Rio em Destaque: Pesquisa Revela a Complexa Bipolaridade na Alma Carioca, Medo e Alegria, as palavras que definem o Rio

Estudo do Instituto Coalizão Rio expõe a dualidade entre o encanto da Cidade Maravilhosa e o clamor por segurança e governança.

Rio em Destaque: Pesquisa Revela a Complexa Bipolaridade na Alma Carioca, Medo e Alegria, as palavras que definem o Rio

O Rio de Janeiro, uma metrópole de belezas mundialmente reconhecidas e contrastes marcantes, é o foco de uma pesquisa inédita que busca decifrar sua identidade sob a ótica de seus próprios habitantes e frequentadores. Intitulada "Pesquisa sobre a Identidade do Rio", a iniciativa do Instituto Coalizão Rio, com apoio da Comunicarte, mergulha nas percepções, sentimentos e visões de futuro que moldam a relação da população com a cidade. Os resultados parciais, revelados recentemente, desenham um quadro de profunda polarização, onde o fascínio natural e a vitalidade de seu povo se chocam com uma realidade de vulnerabilidade e apreensão, um "paradoxo carioca" que desafia a construção de uma visão de futuro unificada.

Conforme o levantamento, ao ser questionado sobre a primeira palavra que vem à mente ao pensar no Rio, o povo carioca manifesta uma divisão nítida de percepções. Enquanto 46% associam a cidade às suas belezas naturais e paisagens exuberantes, e 18% ao estilo de vida vibrante de seu povo, um percentual avassalador de 76% aponta para "Medo, Insegurança, Violência e Criminalidade". Esse dado sublinha a persistente sombra que as questões de segurança projetam sobre a imagem idílica do Rio, evidenciando uma lacuna fundamental entre o ideal e a experiência cotidiana de muitos cidadãos. Outras preocupações significativas incluem o abandono urbano e a falta de cuidado (9%), além da corrupção e do descaso político (7%).

Essa bipolaridade se reflete também nos sentimentos despertados pela cidade. O Rio, ao mesmo tempo, gera admiração e fascinação pela sua beleza e vitalidade, provocando alegria, amor e um forte senso de pertencimento. Contudo, essa emoção positiva é confrontada por um profundo sofrimento e apreensão, impostos pela violência e pela desigualdade social, resultando em sentimentos de medo, insegurança, tristeza e revolta, que deixam a população em um estado de vulnerabilidade e impotência. É essa dinâmica de encanto e assombro que define a complexa alma carioca e molda a forma como a cidade é vivida e percebida.

Quando se projeta o olhar para o futuro, os desejos da população para o Rio em um horizonte de cinco anos são claros e contundentes. A "Segurança e o Fim da Violência" despontam como a prioridade esmagadora, sendo citadas por 65% dos entrevistados. A busca por "Limpeza, Ordem Urbana e Cuidado" (12%), seguida por "Desenvolvimento Econômico e Oportunidades" (8%), também demonstra a aspiração por uma cidade mais organizada e próspera. No entanto, o otimismo em relação à concretização desses anseios é notavelmente baixo.

A pesquisa revela um preocupante "gap" entre o Rio que o povo deseja e o Rio que o povo acredita que terá. Enquanto 65% almejam segurança e o fim da violência, 45% projetam uma piora, violência e insegurança para os próximos cinco anos, e 25% esperam estagnação. Esse abismo entre a visão ideal e a projeção realista é considerado "ENORME" na dimensão da segurança e "MUITO ALTO" na esfera socioambiental, onde a inclusão e a sustentabilidade são relegadas a segundo plano frente à percepção de desigualdade e exclusão. As demais dimensões, como ordem urbana, desenvolvimento econômico e identidade/orgulho, também apresentam um "gap ALTO".

Em síntese, o estudo consolida a percepção de que o Rio é uma cidade que, embora reconhecida e valorizada por sua beleza e alegria, precisa urgentemente "recuperar a confiança no futuro". O desafio imposto é monumental: canalizar o intrínseco orgulho pelo Rio em uma ação coletiva estruturada, capaz de enfrentar a insegurança endêmica e consolidar a cidade como um território de pertencimento, prosperidade e esperança para todos. A pesquisa, ao dar voz à população, torna-se um espelho essencial para guiar as ações necessárias a fim de transformar a realidade e aproximar o Rio real do Rio idealizado por seus cidadãos.

Resultados da "Pesquisa sobre a Identidade do Rio"

A pesquisa, que ouviu a população sobre suas percepções, desejos e projeções para o futuro do Rio de Janeiro, apresentou os seguintes resultados parciais:

Percepções Positivas Iniciais sobre o Rio (O Rio que o Povo Enxerga)

Aspecto Positivo Mencionado por (%)
Belezas Naturais e Paisagem 46%
Povo e Estilo de Vida Carioca 18%
Alegria e Astral 12%
Cultura e Potência Urbana 8%
Pertencimento e Vínculo Afetivo 6%

Percepções Negativas Iniciais sobre o Rio (O Rio que o Povo Enxerga)

Aspecto Negativo Mencionado por (%)
Medo, Insegurança, Violência e Criminalidade 76%
Abandono Urbano/Falta de Cuidado 9%
Corrupção e Descaso Político 7%
Tristeza/Raiva/Desânimo 5%
Desigualdade/Problemas Sociais 3%

O Rio Que o Povo Deseja Viver em 5 Anos

Desejo para o Rio (5 anos) %
Segurança e Fim da Violência 65%
Limpeza, Ordem Urbana e Cuidado 12%
Desenvolvimento Econômico e Oportunidades 8%
Sustentabilidade e Qualidade de Vida 6%
Mobilidade e Transporte Público 5%
Governança e Gestão Pública 3%
Identidade Positiva e Pertencimento 1%

O Rio Que o Povo Acredita Que Viverá em 5 Anos

Projeção para o Rio (5 anos) %
Piora, violência e insegurança 45%
Estagnação (igual/sem mudança) 25%
Melhorias parciais/otimismo 15%
Caos urbano/social 8%
Desenvolvimento e esperança 7%

Gap entre Desejo e Projeção (Visão Ideal vs. Realista)

Dimensão Nível do Gap
Segurança ENORME
Ordem Urbana e Limpeza ALTO
Desenvolvimento Econômico ALTO
Socioambiental MUITO ALTO
Identidade/Orgulho ALTO

 

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Por Jornal da República em 15/09/2025
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