legítimo e independente das atribuições de um parlamentar estadual, com base no interesse público e na responsabilidade com a população fluminense. Qualquer tentativa de distorcer essa atuação revela uma perseguição política que já vem se desenhando no município de Duque de Caxias, marcada por exonerações, retaliações, intimidações e disputas antecipadas de poder, visando às eleições de 2026."
Arthur reafirmou seu apoio público a Rodrigo Bacellar, destacando que ambos "compartilham valores e princípios no exercício de um mandato firme, técnico e responsável".
Cenário eleitoral antecipado
A crise política evidencia a antecipação das disputas eleitorais de 2026, com Rodrigo Bacellar consolidando sua posição como pré-candidato ao governo estadual. A exoneração de Washington Reis representa não apenas uma demonstração de força, mas também um movimento estratégico para enfraquecer grupos políticos rivais.
A situação revela a fragmentação do cenário político fluminense, com antigas alianças sendo rompidas e novos alinhamentos sendo formados. A física política está em pleno funcionamento: a toda ação corresponde uma reação, nem sempre igual, mas invariavelmente em sentido contrário.
O episódio marca um divisor de águas na política do Rio de Janeiro, sinalizando que as eleições de 2026 já começaram nos bastidores do poder estadual, com consequências que se estendem desde o Palácio Guanabara até os municípios da Baixada Fluminense.
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