PF apreende R$ 800 mil com sócia de empresa fornecedora de hospitais em GO

PF apreende R$ 800 mil com sócia de empresa fornecedora de hospitais em GO

Policiais encontraram maços de dinheiro vivo em notas de R$ 200, R$ 50, R$ 20 e cédulas menoresImagem: Imagem obtida pelo UOL

A Polícia Militar de Goiás e a Polícia Federal apreenderam ontem R$ 800 mil em dinheiro vivo com a sócia de uma empresa distribuidora de medicamentos e fornecedora de hospitais do governo de Goiás e do governo federal.

O que aconteceu

O dinheiro estava dentro de uma mochila em um carro. "A equipe policial em patrulhamento realizou a abordagem de uma caminhonete em atitude suspeita", narra o boletim de ocorrência, obtido pelo UOL. A apreensão aconteceu pouco antes do meio-dia, na avenida 85, no Setor Marista, região nobre de Goiânia.

No veículo estava a advogada Cejana Pires Guimarães, 52. Ela é sócia da empresa MGB Produtos Hospitalares, a Distribuidora de Medicamentos Guimarães e Brito Ltda, com capital social de R$ 1,5 milhão e autorização da Anvisa para armazenar dispositivos médicos. Com Cejana, estava um sócio dela em uma empresas de tintas, que era o dono da caminhonete, André Luiz de Oliveira.

Questionada sobre a procedência do dinheiro, a portadora do objeto, Sra. Cejana e senhor Eduardo [sic, na verdade o abordado se chamava André], falou que era dinheiro da sua empresa e que tinha acabado de realizar o saque no valor de 800 mil reais.Boletim de ocorrência feito pela Polícia Militar

No boletim, os militares disseram que ela teria antecedentes criminais, mas não especificaram quais. "Em consulta aos sistemas policiais, constatou-se ainda que a mesma possui antecedentes criminais por crime de natureza similar", escreveram. A reportagem questionou a PF e a Polícia Civil sobre o assunto, mas ainda não teve retorno.

Cejana e André foram liberados, mas tiveram seus celulares apreendidos. O UOL procurou a empresa MGB, uma empresa de André e também seus familiares e funcionários para esclarecer os motivos do saque em dinheiro feito pelos empresários, mas não teve retorno. Os contatos foram feitos por email e telefones.

Empresa fornece para o governo de Goiás e o federal

Em Goiás, a MGB é fornecedora de uma organização social chamada Idtech, que administra o hospital estadual Alberto Rassi, pertencente ao Executivo. Desde 2022, fornece produtos como "kits de aspiradores ultrassônicos", próteses e materiais para neurocirurgias. Há três contratos que somam R$ 746 mil por ano, de acordo com os contratos divulgados pela organização social e consultados pelo UOL.

A empresa também forneceu materiais para o Hugo (Hospital de Urgências de Goiânia), instituição estatual administrada pela organização social Instituto CEM. Pelo menos entre 2022 e 2024, havia ao menos seis contratos com o hospital, todos com valor variável.

A MGB ainda recebeu R$ 1 milhão do governo federal desde 2020. Este ano, foram R$ 100 mil do Hospital das Clínicas da UFG e da Ebserh, a empresa de serviços hospitalares do governo federal. Lá, fornece produtos como cateteres cirúrgicos, segundo o portal da Transparência.

Dinheiro foi encontrado em caminhonete com adesivo "Fora, Lula"

Na abordagem, André e Cejana estavam em uma caminhonete Dodge RAM 4x4 ano 2022 de cor branca e com adesivo vermelho escrito "Fora, Lula". Nela, os policiais encontraram maços de dinheiro vivo em notas de R$ 200, R$ 50, R$ 20 e cédulas menores dentro de uma mochila grande, conforme descreveram. O boletim de ocorrência foi preenchido por dois policiais militares que participaram da ação da Ficco (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado), que integra várias forças de segurança.

Contratação foi feita com licitação, diz instituto

Após a publicação da reportagem, a organização social Idtech (Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano) informou ao UOL que a MGB Hospitalar forneceu materiais médicos para 45 procedimentos da área de neurocirurgia realizados pelo hospital estadual Alberto Rassi, entre janeiro dezembro deste ano. Segundo a instituição, a escolha da empresa foi feita por licitação, "em estrita observância à legislação vigente e aos princípios que regem as contratações administrativas".

"A execução contratual ocorre por meio de entregas parceladas e individualizadas, realizadas conforme a necessidade específica de cada paciente e de acordo com as programações cirúrgicas eletivas, assegurando o uso racional e adequado dos materiais adquiridos."Nota do Idtech

Por Jornal da República em 25/12/2025
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