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Um tema que por décadas foi tratado com silêncio começa a ganhar mais espaço na medicina e no debate público: a saúde sexual feminina. Conhecido popularmente como Viagra feminino, um medicamento desenvolvido para tratar a baixa libido em mulheres voltou ao centro das atenções ao ter sua indicação ampliada, trazendo novas possibilidades — e também questionamentos — sobre o tratamento do desejo sexual.
Diferentemente do medicamento usado por homens, que atua diretamente no fluxo sanguíneo para facilitar a ereção, a chamada pílula feminina age no cérebro. Seu princípio ativo interfere nos neurotransmissores ligados ao desejo, como serotonina e dopamina, buscando restabelecer o equilíbrio químico associado ao interesse sexual.
Inicialmente desenvolvido como antidepressivo, o remédio demonstrou, durante os testes, efeitos positivos em mulheres diagnosticadas com transtorno do desejo sexual hipoativo — condição caracterizada pela ausência persistente de vontade sexual acompanhada de sofrimento emocional ou impacto nos relacionamentos.
Da resistência à ampliação do uso
A trajetória do medicamento não foi simples. Estudos iniciais apontaram benefícios considerados modestos, além de efeitos colaterais que geraram resistência por parte da comunidade médica e de órgãos reguladores. Ainda assim, ele acabou sendo aprovado como a primeira opção farmacológica voltada especificamente para a libido feminina.
Mais recentemente, a ampliação da indicação para mulheres na pós-menopausa reacendeu o debate sobre a falta histórica de alternativas voltadas à saúde sexual das mulheres em diferentes fases da vida. Para especialistas, trata-se de um avanço simbólico, ainda que não represente uma solução universal.
O que o tratamento promete — e o que não promete
O medicamento não atua de forma imediata nem é indicado para uso pontual antes da relação sexual. Seu uso é contínuo, com o objetivo de promover mudanças graduais no desejo ao longo do tempo. Ele não aumenta a excitação física de forma direta, nem resolve questões relacionadas a dor, dificuldades hormonais isoladas ou problemas de relacionamento.
Médicos ressaltam que o desejo sexual feminino é multifatorial. Aspectos emocionais, psicológicos, hormonais, culturais e afetivos exercem influência direta sobre a libido. Por isso, o tratamento medicamentoso costuma ser indicado apenas após avaliação criteriosa e, muitas vezes, em conjunto com acompanhamento psicológico ou terapêutico.
Efeitos colaterais exigem atenção
Entre os efeitos adversos mais relatados estão sonolência, tontura, náusea e queda de pressão arterial. O uso associado ao consumo de álcool pode intensificar esses sintomas, o que reforça a necessidade de prescrição e acompanhamento médico rigorosos.
Avanço com limites claros
Apesar das controvérsias, a existência de um medicamento voltado à libido feminina representa um marco importante. Mais do que uma solução definitiva, ele simboliza o reconhecimento de que a saúde sexual das mulheres merece atenção científica, investimento e debate aberto — sem tabu, culpa ou simplificações.
Fonte: Veja
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