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Em uma das mudanças políticas mais marcantes da América Latina recente, Rodrigo Paz, de 58 anos, foi eleito presidente da Bolívia neste domingo (19), ao derrotar o ex-presidente Jorge Quiroga com cerca de 54% dos votos, contra aproximadamente 45%. A vitória encerra quase duas décadas de domínio do partido Movimiento al Socialismo (MAS) no comando do país.
Perfil do novo presidente
Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989–1993), Rodrigo Paz viveu parte da infância no exílio durante os regimes militares bolivianos. Entrou para a política como deputado, foi prefeito de Tarija e senador antes de disputar a presidência.
Durante a campanha, apresentou-se como um candidato de centro-direita, defendendo o que chamou de “capitalismo para todos” — um modelo que combina incentivos ao setor privado com a continuidade de programas sociais. Paz destacou ainda a necessidade de promover uma “renovação política” e formar um “governo de consensos” para enfrentar a crise econômica do país.
Um cenário de mudança
A eleição ocorreu em meio a um forte sentimento de insatisfação popular. O MAS, no poder desde 2006, enfrentava desgaste com a alta da inflação, escassez de combustíveis e queda nas reservas cambiais.
No primeiro turno, nenhum candidato obteve maioria absoluta, e Rodrigo Paz surpreendeu ao liderar a votação com mais de 30% dos votos. Seu discurso de equilíbrio e modernização conquistou eleitores tanto nas áreas urbanas quanto rurais, cansados das promessas não cumpridas dos governos anteriores.
Principais desafios e prioridades
Ao assumir, Paz enfrentará um cenário econômico delicado, com inflação alta, déficit fiscal e baixo volume de reservas internacionais. Ele prometeu evitar medidas de “ajuste severo”, optando por uma recuperação gradual, baseada no fortalecimento do setor produtivo e em parcerias com a iniciativa privada.
Entre suas principais metas estão:
Revisão de subsídios e empresas públicas: pretende reavaliar gastos e repensar o papel das estatais, sem cortes bruscos.
Programas sociais: pretende manter e aperfeiçoar políticas sociais já existentes.
Estabilidade política: como seu partido não tem maioria no Parlamento, precisará negociar alianças para aprovar reformas.
Relações internacionais: sinaliza intenção de estreitar laços com países ocidentais, buscando uma postura diplomática mais aberta e pragmática.
Desafios do novo governo
Mesmo com a vitória expressiva, Rodrigo Paz assume um país dividido e fragilizado economicamente. O novo governo terá de equilibrar expectativas de mudança com a necessidade de preservar a estabilidade política e social.
A fragmentação no Legislativo pode dificultar a aprovação de medidas estruturais, e o êxito do novo presidente dependerá da capacidade de diálogo e construção de consensos em um ambiente político polarizado.
A eleição de Rodrigo Paz marca o início de um novo ciclo político na Bolívia. Representando uma guinada para o centro-direita, seu governo chega com o desafio de reverter a crise econômica e renovar a confiança da população, sem romper totalmente com os avanços sociais conquistados nas últimas décadas. O sucesso de sua gestão dependerá de sua habilidade em equilibrar reformas econômicas e estabilidade social.
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