Brasil lidera buscas por burnout no Google, com mais de meio milhão de pesquisas em um mês

Brasil lidera buscas por burnout no Google, com mais de meio milhão de pesquisas em um mês

 

 

Estudo mostra que o aumento das pesquisas reflete maior conscientização e também o agravamento do distúrbio no país

 

O interesse pelo tema burnout cresceu entre os brasileiros. Na relação de codependência com o ambiente virtual e as redes sociais, a internet se tornou um dos espaços mais utilizados para obter informações sobre a doença. O diagnóstico, entretanto, só pode ser feito por um especialista, como, por exemplo, um psicólogo ou psiquiatra. 

 

Em razão desse contexto, o aumento no volume de pesquisas relacionadas à síndrome acende um alerta. Apesar de sugerir uma maior preocupação com a saúde emocional, fatores externos que respondem à cultura de alta performance e produtividade e até mesmo à popularização da questão também se somam às variáveis dessa alta.

 

O objetivo do levantamento realizado pela Psitto, plataforma de psicologia online, mapeia as métricas do Google Brasil durante o mês de setembro deste ano, o interesse dos brasileiros por termos relacionados ao burnout. Os resultados mostraram que o Brasil tem índices de busca superiores aos de outros países, conforme evidencia o ranking abaixo.

 

*aqui se insere o gráfico dos países que mais buscam (pode apagar essa frase)*

 

Com base no dado global de que mais de 1 bilhão de pessoas são afetadas por algum transtorno ligado à saúde mental, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o protagonismo do Brasil é provocativo. Afinal, os números são expressivos, ainda que estejam contextualizados pela campanha do Setembro Amarelo. 

 

O que brasileiros pesquisam?

 

Diante da urgência em saber quais são as dúvidas pesquisadas pelos brasileiros no Google sobre burnout, o aprofundamento do estudo da Psitto identificou a recorrência da procura por significados e testes, além de termos específicos, no Brasil. Em volume geral, se somaram 569 mil buscas no período, das quais a maioria estatística indica a falta de domínio do tema.

 

*aqui se insere o gráfico dos temas relacionados (pode apagar essa frase)*

 

As buscas pelo termo da síndrome e por complementos como “o que é” e “significado” denotam o desconhecimento de uma questão séria que impactou, pelo menos, quase meio milhão de trabalhadores em 2024. Esse dado é do Ministério da Previdência Social e foi divulgado com exclusividade pelo portal G1, o qual representa aumento de 68%, comparado a 2023. 

 

O burnout, por definição, se caracteriza por uma condição que causa sofrimento psicológico, capaz de também se manifestar fisicamente. Alguns sintomas associados, segundo o Ministério da Saúde, são pressão alta, cansaço excessivo, dificuldades de concentração, isolamento, negatividade constante e sentimentos de incompetência. 

 

Em contraposição, as 33.100 pesquisas sobre o CID indicam conhecimento da mudança recente, registrada no início de 2025, que incluiu a síndrome de burnout na Classificação Internacional de Doenças no Brasil com o CID-11. Essa atualização representa um avanço importante para a crise de saúde pública causada pelos sintomas desse transtorno. 

 

Diagnóstico e tratamento

 

Entre os índices preocupantes, estão as 3.600 procuras sobre “síndrome de burnout teste”. Apesar de a internet disponibilizar ferramentas que auxiliam na identificação de sintomas e informações sobre a doença, o diagnóstico não é feito sem o acompanhamento de um profissional especializado – no caso, psicólogo ou psiquiatra. 

 

O autodiagnóstico, assim como a automedicação orientada por chatbots ou pesquisas no Google, representam um alto risco para a saúde do indivíduo. Além disso, contribuem para que o ciclo de sofrimento se estenda mais que o necessário, agregando possível rebote de medicamentos e efeitos colaterais.  

 

No entanto, a internet pode ajudar de maneira efetiva no diagnóstico e tratamento, por meio de teleconsultas. Inclusive, o volume de pesquisas por “terapia online” em setembro de 2025 foi de 27.100. Esse dado aponta a aprovação e o interesse pela praticidade de tratar a condição, seja com um psicólogo online ou presencialmente em clínicas. 

 

Burnout digital e laboral

 

A ambivalência do ambiente virtual e das redes com a saúde mental é uma constante. E a superexposição às redes sociais e aos conteúdos produzidos pode desencadear uma crise de esgotamento emocional. Reduzir o tempo de tela e passar tempo ao ar livre são alternativas que se associam ao tratamento clínico com um profissional especializado. 

 

O burnout no trabalho, por sua vez, tem sido cada vez mais frequente no país e se tornou um problema de saúde pública. No último biênio, a quantidade de benefícios concedidos a trabalhadores afastados por incapacidade temporária, causada pelo adoecimento mental, cresceu 134% – fato que exige discussão e ação nos âmbitos político, econômico e social. 

 

Mesmo que não seja possível evitar completamente o risco de desenvolver um quadro de burnout, existem caminhos de prevenção. O Ministério da Saúde recomenda psicoterapia, exercícios físicos, lazer e tempo de qualidade com pessoas do círculo familiar ou de amizade como estratégias para equilibrar e diminuir o estresse e a pressão do trabalho. 

Por Jornal da República em 25/11/2025
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